Questõesde FGV sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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Foram encontradas 164 questões
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FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em uma outra casinha do cortiço acabava de estalar uma nova sobremesa, engrossando o barulho geral: era o jantar de um grupo de italianos mascates, onde o Delporto, o Pompeo, o Francesco e o Andrea representavam as principais figuras. Todos eles cantavam em coro, mais afinados que nas outras duas casas; quase, porém, que se lhes não podia ouvir as vozes, tantas e tão estrondosas eram as pragas que soltavam ao mesmo tempo. De quando em quando, de entre o grosso e macho vozear dos homens, esguichava um falsete feminino, tão estridente que provocava réplica aos papagaios e aos perus da vizinhança. E, daqui e dali, iam rebentando novas algazarras em grupos formados cá e lá pela estalagem. Havia nos operários e nos trabalhadores decidida disposição para pandegar, para aproveitar bem, até ao fim, aquele dia de folga. A casa de pasto fermentava revolucionada, como um estômago de bêbado depois de grande bródio, e arrotava sobre o pátio uma baforada quente e ruidosa que entontecia.

Aluísio Azevedo, O cortiço.

Para dar ideia, de maneira mais precisa, da agitação da cena descrita, o narrador se vale do uso reiterado de verbos que expressam ______________________ da ação e de adjetivos de significação ____________________.

As lacunas dessa frase podem ser corretamente preenchidas pelas palavras

A
simultaneidade; intensificada.
B
anterioridade; objetiva.
C
posterioridade; subjetiva.
D
intermitência; conotativa.
E
descontinuidade; denotativa.
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FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

       - A excelentíssima, declarou Seu Ribeiro, entende de escrituração.

      Seu Ribeiro morava aqui, trabalhava comigo, mas não gostava de mim. Creio que não gostava de ninguém. Tudo nele se voltava para o lugarejo que se transformou em cidade e que tinha, há meio século, bolandeira, terços, candeias de azeite e adivinhações em noites de São João. Com mais de setenta anos, andava a pé, de preferência pelas veredas. E só falava ao telefone constrangido. Odiava a época em que vivia, mas tirava-se de dificuldades empregando uns modos cerimoniosos e expressões que hoje não se usam. O reduzido calor que ainda guardava servia para aquecer aqueles livros grossos, de cantos e lombadas de couro. Escrevia neles com amor lançamentos complicados, e gastava quinze minutos para abrir um título, em letras grandes e curvas, um pouco trêmulas, as iniciais cheias de enfeites.

     - Entende muito, continuou. E embora eu não concorde integralmente com o método que preconiza, reconheço que poderá, querendo, encarregar-se da escrita.

        - Obrigada.

      - Não há de quê. A excelentíssima conhece a matéria e tem caligrafia. Eu sou uma ruína. Qualquer dia destes ...

                                                                                                     Graciliano Ramos, São Bernardo.


Dado que a narrativa presente no texto de São Bernardo é de tipo realista (no sentido de que tem como ponto de partida a figuração e a análise de realidades observáveis, da esfera do real), a modalidade narrativa que a ela se contrapõe mais frontalmente é a dominante em  

A
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
B
Senhora, de José de Alencar.
C
Macunaíma, de Mário de Andrade.
D
Capitães da Areia, de Jorge Amado.
E
Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.
367192aa-42
FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

                                  Geração Z desafia mercado

      Eles já nasceram plugados e não conhecem a vida off-line. São generalistas, não gostam de hierarquia e querem fazer o próprio horário. Diferentes dos profissionais das gerações X e Y, valorizam mais a qualidade de vida ao poder aquisitivo. Empresas têm grande desafio para se adaptar e reter essa mão de obra.

      Esse é o perfil dos jovens que nasceram depois de 1995 e começam a entrar agora no mercado de trabalho.


                                                                                       Destak. 22.02.2016. Adaptado. 


Considere as seguintes afirmações sobre o texto:

I Ocorre oposição de sentido entre as expressões “plugados” e “off-line” bem como entre as palavras “generalistas” e “hierarquia”.

II A ordem alfabética de que se vale o texto corresponde à ordem cronológica.

III Para caracterizar sociologicamente a geração Y, o redator se vale de um subentendido.

Está totalmente correto apenas o que se afirma em 

A
III.
B
I.
C
II.
D
II e III.
E
I e III.
d80a3870-b0
FGV 2016, FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o texto, na visão do Banco Mundial, as “tecnologias digitais”


A
não devem ser disponibilizadas para as pessoas mais pobres de forma irrestrita.
B
dependem de sua associação a fatores socioeconômicos para gerar os benefícios esperados.
C
são consideradas dispensáveis em alguns países e essenciais em outros.
D
têm contribuído pouco para integrar as famílias mais pobres à comunicação globalizada.
E
tornam-se indispensáveis quando se trata de erradicar o analfabetismo.
d804234d-b0
FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Examine esta tirinha:

O efeito de humor que se obtém na tirinha decorre, principalmente,

A
da despreocupação de Zé Lelé com a situação de risco em que se encontra seu amigo.
B
da variedade linguística empregada na fala do segundo quadrinho.
C
da incoerência que se verifica na relação entre fala e imagem.
D
da ambiguidade que pode resultar da compreensão da primeira fala.
E
da expressão de pavor da personagem representada no primeiro quadrinho.
83d99660-a7
FGV 2016, FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Tendo em vista que, na sociedade representada nas Memórias de um sargento de milícias, o catolicismo era a religião oficial, as práticas ditas de “feitiçaria”, presentes no excerto, dão testemunho de que

Texto para a questão


A
as camadas mais pobres da população eram conduzidas pelas elites corruptas a persistir em ações delituosas.
B
a assimilação do cristianismo pelos sujeitos individuais e pela sociedade era , com frequência, superficial e precária.
C
a miscigenação racial generalizada tornava impossível a efetiva compreensão dos Evangelhos.
D
não se havia ainda organizado a repressão estatal aos cultos religiosos considerados desviantes.
E
também no domínio religioso, à semelhança do que ocorria no plano econômico, a presença dos escravos impedia a modernização do Brasil.
83d2f262-a7
FGV 2016, FGV 2016 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para realizar seu propósito evidente de ironizar e até de desmerecer os ideais do amor romântico, o narrador valeu-se de vários recursos expressivos, alguns dos quais se encontram relacionados nas alternativas abaixo. A ÚNICA alternativa que registra um recurso de expressão que NÃO se prestou a essa finalidade é

Texto para a questão


A
a associação do termo “romântico” ao termo “babão”.
B
a utilização do diminutivo em “paixãozinha”.
C
o emprego da alusão, para indicar o caráter interesseiro da dama escolhida.
D
a designação da amada como “adorado objeto”.
E
a atribuição de sentido pejorativo à palavra “fidelidade”.
83ba4f9c-a7
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Examine esta tirinha:


O Estado de S.Paulo , 13/04/2016.

O efeito de humor que se obtém na tirinha decorre, principalmente,

A
da despreocupação de Zé Lelé com a situação de risco em que se encontra seu amigo.
B
da variedade linguística empregada na fala do segundo quadrinho.
C
da incoerência que se verifica na relação entre fala e imagem.
D
da ambiguidade que pode resultar da compreensão da primeira fala.
E
da expressão de pavor da personagem representada no primeiro quadrinho.
60ef0b52-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Estudiosos de Dom Casmurro, tais como Roberto Schwarz e John Gledson, identificam, na personagem Capitu, um conjunto de impulsos ou tendências modernizantes, que se contrapõe à ordem patriarcal ainda vigente no contexto social em que se passa a história. Só NÃO faz parte desse conjunto de impulsos e tendências da referida personagem

A
o desejo de construir uma família conjugal ou nuclear, diversa da família expandida do patriarcalismo.
B
a crítica aos aspectos supersticiosos ou maníacos das práticas religiosas.
C
a predileção pela formação de juízo autônomo, isto é, por pensar com a própria cabeça.
D
a adesão doutrinária e prática ao movimento abolicionista.
E
a consideração do desejo de ascensão social como legítimo e justificado.
60cd8acc-1b
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Atente para as seguintes afirmações referentes ao excerto, considerado no contexto de Capitães da Areia:

I Os termos “bondade”, “ódio” e “luta”, postos em questão no excerto, encontram-se objetivamente em relação dialética – na qual a contradição entre os dois primeiros é superada na síntese operada pelo termo “luta”, que os engloba e ultrapassa.

II Vista no conjunto da trajetória da personagem, a cena registra um momento decisivo no processo de politização de Pedro Bala.

III Para definir os perfis que as personagens Pirulito, Sem-Pernas e Pedro Bala assumem no excerto, as palavras-chave poderiam ser, respectivamente, ilusão, ressentimento e projeto.

Está correto o que se afirma em

      (...) Um dia, passado muito tempo, Pedro Bala ia com o Sem-Pernas pelas ruas. Entraram numa igreja da Piedade, gostavam de ver as coisas de ouro, mesmo era fácil bater uma bolsa de uma senhora que rezasse. Mas não havia nenhuma senhora na igreja àquela hora. Somente um grupo de meninos pobres e um capuchinho que lhes ensinava catecismo.

      — É Pirulito... — disse Sem-Pernas.

      Pedro Bala ficou olhando. Encolheu os ombros:

      — Que adianta?

      Sem-Pernas olhou:

      — Não dá de comer...

      — Um dia vai ser padre também. Tem que ser é tudo junto.

      Sem-Pernas disse:

      — A bondade não basta.

      Completou:

      — Só o ódio...

      Pirulito não os via. Com uma paciência e uma bondade extremas ensinava às crianças buliçosas as lições de catecismo. Os dois Capitães da Areia saíram balançando a cabeça. Pedro Bala botou a mão no ombro do Sem-Pernas.

      — Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta. A voz bondosa de Pirulito atravessa a igreja.

      A voz de ódio do Sem-Pernas estava junto de Pedro Bala. Mas ele não ouvia nenhuma. Ouvia era a voz de João de Adão, o doqueiro, a voz de seu pai morrendo na luta.

                                                       Jorge Amado, Capitães da Areia.

A
II e III, somente.
B
I e III, somente.
C
I e II, somente.
D
I, somente.
E
I, II e III.
60d2f49e-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Embora as atitudes assumidas por Pirulito, Sem-Pernas e Pedro Bala sejam bastante diferentes entre si, todas as três são reações a um estado de coisas cuja causa principal, tal como identificada no contexto de Capitães da Areia, é a

      (...) Um dia, passado muito tempo, Pedro Bala ia com o Sem-Pernas pelas ruas. Entraram numa igreja da Piedade, gostavam de ver as coisas de ouro, mesmo era fácil bater uma bolsa de uma senhora que rezasse. Mas não havia nenhuma senhora na igreja àquela hora. Somente um grupo de meninos pobres e um capuchinho que lhes ensinava catecismo.

      — É Pirulito... — disse Sem-Pernas.

      Pedro Bala ficou olhando. Encolheu os ombros:

      — Que adianta?

      Sem-Pernas olhou:

      — Não dá de comer...

      — Um dia vai ser padre também. Tem que ser é tudo junto.

      Sem-Pernas disse:

      — A bondade não basta.

      Completou:

      — Só o ódio...

      Pirulito não os via. Com uma paciência e uma bondade extremas ensinava às crianças buliçosas as lições de catecismo. Os dois Capitães da Areia saíram balançando a cabeça. Pedro Bala botou a mão no ombro do Sem-Pernas.

      — Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta. A voz bondosa de Pirulito atravessa a igreja.

      A voz de ódio do Sem-Pernas estava junto de Pedro Bala. Mas ele não ouvia nenhuma. Ouvia era a voz de João de Adão, o doqueiro, a voz de seu pai morrendo na luta.

                                                       Jorge Amado, Capitães da Areia.

A
corrupção generalizada.
B
sociedade de classes.
C
crise econômica.
D
perseguição religiosa.
E
violência policial.
60bb032f-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o texto, a única informação sobre Manuel Antônio de Almeida que NÃO está correta é:

                 À margem de Memórias de um sargento de milícias

      É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?

      Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.

                                     Paulo Rónai, Encontros com o Brasil. Rio de Janeiro:

                                                                                   Edições de Janeiro, 2014. 

A
Além de escritor, jornalista e tradutor, foi também, embora episodicamente, músico erudito.
B
Sua tentativa de ingressar na política acabou contribuindo para levá-lo a um final trágico.
C
No final do texto, fica implícita uma avaliação positiva do seu romance.
D
Talvez tenha vivido, quando criança, algumas peripécias que guardam semelhança com as que fazem parte da história da personagem principal de seu romance.
E
Os rendimentos que recebia em suas inúmeras atividades, provavelmente não eram compatíveis com os esforços que fez para ascender socialmente.
60ae8db3-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A frase que expressa corretamente a opinião do autor sobre os acontecimentos que marcaram o ano de 1950 é:

Para responder a questão, leia o seguinte texto, escrito poucos dias antes do início da última Copa do Mundo.

                                  A tão falada lição

      Passam os anos menos depressa do que dizem, quando dizem que o tempo corre. Passam mais depressa do que se pensa, quando se trata de vivê-los. São 64 anos. Por exemplo, entre este e 1950, ano de muitas agitações.

      Na política, pela volta de Getúlio, se não para redimir-se da ditadura encerrada cinco anos antes, porque ditadura nenhuma tem redenção, para um governo que, mesmo inconcluído, legou ao Brasil os instrumentos que permitiriam fazer o grande país que não foi feito – Petrobras, BNDE, uma infinidade de outros.

      Entre tantas agitações mais, lá estava a Copa do Mundo, a primeira depois da Segunda Guerra Mundial, no maior estádio do mundo, para fazer dos brasileiros os campeões mundiais.

      Nos 64 anos seguintes, Getúlio e seu governo desapareceram sob a dureza das versões degradantes e do getulismo mitológico. A Copa e seu final desastroso satisfizeram-se com explicação única e simples: fora do campo, os excessos da autoglorificação antecipada, com louvações e festejos movidos a políticos, artistas, jornalistas, a publicidade comercial; e, no campo, uma (inexistente) falha do goleiro das cores pátrias.

      Há 64 anos se repete essa ladainha de 50, como símbolo e como advertência. Quem quiser uma ideia melhor da explicação dada a 50, é fácil. Basta uma olhadela nos jornais e na TV, a gente da TV e outras gentes em visita à "concentração", a caçada a jogadores, convidados VIP para ver treinos, lá vai a estatueta ao palácio presidencial, os comandantes Felipão e Parreira são claros: "Nós já estamos com uma mão na taça". Igualzinho. Está nos genes.

                        Janio de Freitas, Folha de S. Paulo, 03/06/2014. Adaptado. 

A
A ditadura imposta por Getúlio Vargas não impediu que ele se reabilitasse perante o povo brasileiro.
B
Uma das causas da derrota da seleção brasileira foi o sentimento de inferioridade de seus jogadores.
C
A imprensa foi um dos poucos setores que tentou evitar o clima do “já ganhou”, que precedeu a Copa do Mundo realizada no Brasil.
D
Parte da explicação que se costuma dar para a derrota da seleção brasileira não se justifica.
E
Getúlio Vargas teve de interromper seu governo, mas deixou uma importante herança política.
60b2fb5a-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise as seguintes afirmações sobre o texto:

I Segundo o autor, tempo psicológico e tempo cronológico nem sempre coincidem.

II O contexto histórico em que se deu a Copa do Mundo de 1950 é abordado com neutralidade pelo autor.

III O autor conclui o texto por meio de uma assertiva em tom premonitório.

Está correto apenas o que se afirma em

Para responder a questão, leia o seguinte texto, escrito poucos dias antes do início da última Copa do Mundo.

                                  A tão falada lição

      Passam os anos menos depressa do que dizem, quando dizem que o tempo corre. Passam mais depressa do que se pensa, quando se trata de vivê-los. São 64 anos. Por exemplo, entre este e 1950, ano de muitas agitações.

      Na política, pela volta de Getúlio, se não para redimir-se da ditadura encerrada cinco anos antes, porque ditadura nenhuma tem redenção, para um governo que, mesmo inconcluído, legou ao Brasil os instrumentos que permitiriam fazer o grande país que não foi feito – Petrobras, BNDE, uma infinidade de outros.

      Entre tantas agitações mais, lá estava a Copa do Mundo, a primeira depois da Segunda Guerra Mundial, no maior estádio do mundo, para fazer dos brasileiros os campeões mundiais.

      Nos 64 anos seguintes, Getúlio e seu governo desapareceram sob a dureza das versões degradantes e do getulismo mitológico. A Copa e seu final desastroso satisfizeram-se com explicação única e simples: fora do campo, os excessos da autoglorificação antecipada, com louvações e festejos movidos a políticos, artistas, jornalistas, a publicidade comercial; e, no campo, uma (inexistente) falha do goleiro das cores pátrias.

      Há 64 anos se repete essa ladainha de 50, como símbolo e como advertência. Quem quiser uma ideia melhor da explicação dada a 50, é fácil. Basta uma olhadela nos jornais e na TV, a gente da TV e outras gentes em visita à "concentração", a caçada a jogadores, convidados VIP para ver treinos, lá vai a estatueta ao palácio presidencial, os comandantes Felipão e Parreira são claros: "Nós já estamos com uma mão na taça". Igualzinho. Está nos genes.

                        Janio de Freitas, Folha de S. Paulo, 03/06/2014. Adaptado. 

A
III.
B
I.
C
II.
D
II e III.
E
I e III.
60a940f3-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Examine este cartum:  

              

Tendo em vista a reação do garçom, dentre as palavras abaixo, a mais adequada para figurar como legenda do cartum é:  

A
jovialidade.
B
literalidade.
C
reciprocidade.
D
solidariedade.
E
contrariedade.
b70c2567-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Entre os recursos estilísticos de que lança mão o poeta na composição do poema, só NÃO se encontra

                Catar Feijão

1
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.


             João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.
A
a atenuação da distinção entre poesia e prosa.
B
a estrutura discursiva lógico-argumentativa.
C
o emprego de neologismos.
D
a personificação (ou prosopopeia).
E
o recurso sonoro da aliteração.
b5de13be-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considere as seguintes afirmações relativas ao poema de Cabral de Melo:

I O ideal de economia verbal, preconizado no poema, assemelha-se ao ideal estilístico do Graciliano Ramos de Vidas secas, também este sequioso de restringir-se ao essencial.

II O recurso ao “grão imastigável, de quebrar dente” e à “pedra [que] dá à frase seu grão mais vivo”, com o sentido que lhe dá Cabral de Melo, encontra-se presente no próprio poema que a reivindica.

III A ideia de se produzir uma obstrução da leitura como algo positivo participa do objetivo de se romper com os autoritarismos da percepção – desígnio frequente na literatura moderna, inclusive em autores estilisticamente muito diferentes de Cabral, como é o caso de Guimarães Rosa.

Está correto o que se afirma em

                Catar Feijão

1
Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

2
Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a como o risco.


             João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.
A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
II e III, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.
b37669ef-fe
FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

       Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
       Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos.


                                                             Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

Ao configurar as Memórias póstumas de Brás Cubas como narrativa em primeira pessoa, conforme se verifica no trecho, Machado de Assis

A
deu um passo decisivo em direção ao Realismo, adotando os procedimentos mais típicos dessa escola.
B
visa a criticar o subjetivismo romântico e os excessos sentimentalistas em que este incorrera.
C
deu a palavra ao proprietário escravista e rentista brasileiro do Oitocentos, para que ele próprio exibisse sua desfaçatez.
D
parodia as Memórias de um sargento de milícias, retomando o registro narrativo que as caracterizava.
E
confere confiabilidade aos juízos do narrador, uma vez que este conhece os acontecimentos de que participou.