Conforme o comentário de Modesto Carone, João Cabral
Leia um trecho do ensaio de Modesto Carone para responder
à questão.
É fato sabido que a trajetória de João Cabral começa num
surrealismo despojado da escrita automática, passa pelo ardor da construção e da lucidez, discute a pureza e a decantação da poesia antilírica e, descartando a desconfiança (então
em moda) quanto à possibilidade de dizer o mundo e os seus
conflitos, assume, de Morte e vida severina em diante, o lado
sujo da miséria do Nordeste.
(Modesto Carone. “Severinos e comendadores”. In: Roberto Schwarz (org).
Os pobres na literatura brasileira, 1983.)
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à questão.
duvidou da poesia engajada, notadamente depois de Morte e vida severina.
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto. A questão avalia a capacidade de identificar informações explícitas e implícitas no texto, além do domínio da coesão e coerência textual, elementos essenciais para leitura crítica em provas de Vestibular e concursos.
Análise do texto: O autor do trecho comenta a trajetória de João Cabral de Melo Neto, ressaltando sua passagem de um surrealismo sem escrita automática para um comprometimento poético com a realidade social do Nordeste. O ponto-chave é quando refere-se à “desconfiança (então em moda) quanto à possibilidade de dizer o mundo e os seus conflitos”, deixando claro que João Cabral não aderiu a essa descrença; ao contrário, encarou a expressão social na poesia.
Justificativa da alternativa correta (E): “Ignorou a desconfiança que foi moda em relação à poesia de crítica social.”
Pela norma-padrão e os princípios de interpretação (Cunha & Cintra; Koch & Elias), deve-se buscar referências diretas no texto: o verbo descartando indica que o poeta afastou-se da tendência de descrença sobre o poder crítico da poesia. Ou seja, ele “ignorou” essa onda — interpretar isso é aplicar a coesão semântica e respeitar o sentido integral do excerto.
Análise das alternativas incorretas:
- A — Não há relação entre “considerá-la impura e decantada” e a motivação de afastamento. O texto só cita “discute a pureza e a decantação”.
- B — “Poesia suja” não aparece no trecho, tampouco o texto sugere que seja esse o rótulo da produção de João Cabral.
- C — Contraria o texto. O termo “despojado da escrita automática” evidencia que ele não adotou essa técnica surrealista.
- D — Ao contrário: após Morte e vida severina, ele não duvida da poesia engajada, ele a assume como compromisso estético-social.
Estratégia de resolução: Foque em palavras-chave (como “descartando”, “assume”, “desconfiança em moda”) e relacione claramente o sujeito das ações (João Cabral) ao ato praticado, evitando interpretações soltas ou generalizações.
Resumo: Interpretar exige atenção aos núcleos de sentido do texto, evitando inferências sem respaldo explícito ou manipulação de negações (pegadinhas comuns). O domínio do sentido global e das relações lógicas é fundamental para o sucesso neste tipo de prova.
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