Questão fdf7fdd7-bf
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
A
eram baseadas nas ciências da natureza.
B
refutavam as teorias de filósofos da religião.
C
tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D
postulavam um princípio originário para o mundo.
E
defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
Gabarito comentado
M
Michel MelloMestre em Filosofia (PUC-Rio), Mestre e Doutor em Filosofia (Universidade de Basel / Suiça)
A questão diz respeito à problemática da origem do todo, questão comum tanto à Filosofia Antiga como à Medieval, que juntas são chamadas na História da Filosofia de pensamento Clássico: desse modo deve-se entender como clássico em Filosofia o pensamento de origem grega que foi assimilado no Medievo pelos pensadores com um novo elemento: o Cristianismo.
O problema do texto 1 é o tema central dos chamados pré-socráticos ou físicos. Esses, de um modo geral, buscavam algo que explicasse a unidade na pluralidade do cosmos sem recorrer necessariamente ao mito. O discurso, em grego clássico, lógos, está como lei que rege a natureza e essa natureza, phýsis, deve possuir um princípio que a unifica, a arché, traduzida muitas vezes como elemento primordial.
No texto 2 temos uma relação de semelhança, dado que os pensadores cristãos, já na chamada patrística ou filosofia dos padres (pais) do cristianismo nascente identifica elementos da Filosofia grega como antítipos ou prenúncios da mensagem cristã. Outro fato interessante é que o cristianismo para se estabelecer como religião universal no contexto do Helenismo grego precisou se declarar não como mito, mythós, mas como fé, pistís em grego e fides em latim. Podemos afirmar que houve uma síntese entre pensamento grego antigo e cristianismo, fato tão importante que marcou o caráter da cultura ocidental: a racionalização de qualquer discurso, lógico ou narrativo. Isso nos parece claro na início do livro do Evangelho (palavra que significa “boa notícia”, do que grego eu, bem, bom, mais o verbo angeleîn, anunciar) de João que narra en arché en ho lógos kaí ho lógos en prós tô theô (no princípio ou no elemento primordial era o discurso (racional) e o discurso estava junto a Deus). Ora vemos aqui a utilização dos termos gregos pelo cristianismo como arché e logos, identificando-os com Deus.
A alternativa “a” está errada pelo simples fato de que o termo ciência da natureza está anacrônico aqui, pois esse termo é moderno e não clássico. Os clássicos, antigos e medievais, não faziam distinção entre ciência (epistéme, scientia) e Filosofia.
A alternativa “b” é contraditória com o texto 2, dado que esse afirma Deus como princípio, e não o refuta.
A alternativa “c” não pode estar correta dado que a Filosofia ocidental é dada pela maior parte dos teóricos da História da Filosofia como rompimento com o mito ou discurso narrativo.
A alternativa “d” é a correta, pois identifica que em ambos os períodos os pensadores buscam um princípio originário para o todo, mesmo que as respostas sejam distintas.
A alternativa “e” está errada, pois somente se fundamenta sob o texto 2, jamais sob o texto 1.
O problema do texto 1 é o tema central dos chamados pré-socráticos ou físicos. Esses, de um modo geral, buscavam algo que explicasse a unidade na pluralidade do cosmos sem recorrer necessariamente ao mito. O discurso, em grego clássico, lógos, está como lei que rege a natureza e essa natureza, phýsis, deve possuir um princípio que a unifica, a arché, traduzida muitas vezes como elemento primordial.
No texto 2 temos uma relação de semelhança, dado que os pensadores cristãos, já na chamada patrística ou filosofia dos padres (pais) do cristianismo nascente identifica elementos da Filosofia grega como antítipos ou prenúncios da mensagem cristã. Outro fato interessante é que o cristianismo para se estabelecer como religião universal no contexto do Helenismo grego precisou se declarar não como mito, mythós, mas como fé, pistís em grego e fides em latim. Podemos afirmar que houve uma síntese entre pensamento grego antigo e cristianismo, fato tão importante que marcou o caráter da cultura ocidental: a racionalização de qualquer discurso, lógico ou narrativo. Isso nos parece claro na início do livro do Evangelho (palavra que significa “boa notícia”, do que grego eu, bem, bom, mais o verbo angeleîn, anunciar) de João que narra en arché en ho lógos kaí ho lógos en prós tô theô (no princípio ou no elemento primordial era o discurso (racional) e o discurso estava junto a Deus). Ora vemos aqui a utilização dos termos gregos pelo cristianismo como arché e logos, identificando-os com Deus.
A alternativa “a” está errada pelo simples fato de que o termo ciência da natureza está anacrônico aqui, pois esse termo é moderno e não clássico. Os clássicos, antigos e medievais, não faziam distinção entre ciência (epistéme, scientia) e Filosofia.
A alternativa “b” é contraditória com o texto 2, dado que esse afirma Deus como princípio, e não o refuta.
A alternativa “c” não pode estar correta dado que a Filosofia ocidental é dada pela maior parte dos teóricos da História da Filosofia como rompimento com o mito ou discurso narrativo.
A alternativa “d” é a correta, pois identifica que em ambos os períodos os pensadores buscam um princípio originário para o todo, mesmo que as respostas sejam distintas.
A alternativa “e” está errada, pois somente se fundamenta sob o texto 2, jamais sob o texto 1.