Atente para as seguintes afirmações referentes ao
excerto, considerado no contexto de Capitães da Areia:
I Os termos “bondade”, “ódio” e “luta”, postos em
questão no excerto, encontram-se objetivamente em
relação dialética – na qual a contradição entre os dois
primeiros é superada na síntese operada pelo termo
“luta”, que os engloba e ultrapassa.
II Vista no conjunto da trajetória da personagem, a
cena registra um momento decisivo no processo de
politização de Pedro Bala.
III Para definir os perfis que as personagens Pirulito,
Sem-Pernas e Pedro Bala assumem no excerto, as
palavras-chave poderiam ser, respectivamente,
ilusão, ressentimento e projeto.
Está correto o que se afirma em
Atente para as seguintes afirmações referentes ao excerto, considerado no contexto de Capitães da Areia:
I Os termos “bondade”, “ódio” e “luta”, postos em questão no excerto, encontram-se objetivamente em relação dialética – na qual a contradição entre os dois primeiros é superada na síntese operada pelo termo “luta”, que os engloba e ultrapassa.
II Vista no conjunto da trajetória da personagem, a cena registra um momento decisivo no processo de politização de Pedro Bala.
III Para definir os perfis que as personagens Pirulito, Sem-Pernas e Pedro Bala assumem no excerto, as palavras-chave poderiam ser, respectivamente, ilusão, ressentimento e projeto.
Está correto o que se afirma em
(...) Um dia, passado muito tempo, Pedro Bala ia com o
Sem-Pernas pelas ruas. Entraram numa igreja da Piedade,
gostavam de ver as coisas de ouro, mesmo era fácil bater uma
bolsa de uma senhora que rezasse. Mas não havia nenhuma
senhora na igreja àquela hora. Somente um grupo de meninos
pobres e um capuchinho que lhes ensinava catecismo.
— É Pirulito... — disse Sem-Pernas.
Pedro Bala ficou olhando. Encolheu os ombros:
— Que adianta?
Sem-Pernas olhou:
— Não dá de comer...
— Um dia vai ser padre também. Tem que ser é tudo junto.
Sem-Pernas disse:
— A bondade não basta.
Completou:
— Só o ódio...
Pirulito não os via. Com uma paciência e uma bondade
extremas ensinava às crianças buliçosas as lições de catecismo.
Os dois Capitães da Areia saíram balançando a cabeça. Pedro
Bala botou a mão no ombro do Sem-Pernas.
— Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta.
A voz bondosa de Pirulito atravessa a igreja.
A voz de ódio
do Sem-Pernas estava junto de Pedro Bala. Mas ele não ouvia
nenhuma. Ouvia era a voz de João de Adão, o doqueiro, a voz
de seu pai morrendo na luta.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
(...) Um dia, passado muito tempo, Pedro Bala ia com o Sem-Pernas pelas ruas. Entraram numa igreja da Piedade, gostavam de ver as coisas de ouro, mesmo era fácil bater uma bolsa de uma senhora que rezasse. Mas não havia nenhuma senhora na igreja àquela hora. Somente um grupo de meninos pobres e um capuchinho que lhes ensinava catecismo.
— É Pirulito... — disse Sem-Pernas.
Pedro Bala ficou olhando. Encolheu os ombros:
— Que adianta?
Sem-Pernas olhou:
— Não dá de comer...
— Um dia vai ser padre também. Tem que ser é tudo junto.
Sem-Pernas disse:
— A bondade não basta.
Completou:
— Só o ódio...
Pirulito não os via. Com uma paciência e uma bondade extremas ensinava às crianças buliçosas as lições de catecismo. Os dois Capitães da Areia saíram balançando a cabeça. Pedro Bala botou a mão no ombro do Sem-Pernas.
— Nem o ódio, nem a bondade. Só a luta. A voz bondosa de Pirulito atravessa a igreja.
A voz de ódio do Sem-Pernas estava junto de Pedro Bala. Mas ele não ouvia nenhuma. Ouvia era a voz de João de Adão, o doqueiro, a voz de seu pai morrendo na luta.
Jorge Amado, Capitães da Areia.