Leia o fragmento de autoria de Heráclito.
Deus é dia e noite, inverno e verão, guerra e paz, abundância e fome. Mas toma formas
variadas assim como o fogo, quando misturado com essências, toma o nome segundo o
perfume de cada uma delas.
BORNHEIM, G. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998, p. 40.
Conforme o exposto, “Deus”, no pensamento de Heráclito, significa:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A
Tema central: aqui a pergunta explora o significado de “Deus” em Heráclito, ligado à sua doutrina do logos e à ideia de que a realidade é constituída pela tensão e unidade dos contrários.
Resumo teórico: Heráclito concebe o mundo como fluxo (panta rhei) e explica a ordem por meio do logos, uma razão immanente que harmoniza opostos. Expressões como “dia e noite, guerra e paz” destacam que os contrários não são separados, mas interdependentes; é dessa tensão que surge a unidade do real. Fontes úteis: fragmentos de Heráclito (coleções críticas) e comentários de estudiosos como Kahn e Guthrie.
Justificativa da alternativa correta (A): O fragmento lista pares de opostos e afirma que “Deus é” essa totalidade, explicando ainda que o fogo — metáfora recorrente em Heráclito — muda conforme mistura mas continua sendo um princípio unitário. Assim, “Deus” simboliza a unidade dos contrários, a ordem que torna possível a harmonia através da tensão.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. Não há apoio para tratá‑lo como fundamento de uma religião monoteísta arcaica; Heráclito fala de um princípio filosófico/cosmológico, não de um culto histórico.
C — Incorreta. O termo logos em Heráclito não é refutado pela noção de “Deus”; ao contrário, “Deus” no fragmento aparece integrando o logos, como expressão da ordem universal.
D — Incorreta. O fragmento aponta justamente para a possibilidade de harmonia: a tensão entre contrários gera a unidade, não a impossibilidade dela.
Dica de prova: ao ler enunciados com listas de opostos, associe‑as à doutrina da unidade dos contrários em Heráclito; desconfie de alternativas que trazem termos anacrônicos (ex.: “monoteísta”) ou que invertam relações lógicas (refutação → integração).
Leitura recomendada: fragmentos de Heráclito (coleções críticas) e comentários de Charles Kahn ou Guthrie para contextualização.
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