Questão d3c5c685-3f
Prova:UEL 2018
Disciplina:Filosofia
Assunto:O Conhecimento Humano e o Conhecimento Divino, A Experiência do Sagrado

Leia o texto a seguir.


Os corcéis que me transportam, tanto quanto o ânimo me impele, conduzem-me, depois de me terem dirigido pelo caminho famoso da divindade [...] E a deusa acolheu-me de bom grado, mão na mão direita tomando, e com estas palavras se me dirigiu: [...] Vamos, vou dizer-te – e tu escuta e fixa o relato que ouviste – quais os únicos caminhos de investigação que há para pensar, um que é, que não é para não ser, é caminho de confiança (pois acompanha a realidade): o outro que não é, que tem de não ser, esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois não poderás conhecer o não-ser, não é possível, nem indicá-lo [...] pois o mesmo é pensar e ser.

PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade Santos. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15.


Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Parmênides, assinale a alternativa correta.

A
Pensar e ser se equivalem, por isso o pensamento só pode tratar e expressar o que é, e não o que não é – o não ser.
B
A percepção sensorial nos possibilita conhecer as coisas como elas verdadeiramente são.
C
O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por isso, a razão consegue conhecê-lo e expressá-lo.
D
A linguagem pode expressar tanto o que é como o que não é, pois ela obedece aos princípios de contradição e de identidade.
E
O ser é e o não ser não é indica que a realidade sensível é passível de ser conhecida pela razão.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: trata-se da doutrina de Parmênides sobre a identidade entre pensar e o ser. Para resolver a questão é preciso entender que, na tradição parmenidiana, só o "ser" é objeto legítimo do pensamento; o "não‑ser" é inconcebível e não pode ser pensado nem dito.

Resumo teórico e fonte: Parmênides (Da Natureza, frags.) sustenta que a via da verdade acompanha a realidade: o Ser é eterno, uno, imóvel e indivisível; os sentidos enganam e só a razão (logos) apreende o Ser. Pensar = Ser; logo não há pensamento do não‑ser. Texto-base: Parmênides, frags. 1–3 (trad. José Trindade Santos). Para contextualizar: Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers.

Por que A está correta — A afirma que pensar e ser se equivalem, logo o pensamento só trata do que é e não do que não é. Isso reproduz fielmente a tese central do fragmento: o caminho confiável é o do Ser; o Não‑Ser não pode ser conhecido nem nomeado.

Análise das incorretas:

B — Afirma que a percepção sensorial nos possibilita conhecer a realidade como ela é. Errado: Parmênides considera os sentidos ilusórios; só a razão alcança o Ser.

C — Diz que o Ser é mutável, divisível e móvel. Errado: contraria explicitamente Parmênides, que defende o Ser como imutável, indivisível e imóvel.

D — Sustenta que a linguagem pode expressar tanto o Ser quanto o Não‑Ser. Errado: para Parmênides a linguagem legítima segue a razão e não pode apreender o Não‑Ser, pois seria auto‑contradição.

E — Afirma que "O ser é e o não‑ser não é" indica que a realidade sensível é passível de ser conhecida pela razão. Parcial e enganosa: embora o enunciado parmenidiano seja correto, a conclusão de que a realidade sensível (physis) é conhecida pela razão é equivocada — Parmênides identifica a realidade verdadeira com o Ser racional, não com o mundo sensível.

Estratégia prática: procure termos-chave (ser/não‑ser, imutabilidade, razão vs. sentidos). Em provas, alternativas que atribuem confiança à experiência sensorial costumam contrariar Parmênides e são armadilhas.

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