Leia o texto para responder a questão.
O apagamento da mulher na história e/ou a
diminuição do seu papel eram tidos como “naturais”
e só, e passaram a ser percebidos como problema há
pouco tempo. Uma situação da qual nos damos conta
aos poucos, percebendo que, nos relatos oficiais,
nós, as mulheres, sumimos e, quando mencionadas,
aparecemos apenas em papéis coadjuvantes –
amantes, esposas, mães, enfim, como um detalhe
pitoresco e de menor relevância da narrativa.
[...]
Mesmo em relação à Revolução Francesa, detalhada,
descrita e narrada ad nauseam nos últimos duzentos
anos, raramente se menciona a existência de Olympe
de Gouges, que em 1791 escreveu a Declaração
dos Direitos da Mulher e da Cidadã, além de peças
teatrais que explicavam os princípios da Revolução
Francesa à enorme massa de analfabetos, nem
Sophie de Condorcet e tantas outras.
Desse jeito ficamos sem acesso a uma parte
importante da nossa memória, das origens que nos constituíram enquanto sociedade, porque pouco
ou nada conhecemos sobre figuras como Dandara
dos Palmares, Luísa Mahin, Mariana Crioula, Myrthes
Campos, Alzira Soriano, Nísia da Silveira. Ou então são
desqualificadas como figuras tristes, loucas ou más.
Essa desqualificação, aliás, é uma constante.
Um país que nasceu de um decreto assinado por uma
mulher, onde a escravidão foi extinta por lei assinada
também por uma mulher, a primeira escola pública
gratuita foi instituída por uma mulher, a primeira
greve geral foi iniciada por mulheres, operárias da
indústria têxtil de São Paulo, não tem como contar
sua história por inteiro excluindo as mulheres da
narrativa e dos registros oficiais.
<https://tinyurl.com/y4jkkkou> Acesso em: 31.05.2019. Adaptado.