Questõesde FGV sobre Português

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Foram encontradas 315 questões
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O convívio de um repertório narrativo de caráter mítico ou lendário e de referências diretas a coisas e pessoas reais, pertencentes à realidade histórica, presente nas Memórias de um sargento de milícias, caracteriza também, principalmente, a estrutura da obra

    Era no tempo do rei.

    Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo - O canto dos meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.

    Daí sua influência moral.


Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.  

A
Senhora, de José de Alencar.
B
O cortiço, de Aluísio Azevedo.
C
Quincas Borba, de Machado de Assis
D
Macunaíma, de Mário de Andrade.
E
São Bernardo, de Graciliano Ramos.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado, Sintaxe, Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre

Na frase “disse-me meu pai”, ocorre ordem indireta, uma vez que seu sujeito está posposto ao verbo. No texto, há outros exemplos desse tipo de inversão. Considere os seguintes trechos:

I “que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho”;
II “que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental”;
III “e não viesse de longe a enfiada das decepções”.


Configura também frase com sujeito posposto a que está citada em

    “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. 
    Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas.

Raul Pompeia, O Ateneu.  
A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
II e III, apenas.
D
III, apenas.
E
I, II e III.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Dentre as expressões do texto relativas à atividade própria dos meirinhos, citadas abaixo, a única que assume conotação pejorativa é

    Era no tempo do rei.

    Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo - O canto dos meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.

    Daí sua influência moral.


Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.  

A
“cadeia judiciária”.
B
“demanda”.
C
“citações, provarás”.
D
“razões principais e finais”.
E
“trejeitos judiciais”.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Já na frase de abertura das Memórias de um sargento de milícias – “Era no tempo do rei.” –, que remete ao mesmo tempo à abertura-padrão dos contos da carochinha e ao período joanino da história do Brasil, manifestam-se as duas modalidades do tempo presentes nessa obra: uma, de caráter lendário e intemporal e, outra, de caráter histórico bem determinado.
O convívio dessas duas modalidades do tempo indica que, do ponto de vista dessa obra, a história brasileira caracterizou-se pela conjunção de

    Era no tempo do rei.

    Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo - O canto dos meirinhos -; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo.

    Daí sua influência moral.


Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.  

A
mudança e imobilismo.
B
realismo e alucinação.
C
religiosidade e materialismo.
D
liberdade e opressão.
E
localismo e cosmopolitismo.
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FGV 2015 - Português - Uso dos conectivos, Sintaxe

Os conectivos sublinhados nos trechos “posto que as fotos passaram a ser produzidas em máquinas digitais” e “que, anos depois, será difícil precisar”, tendo em vista as relações sintático-semânticas estabelecidas no texto, introduzem, respectivamente, orações que exprimem ideia de

     Jornais impressos são coisas palpáveis, concretas, estão materializados em papel. No papel está seu suporte físico. Do papel, assim como da tinta, podem-se examinar a idade e a autenticidade. Já em televisão, como em toda forma de mídia eletrônica, é cada vez mais difícil encontrar o suporte físico original da informação. A bem da verdade, na era digital, quando já não se tem mais sequer o negativo de uma fotografia, posto que as fotos passaram a ser produzidas em máquinas digitais, praticamente não há mais o suporte físico primeiro, original, do documento que depois será objeto de pesquisa histórica. São tamanhas as possibilidades de alteração da imagem digital que, anos depois, será difícil precisar se aquela imagem que se tem corresponde exatamente à cena que foi de fato fotografada. E não se terá um negativo original para que seja tirada a prova dos nove.

Eugênio Bucci e Maria R. Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2004
A
concessão e explicação.
B
finalidade e conformidade.
C
condição e tempo.
D
modo e conclusão.
E
causa e consequência.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Preposições, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Problemas da língua culta, Coesão e coerência, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Morfologia

Tendo em vista o tom de crônica que a colunista imprime a seu artigo, ela se sente livre para utilizar elementos linguísticos que não se enquadram nas normas da língua escrita padrão.
Dos elementos citados abaixo, o único que NÃO tem essa característica, isto é, o único que preserva a norma-padrão é o emprego

Para responder à questão, leia o seguinte texto, em que a autora, colunista de gastronomia, recorda cenas de sua infância: 


Uma tia-avó 


    Fico abismada de ver de quanta coisa não me lembro. Aliás, não me lembro de nada.
    Por exemplo, as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas, acho que nem cidade era, era uma rua, e passava por Belo Horizonte, onde tinha uma tia-avó. 
    Não poderia repetir o rosto dela, sei que muito magra, vestido até o chão, fantasma em cinzentos, levemente muda, deslizando por corredores de portas muito altas. 
    O clima da casa era de passado embrulhado em papel de seda amarfanhado, e posto no canto para que não se atrevesse a voltar à tona. Nem um riso, um barulho de copos tinindo. Quem estava ali sabia que quanto menos se mexesse menor o perigo de sofrer. Afinal o mundo era um vale de lágrimas. 
    A casa dava para a rua, não tinha jardim, a não ser que você se aventurasse a subir uma escada de cimento, lateral, que te levava aos jardins suspensos da Babilônia. 
    Nem precisava ser sensível para sentir a secura, a geometria esturricada dos canteiros sob o céu de anil de Minas. Nada, nem uma flor, só coisas que espetavam e buxinhos com formatos rígidos e duras palmas e os urubus rodando alto, em cima, esperando… O quê? Segredos enterrados, medo, sentia eu destrambelhando escada abaixo. 
    Na sala, uma cristaleira antiga com um cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul. 
    Para mim, pareciam uvas de chocolate, recheadas de bebida, mas não tinha coragem de pedir, estavam lá ano após ano, intocadas. A avó, baixinho, permitia, “Quer, pode pegar”, com voz neutra, mas eu declinava, doida de desejo. 
    Das comidas comuns da casa, não me lembro de uma couvinha que fosse, não me lembro de empregadas, cozinheiras, sala de jantar, nada. 
    Enfim, Belo Horizonte para mim era uma terra triste, de mulheres desesperadas e mudas enterradas no tempo, chocolates sedutores e proibidos. Só valia como passagem para a roça brilhante de sol que me esperava. 

Nina Horta, Folha de S. Paulo, 17/07/2013. Adaptado.
A
da preposição “em”, no trecho “as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas”.
B
do verbo “tinha” em lugar de “havia”, no trecho “onde tinha uma tia-avó”.
C
dos pronomes “você e “te” na mesma frase, tal como ocorre no 5º parágrafo.
D
da palavra “destrambelhado” (6º parágrafo).
E
de uma frase nominal (sem verbo) para constituir o 7º parágrafo.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Adjetivos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Examine os seguintes comentários sobre diferentes elementos linguísticos presentes no texto:

I Na oração que inicia o texto, a palavra “concretas” é um adjetivo que amplia o significado de outro adjetivo.
II No trecho “do documento que depois será objeto de pesquisa histórica”, a palavra “objeto” assume sentido abstrato.
III A expressão “prova dos nove” deve ser entendida, no texto, em seu sentido literal.


Está correto o que se afirma em

     Jornais impressos são coisas palpáveis, concretas, estão materializados em papel. No papel está seu suporte físico. Do papel, assim como da tinta, podem-se examinar a idade e a autenticidade. Já em televisão, como em toda forma de mídia eletrônica, é cada vez mais difícil encontrar o suporte físico original da informação. A bem da verdade, na era digital, quando já não se tem mais sequer o negativo de uma fotografia, posto que as fotos passaram a ser produzidas em máquinas digitais, praticamente não há mais o suporte físico primeiro, original, do documento que depois será objeto de pesquisa histórica. São tamanhas as possibilidades de alteração da imagem digital que, anos depois, será difícil precisar se aquela imagem que se tem corresponde exatamente à cena que foi de fato fotografada. E não se terá um negativo original para que seja tirada a prova dos nove.

Eugênio Bucci e Maria R. Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2004
A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
III, apenas.
D
I e II, apenas.
E
I, II e III.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Embora tenha sido publicado em jornal, o texto contém recursos mais comuns na linguagem literária do que na jornalística. Exemplificam tais recursos a hipérbole e a metáfora, que ocorrem, respectivamente, nos seguintes trechos:

Para responder à questão, leia o seguinte texto, em que a autora, colunista de gastronomia, recorda cenas de sua infância: 


Uma tia-avó 


    Fico abismada de ver de quanta coisa não me lembro. Aliás, não me lembro de nada.
    Por exemplo, as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas, acho que nem cidade era, era uma rua, e passava por Belo Horizonte, onde tinha uma tia-avó. 
    Não poderia repetir o rosto dela, sei que muito magra, vestido até o chão, fantasma em cinzentos, levemente muda, deslizando por corredores de portas muito altas. 
    O clima da casa era de passado embrulhado em papel de seda amarfanhado, e posto no canto para que não se atrevesse a voltar à tona. Nem um riso, um barulho de copos tinindo. Quem estava ali sabia que quanto menos se mexesse menor o perigo de sofrer. Afinal o mundo era um vale de lágrimas. 
    A casa dava para a rua, não tinha jardim, a não ser que você se aventurasse a subir uma escada de cimento, lateral, que te levava aos jardins suspensos da Babilônia. 
    Nem precisava ser sensível para sentir a secura, a geometria esturricada dos canteiros sob o céu de anil de Minas. Nada, nem uma flor, só coisas que espetavam e buxinhos com formatos rígidos e duras palmas e os urubus rodando alto, em cima, esperando… O quê? Segredos enterrados, medo, sentia eu destrambelhando escada abaixo. 
    Na sala, uma cristaleira antiga com um cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul. 
    Para mim, pareciam uvas de chocolate, recheadas de bebida, mas não tinha coragem de pedir, estavam lá ano após ano, intocadas. A avó, baixinho, permitia, “Quer, pode pegar”, com voz neutra, mas eu declinava, doida de desejo. 
    Das comidas comuns da casa, não me lembro de uma couvinha que fosse, não me lembro de empregadas, cozinheiras, sala de jantar, nada. 
    Enfim, Belo Horizonte para mim era uma terra triste, de mulheres desesperadas e mudas enterradas no tempo, chocolates sedutores e proibidos. Só valia como passagem para a roça brilhante de sol que me esperava. 

Nina Horta, Folha de S. Paulo, 17/07/2013. Adaptado.
A
“corredores de portas muito altas”; “fantasma em cinzentos”.
B
“vale de lágrimas”; “passado embrulhado em papel de seda”.
C
“doida de desejo”; “um barulho de copos tinindo”.
D
“mulheres desesperadas”; “sob o céu de anil de Minas”.
E
“roça brilhante de sol”; “chocolates sedutores e proibidos”.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Adjetivos, Morfologia - Verbos, Substantivos, Análise sintática, Sintaxe, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando-se os elementos descritivos presentes no texto, é correto apontar, nele, o emprego de

Para responder à questão, leia o seguinte texto, em que a autora, colunista de gastronomia, recorda cenas de sua infância: 


Uma tia-avó 


    Fico abismada de ver de quanta coisa não me lembro. Aliás, não me lembro de nada.
    Por exemplo, as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas, acho que nem cidade era, era uma rua, e passava por Belo Horizonte, onde tinha uma tia-avó. 
    Não poderia repetir o rosto dela, sei que muito magra, vestido até o chão, fantasma em cinzentos, levemente muda, deslizando por corredores de portas muito altas. 
    O clima da casa era de passado embrulhado em papel de seda amarfanhado, e posto no canto para que não se atrevesse a voltar à tona. Nem um riso, um barulho de copos tinindo. Quem estava ali sabia que quanto menos se mexesse menor o perigo de sofrer. Afinal o mundo era um vale de lágrimas. 
    A casa dava para a rua, não tinha jardim, a não ser que você se aventurasse a subir uma escada de cimento, lateral, que te levava aos jardins suspensos da Babilônia. 
    Nem precisava ser sensível para sentir a secura, a geometria esturricada dos canteiros sob o céu de anil de Minas. Nada, nem uma flor, só coisas que espetavam e buxinhos com formatos rígidos e duras palmas e os urubus rodando alto, em cima, esperando… O quê? Segredos enterrados, medo, sentia eu destrambelhando escada abaixo. 
    Na sala, uma cristaleira antiga com um cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul. 
    Para mim, pareciam uvas de chocolate, recheadas de bebida, mas não tinha coragem de pedir, estavam lá ano após ano, intocadas. A avó, baixinho, permitia, “Quer, pode pegar”, com voz neutra, mas eu declinava, doida de desejo. 
    Das comidas comuns da casa, não me lembro de uma couvinha que fosse, não me lembro de empregadas, cozinheiras, sala de jantar, nada. 
    Enfim, Belo Horizonte para mim era uma terra triste, de mulheres desesperadas e mudas enterradas no tempo, chocolates sedutores e proibidos. Só valia como passagem para a roça brilhante de sol que me esperava. 

Nina Horta, Folha de S. Paulo, 17/07/2013. Adaptado.
A
estruturas sintáticas que reforçam a objetividade das observações da autora.
B
substantivos e adjetivos que expressam afetividade na apresentação do que está sendo descrito.
C
neutralidade mais acentuada na caracterização das pessoas do que na das coisas.
D
palavras (substantivos, adjetivos e verbos) que destacam traços exteriores das pessoas, em detrimento da análise de sua interioridade.
E
referências genéricas aos objetos recordados, o que evita atribuir-lhes particularidades concretas.
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FGV 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Dentre as reminiscências da autora, há algumas que têm um caráter negativo ou desagradável, e outras, um caráter positivo ou agradável. Essa oposição distingue o que está descrito nos dois trechos citados em:

Para responder à questão, leia o seguinte texto, em que a autora, colunista de gastronomia, recorda cenas de sua infância: 


Uma tia-avó 


    Fico abismada de ver de quanta coisa não me lembro. Aliás, não me lembro de nada.
    Por exemplo, as férias em que eu ia para uma cidade do interior de Minas, acho que nem cidade era, era uma rua, e passava por Belo Horizonte, onde tinha uma tia-avó. 
    Não poderia repetir o rosto dela, sei que muito magra, vestido até o chão, fantasma em cinzentos, levemente muda, deslizando por corredores de portas muito altas. 
    O clima da casa era de passado embrulhado em papel de seda amarfanhado, e posto no canto para que não se atrevesse a voltar à tona. Nem um riso, um barulho de copos tinindo. Quem estava ali sabia que quanto menos se mexesse menor o perigo de sofrer. Afinal o mundo era um vale de lágrimas. 
    A casa dava para a rua, não tinha jardim, a não ser que você se aventurasse a subir uma escada de cimento, lateral, que te levava aos jardins suspensos da Babilônia. 
    Nem precisava ser sensível para sentir a secura, a geometria esturricada dos canteiros sob o céu de anil de Minas. Nada, nem uma flor, só coisas que espetavam e buxinhos com formatos rígidos e duras palmas e os urubus rodando alto, em cima, esperando… O quê? Segredos enterrados, medo, sentia eu destrambelhando escada abaixo. 
    Na sala, uma cristaleira antiga com um cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul. 
    Para mim, pareciam uvas de chocolate, recheadas de bebida, mas não tinha coragem de pedir, estavam lá ano após ano, intocadas. A avó, baixinho, permitia, “Quer, pode pegar”, com voz neutra, mas eu declinava, doida de desejo. 
    Das comidas comuns da casa, não me lembro de uma couvinha que fosse, não me lembro de empregadas, cozinheiras, sala de jantar, nada. 
    Enfim, Belo Horizonte para mim era uma terra triste, de mulheres desesperadas e mudas enterradas no tempo, chocolates sedutores e proibidos. Só valia como passagem para a roça brilhante de sol que me esperava. 

Nina Horta, Folha de S. Paulo, 17/07/2013. Adaptado.
A
“fantasma em cinzento”; “geometria esturricada”.
B
“vale de lágrimas”; “buxinhos com formato rígido e duras palmas”.
C
“passado embrulhado em papel de seda amarfanhado”; “uvas de chocolate”.
D
“urubus rodando alto”; “segredos enterrados”.
E
“jardins suspensos da Babilônia”; “cacho enorme de uvas enroladas em papel brilhante azul”.
3ea4d08e-fc
FGV 2020 - Português - Pronomes possessivos, Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal, Morfologia - Pronomes

Se, no texto, em lugar de “vosso”, fosse usado o pronome “teu” ou “seu”, a concordância nos quatro primeiros versos estaria correta apenas em:

Texto para a pergunta

UMA MULHER, DA PORTA DE ONDE SAIU O HOMEM,

ANUNCIA-LHE O QUE SE VERÁ


– Compadre José, compadre,

que na relva estais deitado:

conversais e não sabeis

que vosso filho é chegado?

Estais aí conversando

em vossa prosa entretida:

não sabeis que vosso filho

saltou para dentro da vida?

Saltou para dentro da vida

ao dar o primeiro grito;

e estais aí conversando;

pois sabei que ele é nascido.

João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina.


A
“Compadre José, compadre, / que na relva está deitado: converse e não sabe / que teu filho é chegado?”
B
Compadre José, compadre, / que na relva estás deitado: conversa e não sabes / que seu filho é chegado?”
C
Compadre José, compadre, / que na relva estais deitado: converse e não saiba / que seu filho é chegado?”
D
Compadre José, compadre, / que na relva está deitado: conversas e não saibas / que teu filho é chegado?”
E
“Compadre José, compadre, / que na relva estás deitado: conversas e não sabes / que teu filho é chegado?”
3ea12fa2-fc
FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O nascimento do filho do retirante, anunciado nesse trecho de Morte e vida severina , forma contraste com a seguinte marca da obra a que pertence:

Texto para a pergunta

UMA MULHER, DA PORTA DE ONDE SAIU O HOMEM,

ANUNCIA-LHE O QUE SE VERÁ


– Compadre José, compadre,

que na relva estais deitado:

conversais e não sabeis

que vosso filho é chegado?

Estais aí conversando

em vossa prosa entretida:

não sabeis que vosso filho

saltou para dentro da vida?

Saltou para dentro da vida

ao dar o primeiro grito;

e estais aí conversando;

pois sabei que ele é nascido.

João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina.


A
a insignificância dos demais eventos, nela figurados.
B
a notória indiferença do homem rústico pelas crianças.
C
o machismo manifesto nas cenas antecedentes.
D
os recorrentes encontros com a morte, que a pontuam.
E
o sentimentalismo que reveste a representação dos demais eventos, nela relatados.
3e9e6653-fc
FGV 2020 - Português - Análise sintática, Sintaxe

Tendo em vista as relações de sentido estabelecidas no texto, as orações “ao retirar-se o patrão para a terra” (L. 4) e “que afrontava resignado as mais duras privações” (L. 9) exprimem, respectivamente, ideia de

Texto para a pergunta


Aluísio Azevedo, O cortiço. 

A
condição e finalidade.
B
tempo e consequência.
C
causa e finalidade.
D
tempo e condição.
E
causa e consequência.
3e8a4a10-fc
FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto, observa-se que a descrição e a parcial reprodução de notícia de jornal sobre os Capitães da Areia vêm desacompanhadas de juízos de valor ou de comentários do narrador. Esse procedimento artístico

Texto para a pergunta

REFORMATÓRIO 

O Jornal da Tarde trouxe a notícia em grandes títulos.

Uma manchete ia de lado a lado na primeira página: 

PRESO O CHEFE DOS CAPITÃES DA AREIA 
    Depois vinham os títulos que estavam em cima de um clichê, onde se viam Pedro Bala, Dora, João Grande, Sem-Pernas e Gato cercados de guardas e investigadores:  


UMA MENINA NO GRUPO • A SUA HISTÓRIA • RECOLHIDA A UM ORFANATO ● O CHEFE DOS CAPITÃES DA AREIA É FILHO DE UM GREVISTA • OS OUTROS CONSEGUEM FUGIR • “O REFORMATÓRIO O ENDIREITARÁ", NOS AFIRMA O DIRETOR.

Sob o clichê vinha esta legenda:

Após ser batida esta chapa o chefe dos peraltas armou uma discussão e um barulho que deu lugar a que os demais moleques presos pudessem fugir. O chefe é o que está marcado com a cruz e ao seu lado vê-se Dora, a nova gigolete dos moleques baianos.

Jorge Amado, Capitães da Areia.  

A
comprova a notória isenção do narrador em relação ao teor dos fatos narrados.
B
evidencia o estrito respeito do escritor pela livre e legítima manifestação das opiniões.
C
confere maior impressão de objetividade ao relato.
D
revela o temor que se tinha à imprensa, no Brasil da época.
E
Obedece aos ditames estéticos do Regionalismo Nordestino.
3e9b72fa-fc
FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

João Romão e Bertoleza, tais como caracterizados no excerto, distinguem-se de Leonardo pai e de Leonardo filho, de Memórias de um sargento de milícias, principalmente na medida em que essas personagens de O cortiço, diferentemente do que ocorre com os dois Leonardos, apresentam, como traço marcante, o fato de que

Texto para a pergunta


Aluísio Azevedo, O cortiço. 

A
procedem, ambas, do grupo social dos homens livres e pobres, no Brasil escravista.
B
sustentam, com trabalho árduo, projetos enérgicos de melhoria de sua condição social.
C
estabelecem relações amorosas informais e irregulares, ao arrepio das regulações sociais e religiosas.
D
militam ativamente, ambas, pela abolição da escravatura.
E
desconsideram critérios étnicos, raciais ou de cor ao efetuarem suas escolhas amorosas.
3e91d2a3-fc
FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o seguinte comentário para responder ao que se pede:

Nesse livro, a apresentação das carências e privações, de que padece o homem rústico, concentra-se, expressivamente, em sua insuficiência linguística. É desse modo que a privação de uma linguagem verbal suficientemente desenvolvida se revela, no livro, um elemento decisivo da dominação social desse mesmo homem.

O livro a que se refere o comentário é

A
Memórias de um sargento de milícias
B
Morte e vida severina.  
C

O cortiço.

D

Capitães da Areia.

E
Vidas secas.
3e98aed1-fc
FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A maneira como é caracterizada, no excerto, a morte do companheiro de Bertoleza – que “caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta” (Linha 20) – inaugurou, no início de O cortiço, um procedimento que será uma constante no desenvolvimento da narrativa, ou seja

Texto para a pergunta


Aluísio Azevedo, O cortiço. 

A
animalização de personagens humanas.
B
apelo à compaixão do leitor.
C
recurso a descrições de caráter eufemístico.
D
emprego da prosopopeia (personificação), que atribui vida ao inanimado.
E
busca do típico e do exótico.
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FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Tal como caracterizados no excerto, os arranjos que regem as atividades produtivas, bem como a associação das personagens João Romão e Bertoleza, revelam o grau de imbricação a que chegaram, ao longo do século XIX brasileiro,

Texto para a pergunta


Aluísio Azevedo, O cortiço. 

A
progresso técnico e atraso cultural.
B
tenacidade europeia e individualismo africano.
C
capitalismo e escravismo.
D
ócio e malandragem.
E
regime monárquico e liberalismo econômico.
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FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No sentido em que foram empregadas no texto, as palavras “manchete”, “legenda”, “clichê” e “chapa” pertencem a um mesmo jargão, mas apenas sobre as duas últimas pode-se afirmar, corretamente, que

Texto para a pergunta

REFORMATÓRIO 

O Jornal da Tarde trouxe a notícia em grandes títulos.

Uma manchete ia de lado a lado na primeira página: 

PRESO O CHEFE DOS CAPITÃES DA AREIA 
    Depois vinham os títulos que estavam em cima de um clichê, onde se viam Pedro Bala, Dora, João Grande, Sem-Pernas e Gato cercados de guardas e investigadores:  


UMA MENINA NO GRUPO • A SUA HISTÓRIA • RECOLHIDA A UM ORFANATO ● O CHEFE DOS CAPITÃES DA AREIA É FILHO DE UM GREVISTA • OS OUTROS CONSEGUEM FUGIR • “O REFORMATÓRIO O ENDIREITARÁ", NOS AFIRMA O DIRETOR.

Sob o clichê vinha esta legenda:

Após ser batida esta chapa o chefe dos peraltas armou uma discussão e um barulho que deu lugar a que os demais moleques presos pudessem fugir. O chefe é o que está marcado com a cruz e ao seu lado vê-se Dora, a nova gigolete dos moleques baianos.

Jorge Amado, Capitães da Areia.  

A
pertencem à linguagem popular.
B
são neologismos criados pelo autor.
C
podem ser consideradas regionalismos.
D
caíram em desuso.
E
constituem linguagem figurada.
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FGV 2020 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Dentre os pronomes sublinhados nos seguintes trechos do texto, o único que substitui uma frase e não apenas uma palavra anterior é:

Texto para a pergunta 

    Entretanto, a luta mais árdua do negro africano e de seus descendentes brasileiros foi, ainda é, a conquista de um lugar e de um papel de participante legítimo na sociedade nacional. Nela se viu incorporado à força. Ajudou a construí-la e, nesse esforço, se anulou, mas, ao fim, só nela sabia viver, em razão de sua total desafricanização.

    A primeira tarefa cultural do negro brasileiro foi a de aprender a falar o português que ouvia nos berros do capataz. Teve de fazê-lo para comunicarse com seus companheiros de desterro, oriundos de diferentes povos. Fazendoo, se reumanizou, começando a sair da condição de bem semovente, mero animal ou força energética para o trabalho. Conseguindo miraculosamente dominar a nova língua, não só a refez, emprestando singularidade ao português do Brasil, mas também possibilitou sua difusão por todo o território, uma vez que nas outras áreas se falava principalmente a língua dos índios, o tupi-guarani.


Darcy Ribeiro, O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Adaptado

A
que ouvia nos berros do capataz”.
B
“foi a de aprender a falar o português”.
C
“só nela sabia viver”.
D
“Ajudou a construí-la”.
E
"Teve de fazê-lo para comunicar-se”.