Questõesde FGV sobre Morfologia - Pronomes

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Foram encontradas 18 questões
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FGV 2020 - Português - Artigos, Preposições, Morfologia, Morfologia - Pronomes

"entre a Idade Média e o século XX" (1º parágrafo)
"Ariès forja a expressão 'sentimento da infância'" (1º parágrafo)
"sem características que a diferenciassem" (2º parágrafo)

As três ocorrências do vocábulo "a" sublinhadas correspondem, respectivamente, a:

Leia o texto de Teresinha Costa para responder à questão.

     Em História social da criança e da família, Philippe Ariès faz um estudo na Europa, no período compreendido entre a Idade Média e o século XX, para demonstrar como a definição de criança se modificou no decorrer do tempo de acordo com parâmetros ideológicos. Pela análise de pinturas, diários, esculturas e vitrais produzidos na Europa no período anterior aos ideais da Revolução Francesa, Ariès forja a expressão "sentimento da infância" para designar "a consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto". Esse sentimento vai aparecer a partir apenas do século XVII.
Na Idade Média, a criança era vista como um pequeno adulto, sem características que a diferenciassem, e desconsiderada como alguém merecedor de cuidados especiais. Isso não significava que as crianças fossem até então desprezadas ou negligenciadas, mas sim que não se tinha consciência de uma série de particularidades intelectuais, comportamentais e emocionais que passaram, então, a ser consideradas como inerentes ou até mesmo naturais às crianças. Ariès comenta, inclusive, que os pintores ocidentais reproduziam crianças vestidas como pequenos adultos, e que somente percebemos se tratar de uma criança devido ao seu tamanho reduzido. Nas sociedades agrárias, a infância era um período rapidamente superado e, tão logo a criança adquiria alguma independência, passava a participar da vida dos adultos e de seus trabalhos, jogos e festas.

(Psicanálise com crianças, 2010.)
A
artigo, artigo e pronome.
B
artigo, artigo e preposição.
C
pronome, preposição e pronome.
D
preposição, artigo e preposição.
E
preposição, preposição e artigo.
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FGV 2020 - Português - Pronomes pessoais oblíquos, Morfologia - Pronomes

Quando um sujeito pratica uma ação sobre si mesmo, dizemos que essa ação tem caráter reflexivo.

Assinale a alternativa em que o pronome sublinhado atribui caráter reflexivo a uma ação.

Leia a fábula "O gato e a barata", de Millôr Fernandes, para responder à questão.

     A baratinha velha subiu pelo pé do copo que, ainda com um pouco de vinho, tinha sido largado a um canto da cozinha, desceu pela parte de dentro e começou a lambiscar o vinho. Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu logo a este. Bêbada, a baratinha caiu dentro do copo. Debateu-se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta, debateu-se mais, bebeu mais, tonteou mais e já quase morria quando deparou com o carão do gato doméstico que sorria de sua aflição, do alto do copo.
     – Gatinho, meu gatinho –, pediu ela – me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair daqui eu deixo você me engolir inteirinha, como você gosta. Me salva.
     – Você deixa mesmo eu engolir você? – disse o gato.
     – Me saaaalva! – implorou a baratinha. – Eu prometo. 
    O gato então virou o copo com uma pata, o líquido escorreu e com ele a baratinha que, assim que se viu no chão, saiu correndo para o buraco mais perto, onde caiu na gargalhada. 
     – Que é isso? – perguntou o gato. – Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse que deixaria eu comer você inteira.
     – Ah, ah, ah – riu então a barata, sem poder se conter. – E você é tão imbecil a ponto de acreditar na promessa de uma barata velha e bêbada?
    Moral: Às vezes a autodepreciação nos livra do pelotão.

(Diana Luz Pessoa de Barros. Teoria semiótica do texto, 2005.)
A
"Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu logo a este".
B
"Debateu-se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta".
C
"Me salva que assim que eu sair daqui eu deixo você me engolir inteirinha".
D
"eu deixo você me engolir inteirinha, como você gosta".
E
"Às vezes a autodepreciação nos livra do pelotão".
3ea4d08e-fc
FGV 2020 - Português - Pronomes possessivos, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Morfologia - Pronomes

Se, no texto, em lugar de “vosso”, fosse usado o pronome “teu” ou “seu”, a concordância nos quatro primeiros versos estaria correta apenas em:

Texto para a pergunta

UMA MULHER, DA PORTA DE ONDE SAIU O HOMEM,

ANUNCIA-LHE O QUE SE VERÁ


– Compadre José, compadre,

que na relva estais deitado:

conversais e não sabeis

que vosso filho é chegado?

Estais aí conversando

em vossa prosa entretida:

não sabeis que vosso filho

saltou para dentro da vida?

Saltou para dentro da vida

ao dar o primeiro grito;

e estais aí conversando;

pois sabei que ele é nascido.

João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina.


A
“Compadre José, compadre, / que na relva está deitado: converse e não sabe / que teu filho é chegado?”
B
Compadre José, compadre, / que na relva estás deitado: conversa e não sabes / que seu filho é chegado?”
C
Compadre José, compadre, / que na relva estais deitado: converse e não saiba / que seu filho é chegado?”
D
Compadre José, compadre, / que na relva está deitado: conversas e não saibas / que teu filho é chegado?”
E
“Compadre José, compadre, / que na relva estás deitado: conversas e não sabes / que teu filho é chegado?”
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FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Dentre os pronomes sublinhados nos seguintes trechos do texto, o único que substitui uma frase e não apenas uma palavra anterior é:

Texto para a pergunta 

    Entretanto, a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se anulou, mas, ao fim, só nela sabia viver, em razão de sua total desafricanização.

    A primeira tarefa cultural do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português que ouvia nos berros do capataz. Teve de fazê-lo para comunicarse com seus companheiros de desterro, oriundos de diferentes povos. Fazendoo, se reumanizou, começando a sair da condição de bem semovente, mero animal ou força energética para o trabalho. Conseguindo miraculosamente dominar a nova língua, não só a refez, emprestando singularidade ao português do Brasil, mas também possibilitou sua difusão por todo o território, uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios, o tupi-guarani.


Darcy Ribeiro, O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Adaptado

A
que ouvia nos berros do capataz”.
B
“foi a de aprender a falar o português”.
C
“só nela sabia viver”.
D
“Ajudou a construí-la”.
E
"Teve de fazê-lo para comunicar-se”.
13d629f1-de
FGV 2014, FGV 2014 - Português - Interpretação de Textos, Substantivos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Pronomes pessoais oblíquos, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Considere as seguintes afirmações sobre diferentes elementos do texto:


I O verbo “rimarei”, empregado duas vezes no início do texto, pode ser entendido em seu sentido literal nas duas ocorrências.

II No verso “nem deslizar de lancha entre camélias” (2ª. estrofe), a palavra “deslizar” deve ser lida como substantivo e não como verbo.

III O pronome que ocorre na frase “se ainda as há” (3ª. estrofe), embora esteja no plural, relaciona-se, quanto ao sentido, com uma palavra no singular.


Está correto apenas o que se afirma em

Texto para a questão


Consideração do poema



Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo.

A
I.
B
II.
C
III.
D
I e II,
E
II e III.
1db7eaa2-de
FGV 2013 - Português - Pronomes demonstrativos, Regência, Colocação Pronominal, Problemas da língua culta, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Morfologia - Pronomes

Do ponto de vista das normas da língua escrita padrão, está correta apenas a proposta de substituição feita, entre colchetes, em

Texto para a questão



CHEGANDO AO RECIFE, O RETIRANTE SENTA-SE PARA DESCANSAR AO PÉ DE UM MURO ALTO E CAIADO E OUVE, SEM SER NOTADO, A CONVERSA DE DOIS COVEIROS

— O dia hoje está difícil;

não sei onde vamos parar.

Deviam dar um aumento,

ao menos aos deste setor de cá.

As avenidas do centro são melhores,

mas são para os protegidos:

há sempre menos trabalho

e gorjetas pelo serviço;

e é mais numeroso o pessoal

(toma mais tempo enterrar os ricos).

— pois eu me daria por contente

se me mandassem para cá.

Se trabalhasses no de Casa Amarela

não estarias a reclamar.

De trabalhar no de Santo Amaro

deve alegrar-se o colega

porque parece que a gente

que se enterra no de Casa Amarela

está decidida a mudar-se

toda para debaixo da terra.


João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina. 

A
“não sei onde [ou “aonde”] vamos parar”.
B
“Deviam dar um aumento / ao menos aos deste [ou “desse”] setor de cá”.
C
“Há [ou “existem”] sempre menos trabalho / e gorjetas pelo serviço”.
D
“— pois eu me daria [ou “daria-me”] por contente”.
E
“que se enterra [ou “enterra-se] no de Casa Amarela”.
1da0a34f-de
FGV 2013 - Português - Interpretação de Textos, Colocação Pronominal, Problemas da língua culta, Coesão e coerência, Pontuação, Redação - Reescritura de texto, Uso da Vírgula, Morfologia - Pronomes

Propõem-se, nas alternativas abaixo, reformulações para diferentes frases do texto. A única correta, do ponto de vista da norma-padrão, é:

Texto para a questão 


Capítulo um


        Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.

         Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria o meu nome na capa.

São Bernardo, Graciliano Ramos. 

A
“Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho”: Imaginei construir este livro pela divisão do trabalho, antes de iniciar-lhe.
B
“e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais”: e quase todos de boa vontade, aceitaram em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais.
C
“Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas”: Ao Padre Silvestre caberia as citações latinas e a parte moral.
D
“introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária”: por mim, seria introduzido na história, rudimentos de agricultura e pecuária.
E
“e poria o meu nome na capa”: e meu nome, pô-lo-ia na capa.
4c5c7192-d7
FGV 2013 - Português - Pronomes demonstrativos, Regência, Colocação Pronominal, Problemas da língua culta, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Morfologia - Pronomes

Do ponto de vista das normas da língua escrita padrão, está correta apenas a proposta de substituição feita, entre colchetes, em

CHEGANDO AO RECIFE, O RETIRANTE SENTA-SE PARA DESCANSAR AO PÉ DE UM MURO ALTO E CAIADO E OUVE, SEM SER NOTADO, A CONVERSA DE DOIS COVEIROS 


— O dia hoje está difícil; 
não sei onde vamos parar. 
Deviam dar um aumento, 
ao menos aos deste setor de cá. 
As avenidas do centro são melhores, 
mas são para os protegidos: 
há sempre menos trabalho 
e gorjetas pelo serviço; 
e é mais numeroso o pessoal 
(toma mais tempo enterrar os ricos). 
— pois eu me daria por contente 
se me mandassem para cá. 
 Se trabalhasses no de Casa Amarela 
não estarias a reclamar. 
De trabalhar no de Santo Amaro 
deve alegrar-se o colega 
porque parece que a gente 
que se enterra no de Casa Amarela 
está decidida a mudar-se 
toda para debaixo da terra. 

João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina. 

A
“não sei onde [ou “aonde”] vamos parar”.
B
“Deviam dar um aumento / ao menos aos deste [ou “desse”] setor de cá”.
C
“Há [ou “existem”] sempre menos trabalho / e gorjetas pelo serviço”.
D
“— pois eu me daria [ou “daria-me”] por contente”.
E
“que se enterra [ou “enterra-se] no de Casa Amarela”.
1d7c82be-b0
FGV 2015 - Português - Pronomes Indefinidos, Morfologia - Pronomes

Acerca dos seguintes pronomes presentes nos dois primeiros parágrafos do texto, a única afirmação correta é:

A tão falada lição
    Passam os anos menos depressa do que dizem, quando dizem que o tempo corre. Passam mais depressa do que se pensa, quando se trata de vivê-los. São 64 anos. Por exemplo, entre este e 1950, ano de muitas agitações.
    Na política, pela volta de Getúlio, se não para redimir-se da ditadura encerrada cinco anos antes, porque ditadura nenhuma tem redenção, para um governo que, mesmo inconcluído, legou ao Brasil os instrumentos que permitiriam fazer o grande país que não foi feito – Petrobras, BNDE, uma infinidade de outros.
    Entre tantas agitações mais, lá estava a Copa do Mundo, a primeira depois da Segunda Guerra Mundial, no maior estádio do mundo, para fazer dos brasileiros os campeões mundiais.
    Nos 64 anos seguintes, Getúlio e seu governo desapareceram sob a dureza das versões degradantes e do getulismo mitológico. A Copa e seu final desastroso satisfizeram-se com explicação única e simples: fora do campo, os excessos da autoglorificação antecipada, com louvações e festejos movidos a políticos, artistas, jornalistas, a publicidade comercial; e, no campo, uma (inexistente) falha do goleiro das cores pátrias. 
   
    Há 64 anos se repete essa ladainha de 50, como símbolo e como advertência. Quem quiser uma ideia melhor da explicação dada a 50, é fácil. Basta uma olhadela nos jornais e na TV, a gente da TV e outras gentes em visita à "concentração", a caçada a jogadores, convidados VIP para ver treinos, lá vai a estatueta ao palácio presidencial, os comandantes Felipão e Parreira são claros: "Nós já estamos com uma mão na taça". Igualzinho. Está nos genes.
Janio de Freitas, Folha de S. Paulo, 03/06/2014. Adaptado. 
A
Os trechos “do que se pensa” e “quando se trata” poderiam ser reescritos como “do que pensa-se” e “quando trata-se”, sem prejuízo para a correção gramatical.
B
“vivê-los” deveria ser substituído por “vivê-lo”, uma vez que o pronome se refere à palavra “tempo”.
C
No trecho “entre este e 1950”, o mais adequado seria usar “esse” em lugar de “este”, tendo em vista que, aí, ocorre ideia de presente.
D
Em “porque ditadura nenhuma”, a palavra sublinhada poderia ser substituída por “alguma”, sem prejuízo para o sentido.
E
No trecho “uma infinidade de outros”, o pronome sublinhado refere-se a uma expressão subentendida, no caso, “órgãos do governo”.
29ea373b-1c
FGV 2016 - Português - Pronomes pessoais oblíquos, Morfologia - Pronomes

A única frase em que o emprego do pronome “lhe” está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa é:

A
O réu entrou no tribunal, ciente de que o júri não lhe condenaria.
B
O jogador estava convicto de que os torcedores iriam absolver-lhe.
C
Os netos, ao saírem, gritaram: nós lhe amamos, vovó.
D
O atleta supôs que aquele treinamento poderia prejudicar-lhe.
E
O freguês foi logo dizendo ao vendedor: no momento, não posso pagar-lhe.
367eb65f-42
FGV 2016 - Português - Pronomes relativos, Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe, Morfologia - Pronomes

       Por que o senhor não escreve coisas poéticas, soltas, gostosas? As crônicas, antigamente, nos deixavam mais leves, de bem com a vida e o mundo. Agora, tudo o que a gente lê nos leva para baixo. Está difícil de suportar. Escrevo na manhã de um domingo. Sete horas. Aquele sol que nos tem castigado, começava a dar sinais de ardência profunda. Olhei pela porta de vidro do terraço e descobri, maravilhado e feliz, que a pitangueira plantada em vaso, que chegou há dois anos, estava repleta de frutos vermelhos, reluzentes, envernizados. Os primeiros. Fiquei admirado. Os pássaros não tinham descoberto? Aquelas frutinhas tinham se salvado? Chupei uma, duas três, queria todas, mas precisava guardar para a família, afinal, eram as primeiras. Pitanga, coisa de infância, do interior. Uma das frutas mais sofisticadas do Brasil, a meu ver. Antigamente, quando viajávamos pela Varig, ao sair do Recife, recebíamos um copo de suco fresco de pitanga, perfumado. Dia desses, Maria Eduarda, amiga pernambucana, me disse: “Você está chegando aqui, sabemos que gosta de vinhos. Que vinho prefere?”. E eu: “Nenhum! Quero suco de pitanga”. Maria Eduarda: “Pois vai tomar das pitangas do pomar de meu pai, Cornélio”. Foi uma celebração!

      Esta é a pitada de poesia que encontrei neste momento. Mas ficaram em minha mente essas perguntas cotidianas que todos estão fazendo. Ouço no dia a dia, pela manhã ao comprar o pão e o leite, no supermercado, no bar, numa escola, na livraria, ao entrar no cinema. Ouvi agora, ao percorrer cinco cidades do litoral (...). Jovens e mais velhos, acreditando que o escritor tem as respostas, me olhavam: “O senhor acha que a gente sai dessa?”. Só consegui dizer: “Não sei e acho que ninguém sabe”.

                                                     Ignácio de Loyola Brandão, O Estado de S. Paulo, 02/10/2015. 



Na frase “Aquele sol que nos tem castigado”, o pronome “que” exerce função de sujeito, da mesma forma que em: 

A
“Agora, tudo o que a gente lê”
B
“descobri (...) que a pitangueira plantada em vaso”.
C
que chegou há dois anos”.
D
“sabemos que gosta de vinhos”.
E
Que vinho prefere?”.
35a1fa47-c0
FGV 2016 - Português - Morfologia - Pronomes

Na frase “Aquele sol que nos tem castigado”, o pronome “que” exerce função de sujeito, da mesma forma que em:

  Por que o senhor não escreve coisas poéticas, soltas, gostosas? As crônicas, antigamente, nos deixavam mais leves, de bem com a vida e o mundo. Agora, tudo o que a gente lê nos leva para baixo. Está difícil de suportar. Escrevo na manhã de um domingo. Sete horas. Aquele sol que nos tem castigado, começava a dar sinais de ardência profunda. Olhei pela porta de vidro do terraço e descobri, maravilhado e feliz, que a pitangueira plantada em vaso, que chegou há dois anos, estava repleta de frutos vermelhos, reluzentes, envernizados. Os primeiros. Fiquei admirado. Os pássaros não tinham descoberto? Aquelas frutinhas tinham se salvado? Chupei uma, duas três, queria todas, mas precisava guardar para a família, afinal, eram as primeiras. Pitanga, coisa de infância, do interior. Uma das frutas mais sofisticadas do Brasil, a meu ver. Antigamente, quando viajávamos pela Varig, ao sair do Recife, recebíamos um copo de suco fresco de pitanga, perfumado. Dia desses, Maria Eduarda, amiga pernambucana, me disse: “Você está chegando aqui, sabemos que gosta de vinhos. Que vinho prefere?”. E eu: “Nenhum! Quero suco de pitanga”. Maria Eduarda: “Pois vai tomar das pitangas do pomar de meu pai, Cornélio”. Foi uma celebração! 

  Esta é a pitada de poesia que encontrei neste momento. Mas ficaram em minha mente essas perguntas cotidianas que todos estão fazendo. Ouço no dia a dia, pela manhã ao comprar o pão e o leite, no supermercado, no bar, numa escola, na livraria, ao entrar no cinema. Ouvi agora, ao percorrer cinco cidades do litoral (...). Jovens e mais velhos, acreditando que o escritor tem as respostas, me olhavam: “O senhor acha que a gente sai dessa?”. Só consegui dizer: “Não sei e acho que ninguém sabe”. 

Ignácio de Loyola Brandão, O Estado de S. Paulo, 02/10/2015. 

A
“Agora, tudo o que a gente lê”.
B

“descobri (...) que a pitangueira plantada em vaso”.

C
que chegou há dois anos”.
D
“sabemos que gosta de vinhos”
E
Que vinho prefere?”.
d80717b2-b0
FGV 2016, FGV 2016 - Português - Morfologia - Pronomes

A única frase em que o pronome “o” está corretamente empregado é:

A
O garoto aguardava uma proposta que o permitisse ficar em casa se divertindo.
B
Antes da viagem, o grupo fez uma oração pedindo que nada de mal o acontecesse.
C
Depois de assistir a algumas competições de surfe, o garoto aderiu-o definitivamente.
D
O técnico não tolerará que os jogadores o respondam quando forem advertidos.
E
O motorista está convicto de que os próprios passageiros o implicaram no acidente.
60c8d676-1b
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes relativos, Funções morfossintáticas da palavra QUE, Preposições, Redação - Reescritura de texto, Morfologia, Morfologia - Pronomes

Das seguintes propostas de substituição para o trecho sublinhado em “os poucos de que dispomos”, a única que requer o uso de preposição antes do pronome “que”, tal como ocorre no referido trecho, é:  

                 À margem de Memórias de um sargento de milícias

      É difícil associar à impressão deixada por essa obra divertida e leve a ideia de um destino trágico. Foi, entretanto, o que coube a Manuel Antônio de Almeida, nascido em 1831 e morto em 1861. A simples justaposição dessas duas datas é bastante reveladora: mais alguns dados, os poucos de que dispomos, apenas servem para carregar nas cores, para tornar a atmosfera do quadro mais deprimente. Que é que cabe num prazo tão curto?

      Uma vida toda em movimento, uma série tumultuosa de lutas, malogros e reerguimentos, as reações de uma vontade forte contra os golpes da fatalidade, os heroicos esforços de ascensão de um self-made man esmagado pelas circunstâncias. Ignoramos quase totalmente seus começos de menino pobre, mas talvez seja possível reconstruí-los em parte pelas cenas tão vivas em que apresenta o garoto Leonardo lançado de chofre nas ruas pitorescas da indolente cidadezinha que era o Rio daquela época. Basta enumerar todas as profissões que o escritor exerceu em seguida para adivinhar o ambiente. Estudante na Escola de Belas-Artes e na Faculdade de Medicina, jornalista e tradutor, membro fundador da Sociedade das Belas-Artes, administrador da Tipografia Nacional, diretor da Academia Imperial da Ópera Nacional, Manuel Antônio provavelmente não se teria candidatado ainda a uma cadeira da Assembleia Provincial se suas ocupações sucessivas lhe garantissem uma renda proporcional ao brilho de seus títulos. Achava-se justamente a caminho da “sua” circunscrição, quando, depois de tantos naufrágios no sentido figurado, pereceu num naufrágio concreto, deixando saudades a um reduzido círculo de amigos, um medíocre libreto de ópera e algumas traduções, do francês, de romances de cordel, aos pesquisadores de curiosidade, e as Memórias de um sargento de milícias ao seu país.

                                     Paulo Rónai, Encontros com o Brasil. Rio de Janeiro:

                                                                                   Edições de Janeiro, 2014. 

A
que podemos nos valer.
B
que resgatamos.
C
que sobrevivem.
D
que nos restam.
E
que podemos consultar.
60b72473-1b
FGV 2015 - Português - Pronomes Indefinidos, Morfologia - Pronomes

Acerca dos seguintes pronomes presentes nos dois primeiros parágrafos do texto, a única afirmação correta é:

Para responder a questão, leia o seguinte texto, escrito poucos dias antes do início da última Copa do Mundo.

                                  A tão falada lição

      Passam os anos menos depressa do que dizem, quando dizem que o tempo corre. Passam mais depressa do que se pensa, quando se trata de vivê-los. São 64 anos. Por exemplo, entre este e 1950, ano de muitas agitações.

      Na política, pela volta de Getúlio, se não para redimir-se da ditadura encerrada cinco anos antes, porque ditadura nenhuma tem redenção, para um governo que, mesmo inconcluído, legou ao Brasil os instrumentos que permitiriam fazer o grande país que não foi feito – Petrobras, BNDE, uma infinidade de outros.

      Entre tantas agitações mais, lá estava a Copa do Mundo, a primeira depois da Segunda Guerra Mundial, no maior estádio do mundo, para fazer dos brasileiros os campeões mundiais.

      Nos 64 anos seguintes, Getúlio e seu governo desapareceram sob a dureza das versões degradantes e do getulismo mitológico. A Copa e seu final desastroso satisfizeram-se com explicação única e simples: fora do campo, os excessos da autoglorificação antecipada, com louvações e festejos movidos a políticos, artistas, jornalistas, a publicidade comercial; e, no campo, uma (inexistente) falha do goleiro das cores pátrias.

      Há 64 anos se repete essa ladainha de 50, como símbolo e como advertência. Quem quiser uma ideia melhor da explicação dada a 50, é fácil. Basta uma olhadela nos jornais e na TV, a gente da TV e outras gentes em visita à "concentração", a caçada a jogadores, convidados VIP para ver treinos, lá vai a estatueta ao palácio presidencial, os comandantes Felipão e Parreira são claros: "Nós já estamos com uma mão na taça". Igualzinho. Está nos genes.

                        Janio de Freitas, Folha de S. Paulo, 03/06/2014. Adaptado. 

A
Os trechos “do que se pensa” e “quando se trata” poderiam ser reescritos como “do que pensa-se” e “quando trata-se”, sem prejuízo para a correção gramatical.
B
“vivê-los” deveria ser substituído por “vivê-lo”, uma vez que o pronome se refere à palavra “tempo”.
C
No trecho “entre este e 1950”, o mais adequado seria usar “esse” em lugar de “este”, tendo em vista que, aí, ocorre ideia de presente.
D
Em “porque ditadura nenhuma”, a palavra sublinhada poderia ser substituída por “alguma”, sem prejuízo para o sentido.
E
No trecho “uma infinidade de outros”, o pronome sublinhado refere-se a uma expressão subentendida, no caso, “órgãos do governo”.
76c42778-ad
FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Colocação Pronominal, Redação - Reescritura de texto, Morfologia - Pronomes

Assinale a alternativa em que a passagem está reescrita, de acordo os sentidos do original e com a norma-padrão de emprego e colocação de pronomes.

                   
          O velho Lima

      O velho Lima, que era empregado – empregado antigo – numa das nossas repartições públicas, e morava no Engenho de Dentro, caiu de cama, seriamente enfermo, no dia 14 de novembro de 1889, isto é, na véspera da Proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil.
      O doente não considerou a moléstia coisa de cuidado, e tanto assim foi que não quis médico. Entretanto, o velho Lima esteve de molho oito dias.
      O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como em casa nada lhe dissessem (porque nada sabiam), ele ignorava completamente que o Império se transformara em República.
      No dia 23, restabelecido e pronto para outra, comprou um bilhete, segundo o seu costume, e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas palavras:
      – Bom dia, cidadão.
      O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito ilustre, e não deu maior importância ao cumprimento, limitando-se a responder:
      – Bom dia, comendador.
      – Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais comendadores!
      – Ora essa! Então por quê?
      – A República deu cabo de todas as comendas! Acabaram-se!
      O velho Lima encarou o comendador e calou-se, receoso de não ter compreendido a pilhéria.
      Ao entrar na sua seção, o velho Lima sentou-se e viu que tinham tirado da parede uma velha litografia representando D. Pedro de Alcântara. Como na ocasião passasse um contínuo, perguntou-lhe:
      – Por que tiraram da parede o retrato de Sua Majestade?
      O contínuo respondeu num tom lentamente desdenhoso:
      – Ora, cidadão, que fazia ali a figura do Pedro Banana?
      – Pedro Banana! – repetiu raivoso o velho Lima.
      – Não dou três anos para que isso seja República!

                                                  (Arthur Azevedo. Seleção de contos, 2014)

A

O nosso homem tinha o hábito de não ler jornais e, como em casa nada lhe dissessem... (3° parágrafo)

= O nosso homem desconhecia o hábito de não ler jornais e, como em casa nada falou-se a ele...

B

... ele ignorava completamente que o Império se transformara em República. (3° parágrafo)

= ... ele ignorava completamente que o Império tinha transformado-se em República.

C

... e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que o recebeu com estas palavras... (4° parágrafo)

= ... e tomou lugar no trem, ao lado do comendador Vidal, que acolheu-lhe com estas palavras...

D

O velho Lima estranhou o cidadão, mas de si para si pensou que o comendador dissera aquilo como poderia ter dito ilustre... (6° parágrafo)

= Espantou-se o velho Lima com o cidadão, mas pensou com seus botões que lhe dissera aquilo o comendador como poderia ter dito ilustre...

E

– Qual comendador! Chama-me Vidal! Já não há mais comendadores! (8°parágrafo)

= – Qual comendador! Me chama de Vidal! Agora não tem-se mais comendadores!

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FGV 2014 - Português - Colocação Pronominal, Problemas da língua culta, Morfologia - Pronomes

A colocação do pronome está adequada à situação comunicativa da narrativa literária, mas está em desacordo com a norma-padrão, na seguinte passagem do texto:

    Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vinha numa burra velha, de chapéu de palha muito alvo, com a fita verde- amarela na lapela do paletó. O mestre José Amaro estava sentado na tenda, sem trabalhar. E quando viu o compadre alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o compadre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-vergonha, o vagabundo que tanto lhe desagradava. Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. Não era amigo de Quinca Napoleão, achava que aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês.

– Meu compadre, uma mulher como a D. Inês é para ser respeitada.

– E o capitão desrespeitou a velha, compadre?

– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu. José Medeiros, que é homem, borrou-se todo quando lhe entrou um cangaceiro no estabelecimento. Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado. Este cachorro anda agora com o fogo da força da polícia fazendo o diabo com o povo.

(José Lins do Rego, Fogo Morto)

A
E quando viu o compadre alegrou-se.
B
Agora as visitas de Vitorino faziam-lhe bem.
C
... Vitorino não lhe era mais o homem infeliz, o pobre bobo...
D
... para ver se D. Inês lhe dava a chave do cofre.
E
Me disseram que o safado chorava como bezerro desmamado.
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FGV 2014 - Português - Pronomes demonstrativos, Morfologia - Pronomes

Determinado pronome demonstrativo, “quando, no singular masculino, equivale a isto, isso, aquilo...”.

(Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo)


Redundâncias

Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida

Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos

E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
(Ferreira Gullar, Muitas vozes)
A
é coisa dos vivos
B
de tudo o que é vida
C
E ninguém vive a morte
D
quer morto quer vivo
E
mera noção que existe