Questõesde FAMERP sobre Interpretação de Textos

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Foram encontradas 47 questões
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No poema, está presente a seguinte característica do heterônimo Ricardo Reis:

Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, para responder à questão.

As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres¹ amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.

(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)

¹volucre: que tem vida curta. 
A
elogio da noite e das facetas noturnas do ser humano.
B
valorização de relações interpessoais que criticam as normas da sociedade.
C
tematização das relações amorosas em uma abordagem ultrarromântica.
D
entendimento da vida como algo que ultrapassa a morte física.
E
alusões positivas ao mundo clássico.
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FAMERP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A imagem da “rosa”

Leia o poema de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa, para responder à questão.

As rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres¹ amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.

(O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)

¹volucre: que tem vida curta. 
A
simboliza toda a natureza, com a qual o eu lírico está envolvido e da qual ele depende para que sua vida seja satisfatória.
B
representa a delicadeza e a beleza do amor que o eu lírico sente, declara e tem a intenção de dividir com sua amada.
C
apresenta a ideia da efemeridade da vida a fim de defender que cada dia deve ser aproveitado sem preocupações com o passado ou com o futuro.
D
substitui inicialmente a imagem da mulher amada, Lídia, a fim de enaltecer sua beleza.
E
colabora para definir uma perspectiva de mundo centrada no indivíduo, a flor, deixando a coletividade, o jardim, em segundo plano.
982a55f2-d7
FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes pessoais oblíquos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Os pronomes oblíquos assumem, geralmente, a função de complementos verbais. Em “projeta-o” (2ª estrofe) e “Demore-a” (4ª estrofe), os pronomes oblíquos referem-se, respectivamente, aos termos

Leia o poema “A última nau”, da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, para responder à questão.

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago1
Erma2 , e entre choros de ânsia e de pressago3
Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro
E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

(Obra poética, 1987.)
1aziago: funesto.
2erma: solitária.
3pressago: presságio.
A
“Deus” e “alma”.
B
“sol” e “nau”.
C
“corpo” e “hora”.
D
“Mistério” e “cerração”.
E
“Império” e “névoa”.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Conforme o comentário de Modesto Carone, João Cabral

Leia um trecho do ensaio de Modesto Carone para responder à questão.

    É fato sabido que a trajetória de João Cabral começa num surrealismo despojado da escrita automática, passa pelo ardor da construção e da lucidez, discute a pureza e a decantação da poesia antilírica e, descartando a desconfiança (então em moda) quanto à possibilidade de dizer o mundo e os seus conflitos, assume, de Morte e vida severina em diante, o lado sujo da miséria do Nordeste.
(Modesto Carone. “Severinos e comendadores”. In: Roberto Schwarz (org). Os pobres na literatura brasileira, 1983.)
A
afastou-se da poesia antilírica, por considerá-la impura e decantada.
B
praticou o que a crítica literária chama, hoje, de “poesia suja”.
C
explorou, ao longo da fase inicial de sua poesia, a escrita automática.
D

duvidou da poesia engajada, notadamente depois de Morte e vida severina.

E
ignorou a desconfiança que foi moda em relação à poesia de crítica social.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo Modesto Carone, o trecho que melhor ilustra a última fase da poesia de João Cabral é:

Leia um trecho do ensaio de Modesto Carone para responder à questão.

    É fato sabido que a trajetória de João Cabral começa num surrealismo despojado da escrita automática, passa pelo ardor da construção e da lucidez, discute a pureza e a decantação da poesia antilírica e, descartando a desconfiança (então em moda) quanto à possibilidade de dizer o mundo e os seus conflitos, assume, de Morte e vida severina em diante, o lado sujo da miséria do Nordeste.
(Modesto Carone. “Severinos e comendadores”. In: Roberto Schwarz (org). Os pobres na literatura brasileira, 1983.)
A
O mar, que só preza a pedra,
que faz de coral suas árvores,
luta por curar os ossos
da doença de possuir carne,
B
Sobre o lado ímpar da memória
o anjo da guarda esqueceu
perguntas que não se respondem.
C
Com peixes e cavalos sonâmbulos
pintas a obscura metafísica
do limbo.
D
Ó face sonhada
de um silêncio de lua,
na noite da lâmpada
pressinto a tua.
E
As nuvens são cabelos
crescendo como rios;
são os gestos brancos
da cantora muda;
98266203-d7
FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em relação ao poema “A última nau”, pode-se afirmar que:

Leia o poema “A última nau”, da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, para responder à questão.

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago1
Erma2 , e entre choros de ânsia e de pressago3
Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projeta-o, sonho escuro
E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

(Obra poética, 1987.)
1aziago: funesto.
2erma: solitária.
3pressago: presságio.
A
na batalha de Alcácer Quibir, a névoa foi a causa da derrota portuguesa.
B
erguido o alto pendão, os portugueses partiram com a certeza da vitória.
C
entre a cerração, o vulto baço que torna é o de El-Rei D. Sebastião.
D
do alto de seu Império, El-Rei D. Sebastião assistiu à partida da última nau.
E
entre os portugueses, o retorno de El-Rei D. Sebastião tem hora marcada.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o repórter, o telespectador típico

Leia um trecho do artigo de Lira Neto para responder à questão.

    [...] dia desses, uma equipe de reportagem de um canal por assinatura veio até minha casa para me entrevistar sobre a Era Vargas. O repórter que conduziria a conversa advertiu- -me, antes de o operador ligar a câmera: “Pense que nosso telespectador típico é aquele sujeito esparramado no sofá, com uma lata de cerveja numa mão e o controle remoto na outra, que esbarrou na nossa reportagem por acaso, durante o intervalo de um filme de ação”, detalhou. “É para esse cara que você vai falar; pense nele como alguém com a idade mental de 14 anos.”
    Sou cortês, mas tenho meus limites. Quase enxotei o colega porta afora, aos pontapés. Respirei fundo e procurei ser didático, sem me esforçar para parecer que estava falando com o Homer Simpson postado ali do outro lado da lente. Afinal, como pai de duas crianças, acredito que há uma enorme distância entre o didatismo e o discurso toleirão, entre a clareza e a parvoíce.
(“A TV virou um dinossauro”. Folha de S.Paulo, 09.07.2017.)
A
tem dificuldade para entender a Era Vargas.
B
é imaturo.
C
é capaz de entender qualquer explicação.
D
evita mudar de canal.
E
busca informações históricas ao acaso.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A leitura do trecho permite afirmar que Lira Neto

Leia um trecho do artigo de Lira Neto para responder à questão.

    [...] dia desses, uma equipe de reportagem de um canal por assinatura veio até minha casa para me entrevistar sobre a Era Vargas. O repórter que conduziria a conversa advertiu- -me, antes de o operador ligar a câmera: “Pense que nosso telespectador típico é aquele sujeito esparramado no sofá, com uma lata de cerveja numa mão e o controle remoto na outra, que esbarrou na nossa reportagem por acaso, durante o intervalo de um filme de ação”, detalhou. “É para esse cara que você vai falar; pense nele como alguém com a idade mental de 14 anos.”
    Sou cortês, mas tenho meus limites. Quase enxotei o colega porta afora, aos pontapés. Respirei fundo e procurei ser didático, sem me esforçar para parecer que estava falando com o Homer Simpson postado ali do outro lado da lente. Afinal, como pai de duas crianças, acredito que há uma enorme distância entre o didatismo e o discurso toleirão, entre a clareza e a parvoíce.
(“A TV virou um dinossauro”. Folha de S.Paulo, 09.07.2017.)
A
não pôde dizer aquilo que realmente pensava.
B
pensou em citar uma personagem de desenho animado.
C
imaginou que o repórter se parecia com Homer Simpson.
D
utilizou os filhos como parâmetro para o conteúdo de sua fala.
E
criou uma distância necessária com o telespectador.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Em “Numa literatura de imaginação vasqueira, onde a maioria costeia o documento bruto, é deslumbrante essa navegação no mar alto” (2º parágrafo), o termo destacado, mantendo-se o sentido do texto, pode ser substituído por:

Leia um trecho do ensaio de Antonio Candido para responder à questão.

    Na extraordinária obra-prima Grande sertão: veredas há de tudo para quem souber ler, e nela tudo é forte, belo, impecavelmente realizado. Cada um poderá abordá-la a seu gosto, conforme o seu ofício; mas em cada aspecto aparecerá o traço fundamental do autor: a absoluta confiança na liberdade de inventar.
    Numa literatura de imaginação vasqueira, onde a maioria costeia o documento bruto, é deslumbrante essa navegação no mar alto, esse jorro de imaginação criadora na linguagem, na composição, no enredo, na psicologia.
(Antonio Candido. Tese e antítese, 1971.)
A
profunda.
B
eloquente.
C
escassa.
D
criativa.
E
vivaz.
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FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para orientar sua fala na entrevista, Lira Neto estabeleceu uma relação de equivalência entre:

Leia um trecho do artigo de Lira Neto para responder à questão.

    [...] dia desses, uma equipe de reportagem de um canal por assinatura veio até minha casa para me entrevistar sobre a Era Vargas. O repórter que conduziria a conversa advertiu- -me, antes de o operador ligar a câmera: “Pense que nosso telespectador típico é aquele sujeito esparramado no sofá, com uma lata de cerveja numa mão e o controle remoto na outra, que esbarrou na nossa reportagem por acaso, durante o intervalo de um filme de ação”, detalhou. “É para esse cara que você vai falar; pense nele como alguém com a idade mental de 14 anos.”
    Sou cortês, mas tenho meus limites. Quase enxotei o colega porta afora, aos pontapés. Respirei fundo e procurei ser didático, sem me esforçar para parecer que estava falando com o Homer Simpson postado ali do outro lado da lente. Afinal, como pai de duas crianças, acredito que há uma enorme distância entre o didatismo e o discurso toleirão, entre a clareza e a parvoíce.
(“A TV virou um dinossauro”. Folha de S.Paulo, 09.07.2017.)
A
idade mental e limites / pai e crianças.
B
reportagem e canal por assinatura / Era Vargas e conversa.
C
repórter e operador / telespectador e sujeito.
D
lata de cerveja e controle remoto / intervalo e filme.
E
didatismo e clareza / discurso toleirão e parvoíce.
980f6536-d7
FAMERP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem


(Quino. Toda Mafalda, 2012. Adaptado.)

O autor inseriu no balão do último quadrinho uma fala que exemplifica o conceito de metonímia (figura de linguagem baseada numa relação de proximidade). Essa fala é:

A
Bem!... Vai ver que em vez de mente meu pai quis dizer cabeça.
B
Se é assim, por que você fica fora do ar, de vez em quando?
C
Filipe... Você acha, então, que o meu pai mente?
D
Olhei pelo buraco do seu ouvido e não vi nada...
E
Pra você, com esse topete que parece uma antena, é fácil!
ac9175c8-d6
FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considere a tirinha de Laerte.



Na tirinha, pode-se observar uma sequência de imagens, de um homem sobre uma corda-bamba, e uma sequência de frases. A interação entre imagens e frases

A
faz com que um significado – a “dificuldade” de andar sobre uma corda – migre para a sequência escrita, induzindo a que se conclua que é difícil não julgar ninguém.
B
perde importância no último quadro, pois a queda do personagem, expressa em imagens, interrompe seus pensamentos.
C
é interrompida entre o terceiro e o quarto quadros, quando o personagem para deliberadamente de andar e de pensar no que até então pensava.
D
produz um efeito cômico, na medida em que a queda da corda faz rir e apaga o raciocínio que até então vinha se desenvolvendo em palavras.
E
cria uma terceira narrativa, alegórica, que sintetiza as imagens e as palavras, segundo a qual as pessoas não terminam algumas de suas tarefas porque não conseguem silenciar a mente.
ac88f534-d6
FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base na leitura do texto, é correto afirmar que a filosofia

Leia o texto de Oswaldo Porchat Pereira para responder às questão.


    A experiência do cotidiano nos brinda sempre com anomalias, incongruências, contradições. E, quando tentamos explicá-las, explicações à primeira vista razoáveis acabam por revelar-se insatisfatórias após exame mais acurado. A natureza das coisas e dos eventos não nos parece facilmente inteligível. As opiniões e os pontos de vista dos homens são dificilmente conciliáveis ou, mesmo, uns com os outros inconsistentes. Consensos porventura emergentes se mostram provisórios e precários. Quem sente a necessidade de pensar com um espírito mais crítico e tenta melhor compreender, essa diversidade toda o desnorteia.
   Talvez a maioria dos homens conviva bem com esse espetáculo da anomalia mundana. Uns poucos não o conseguem e essa experiência muito os perturba. Alguns destes se fazem filósofos e buscam na filosofia o fim dessa perturbação e a tranquilidade de espírito. Uma tranquilidade de espírito que esperam obter, por exemplo, graças à posse da verdade. A filosofia lhes promete explicar o mundo, dar conta da experiência cotidiana, dissipar as contradições, afastar as névoas da incompreensão. Revelando o ser, que o aparecer oculta; ou, se isso não for possível, desvendando os mistérios do conhecimento e deste delineando a natureza e os precisos limites; ou, pelo menos, esclarecendo a natureza e a função de nossa humana linguagem, na qual dizemos o mundo e formulamos os problemas da filosofia. A filosofia distingue e propõe-se ensinar-nos a distinguir entre verdade e falsidade, conhecimento e crença, ser e aparência, sujeito e objeto, representação e representado, além de muitas outras distinções.
    Mas a filosofia não nos dá o que nos prometera e buscáramos nela. Muito pelo contrário, o que ela nos descobre é uma extraordinária diversidade de posições e pontos de vista, totalmente incompatíveis uns com os outros e nunca conciliáveis. A discordância que divide o comum dos homens, nós a encontramos de novo nas filosofias, mas potencializada agora como ao infinito, de mil modos sofisticada num discurso arguto. Sobre coisa nenhuma se põem os filósofos de acordo, nem mesmo sobre o objeto, a natureza ou o método do próprio empreendimento de filosofar.

(Rumo ao ceticismo, 2006. Adaptado.)

     

A
revela inúmeras divergências de opiniões, cuja harmonização é impossível.
B
concilia os pontos de vista e as posições diferentes, aparentemente incompatíveis.
C
suprime as diferenças das opiniões, usuais na vida cotidiana.
D
dilui as divergências da vida cotidiana em explicações superficiais.
E
assegura a convergência entre os diferentes pontos de vista.
ac839723-d6
FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Segundo o autor do texto,

Leia o texto de Oswaldo Porchat Pereira para responder às questão.


    A experiência do cotidiano nos brinda sempre com anomalias, incongruências, contradições. E, quando tentamos explicá-las, explicações à primeira vista razoáveis acabam por revelar-se insatisfatórias após exame mais acurado. A natureza das coisas e dos eventos não nos parece facilmente inteligível. As opiniões e os pontos de vista dos homens são dificilmente conciliáveis ou, mesmo, uns com os outros inconsistentes. Consensos porventura emergentes se mostram provisórios e precários. Quem sente a necessidade de pensar com um espírito mais crítico e tenta melhor compreender, essa diversidade toda o desnorteia.
   Talvez a maioria dos homens conviva bem com esse espetáculo da anomalia mundana. Uns poucos não o conseguem e essa experiência muito os perturba. Alguns destes se fazem filósofos e buscam na filosofia o fim dessa perturbação e a tranquilidade de espírito. Uma tranquilidade de espírito que esperam obter, por exemplo, graças à posse da verdade. A filosofia lhes promete explicar o mundo, dar conta da experiência cotidiana, dissipar as contradições, afastar as névoas da incompreensão. Revelando o ser, que o aparecer oculta; ou, se isso não for possível, desvendando os mistérios do conhecimento e deste delineando a natureza e os precisos limites; ou, pelo menos, esclarecendo a natureza e a função de nossa humana linguagem, na qual dizemos o mundo e formulamos os problemas da filosofia. A filosofia distingue e propõe-se ensinar-nos a distinguir entre verdade e falsidade, conhecimento e crença, ser e aparência, sujeito e objeto, representação e representado, além de muitas outras distinções.
    Mas a filosofia não nos dá o que nos prometera e buscáramos nela. Muito pelo contrário, o que ela nos descobre é uma extraordinária diversidade de posições e pontos de vista, totalmente incompatíveis uns com os outros e nunca conciliáveis. A discordância que divide o comum dos homens, nós a encontramos de novo nas filosofias, mas potencializada agora como ao infinito, de mil modos sofisticada num discurso arguto. Sobre coisa nenhuma se põem os filósofos de acordo, nem mesmo sobre o objeto, a natureza ou o método do próprio empreendimento de filosofar.

(Rumo ao ceticismo, 2006. Adaptado.)

     

A
o exame mais detido das incongruências da experiência do cotidiano serve para confirmar as explicações apressadas.
B
as explicações sobre os fenômenos complexos revelam- -se com frequência, ao fim de algum tempo, precárias.
C
apenas o aprofundamento das investigações sobre as anomalias do cotidiano produz consensos permanentes.
D
a natureza é simples quando comparada às explicações que a filosofia pode dar sobre ela.
E
os homens que se deparam com anomalias no cotidiano comumente recorrem à filosofia.
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FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Se for considerada a temática predominante nas obras de Fernando Pessoa (ele-mesmo, ortônimo) e nas obras de seus heterônimos mais conhecidos, é correto afirmar que o poema “Autopsicografia” pode ser atribuído a

Leia o poema de Fernando Pessoa para responder à questão


Autopsicografia 

O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente.


E os que leem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 


E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama o coração.

(Obra poética, 1984.)

A
Bernardo Soares.
B
Alberto Caeiro.
C
Fernando Pessoa, ele-mesmo, ortônimo.
D
Ricardo Reis.
E
Álvaro de Campos.
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FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O narrador de Dom Casmurro, em procedimento típico de Machado de Assis, dirige-se diretamente ao leitor para conversar. No texto, um elemento que torna evidente tal procedimento é

Leia o texto de Machado de Assis para responder à questão


    Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou- -se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

    – Continue, disse eu acordando.
    − Já acabei, murmurou ele.
    − São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando- -me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei.
    [...]
    Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.


(Dom Casmurro, 2008.)


A
a explicação que o narrador dá sobre a ironia do pronome “Dom” em seu apelido.
B
o emprego da segunda pessoa do singular, em “Não consultes dicionários”.
C
o uso dos pronomes possessivos, em “sendo o título seu” e “a obra é sua”.
D
a informalidade com que o narrador expressa suas escolhas, como em “vai este mesmo”.
E
o emprego de travessões, para marcar as trocas de turnos nos diálogos.o emprego de travessões, para marcar as trocas de turnos nos diálogos.
ac7a62f6-d6
FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Coesão e coerência, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo)

“os versos pode ser que não fossem inteiramente maus.”

Com essa frase, o narrador expressa uma dúvida. Nas alternativas, a frase gramaticalmente correta, que mantém em linhas gerais o significado original, é:

Leia o texto de Machado de Assis para responder à questão


    Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou- -se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

    – Continue, disse eu acordando.
    − Já acabei, murmurou ele.
    − São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando- -me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei.
    [...]
    Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.


(Dom Casmurro, 2008.)


A
Tenho a impressão que os versos não seriam inteiramente maus.
B
Tenho a impressão de que os versos não podiam ser inteiramente maus.
C
Tenho a impressão que os versos não eram inteiramente maus.
D
Tenho a impressão de que os versos não eram inteiramente maus.
E
Tenho a impressão que os versos não são inteiramente maus.
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FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Substantivos, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.”

Nessa frase, são associados dois substantivos semanticamente díspares: “vista” e “chapéu”. A quebra de paralelismo semântico provoca um curioso efeito de estilo.

Entre as frases, retiradas de outro romance de Machado de Assis, a que produz efeito de estilo semelhante é:

Leia o texto de Machado de Assis para responder à questão


    Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou- -se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

    – Continue, disse eu acordando.
    − Já acabei, murmurou ele.
    − São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando- -me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei.
    [...]
    Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.


(Dom Casmurro, 2008.)


A
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim.”
B
“Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava à casa, e convidava a Sandice a sair.”
C
“Um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade.”
D
“A minha ideia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se ideia fixa.”
E
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.”
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FAMERP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Deduz-se, da leitura da primeira estrofe, que “o poeta” a que se refere o poema

Leia o poema de Fernando Pessoa para responder à questão


Autopsicografia 

O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente.


E os que leem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 


E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama o coração.

(Obra poética, 1984.)

A
livra-se por completo de sua dor ao compor o poema.
B
sente dor, mas, ainda assim, não se exime de compor o poema.
C
sente dores falsas, que o motivam a compor um poema.
D
transforma sua dor sentida em outra, simulada, diferente da original.
E
expressa sem artifícios sua dor, o que fica caracterizado na palavra “deveras”.
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FAMERP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O poema apresenta traços da estética da primeira fase do modernismo, o que se faz evidente

Leia o poema de Mário de Andrade para responder à questão.

Rondó pra você
De você, Rosa, eu não queria
Receber somente esse abraço
Tão devagar que você me dá,
Nem gozar somente esse beijo
Tão molhado que você me dá...
Eu não queria só porque
Por tudo quanto você me fala
Já reparei que no seu peito
Soluça o coração benfeito
De você.

Pois então eu imaginei
Que junto com esse corpo magro
Moreninho que você me dá,
Com a boniteza a faceirice
A risada que você me dá
E me enrabicham como o quê,
Bem que eu podia possuir também
O que mora atrás do seu rosto, Rosa,
O pensamento a alma o desgosto
De você.

(De Pauliceia desvairada a Lira paulistana, 2016.)
A
na exploração de palavras próprias da linguagem espontânea e popular, como “boniteza”, e na ausência de pontuação em “O pensamento a alma o desgosto”, por exemplo.
B
no emprego do verso livre ao longo de todo o texto e no desprezo dos recursos que imprimem musicalidade aos versos, considerando que não há rimas nem recorrências sonoras.
C
no uso de expressões com sentidos que contrastam, como “pensamento” e “alma”, e na repetição sistemática de frases inteiras, como “De você”.
D
na subjetividade marcante, explicitada na presença do pronome de primeira pessoa, e no uso de neologismos, como “faceirice” e “enrabicham”.
E
na ruptura com a gramática normativa, com o evidente erro no emprego do verbo “receber” em “De você, Rosa, eu não queria / Receber somente esse abraço”, e na presença reiterada de inversões sintáticas.