A literatura nascente no Brasil compreende os textos com objetivo informativo e
formativo. Sobre os dois trechos, apresentados nos TEXTOS 5 e 6, que compõem
as crônicas do “Descobrimento do Brasil”, pode-se afirmar que:
Leia os textos 5 e 6 para responder à questão.
TEXTO 5
A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não
se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé,
nem Lei, nem Rei, e essa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto
conta, nem peso, nem medida.
GÂNGAVO, P. M.. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que
vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (Adaptado)
TEXTO 6
Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar,
dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E
que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa
navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se ela cumprir e fazer
o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
[...]”.(Fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha).
Disponível em: <http://escolakids.uol.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha.htm>. Acesso em: 24 ago.
2016.
Leia os textos 5 e 6 para responder à questão.
TEXTO 5
A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e essa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.
GÂNGAVO, P. M.. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (Adaptado)
TEXTO 6
Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se ela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé! [...]”.(Fragmento da Carta de Pero Vaz de Caminha).
Disponível em: <http://escolakids.uol.com.br/carta-de-pero-vaz-de-caminha.htm>. Acesso em: 24 ago. 2016.
os trechos de textos trazem informações sobre a estruturação social indígena, desprovida de organização social e de ausência de religiosidade.
Gabarito comentado
Comentário da Questão – Interpretação de Textos Históricos
Tema central: Esta questão cobra a interpretação de textos e análise crítica de discursos históricos, exigindo do candidato a habilidade de ler “nas entrelinhas”, ou seja, perceber não apenas o que está explícito, mas também os valores e julgamentos subjacentes.
Resolução pela norma-padrão e leitura crítica: Pela norma-padrão e pela boa interpretação, a análise dos textos evidencia que os autores europeus descrevem os indígenas a partir de uma ótica de superioridade colonial – consideram os nativos “carentes” de fé, lei e rei, logo, de organização e religiosidade (parâmetros europeus). Essa é uma postura etnocêntrica (termo fundamental para redações de vestibular!), como descrevem Bechara e Cunha & Cintra ao tratarem da leitura dos discursos históricos.
Alternativa correta (D): Os textos revelam o sentimento de superioridade dos europeus em relação aos indígenas, no que tange à organização social e à religiosidade. Basta notar expressões que atribuem ao indígena a “falta” do que o europeu valoriza (“fé, lei, rei”), desqualificando suas formas próprias de organização e crença.
Por que as outras alternativas estão erradas?
A) Embora haja choque cultural, o ponto central dos textos vai além: há clara avaliação de inferioridade, não apenas a simples diferença cultural. O foco é a análise valorativa, não o encontro.
B) Generalização e erro factual: Os indígenas possuíam religiosidade própria, o texto apenas retrata a não identificação europeia disso. Bechara ensina que inferências etnocêntricas são vícios de leitura histórica.
C) Novamente, erro factual: O texto reflete somente a visão do colonizador. Não corresponde ao conhecimento sobre as complexas formas de organização social indígena, apenas revela o olhar estrangeiro sobre elas.
Estratégias importantes: Ao interpretar textos históricos:
- Identifique sempre o locutor e o contexto de produção.
- Desconfie de afirmações generalistas ou absolutas sobre outros povos.
- Procure palavras que demonstrem julgamento de valor (“carece de...”, “digna de espanto”, “salvar esta gente”).
Dica de prova: Questões desse perfil cobram que você perceba o senso de superioridade nas falas históricas. Ler com atenção e se perguntar “De que ponto de vista este texto fala?” é chave para o sucesso!
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