Questão d0e13b98-bc
Prova:
Disciplina:
Assunto:
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:
No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina. A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:
A
“Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” Jean Paul Sartre
B
"Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” Santo Agostinho
C
“Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” Arthur Schopenhauer
D
“Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo." Michel Foucault
E
“O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança." Friedrich Nietzsche
Gabarito comentado
M
Michel MelloMestre em Filosofia (PUC-Rio), Mestre e Doutor em Filosofia (Universidade de Basel / Suiça)
Trata-se de uma questão extremamente interessante, dado que relaciona cultura grega e conhecimentos sobre ética contemporânea. Para entender melhor o que lhe é solicitado, o candidato deverá visionar dois elementos: a história de Édipo Rei e a análise de relações entre liberdade e determinismo. Resumamos aqui esses dois elementos:
Édipo Rei, clássica tragédia grega, coloca o destino ou moira como determinante (determinismo) na vida humana. O oráculo profetizou, vaticinou, que Édipo deveria ter um destino terrível para todo e qualquer homem: matar o pai e ter relações incestuosas com a mãe. Tudo foi feito na saga de Édipo para que isso não acontecesse, mas ao final, o destino vence e tal calamidade cai sobre a vida de Édipo. Podemos dizer que a cultura grega enfatiza o determinismo.
Determinismo e liberdade forjam uma questão seriamente debatida na história da Filosofia e até hoje continuam como tema atual. Chamamos de determinismo a linha de pensamento que entende toda ação humana como “determinada” por quaisquer forças externas: destino, deuses ou Deus, sociedade, biologia, etc. Já a tese da liberdade, seria que a ação do homem é absolutamente livre pela vontade que pode decidir racionalmente como agir. Vale a pena aqui salientar ao candidato que há uma diferença entre desejo e vontade. Essa é uma escolha, o desejo é um impulso. Existe também pensadores que se colocam no caminho intermediário entre determinismo e liberdade: o homem não é nem absolutamente coagido por forças externas quaisquer, nem pode agir sem algum influência externa.
O determinismo absoluto parece tirar do homem qualquer responsabilidade sobre suas ações, já a liberdade humana parece esquecer que o homem sofre influências externas também.
Outro fator a se destacar é que o determinismo é a tese clara presente no saga edipiana, não a liberdade. Outro ponto que ajuda a responder corretamente a questão é o fato dos autores presentes na alternativas serem todos, exceto um, defensores da tese sobre a liberdade – um somente é determinista. Assim, cabe ressaltar um estudo sistemático da história da Filosofia em seus aspectos gerais para a prova, pois se aquele que faz o exame não souber o tema em questão, poderá chegar a resposta por analogia, ou seja, comparando o enunciado e os autores. Dado essas observações, podemos dizer que:
A alternativa “a” está errada, dado que Sartre defende a liberdade absoluta do homem, pois como ele mesmo diz “somos condenados à liberdade”
A Alternativa “b” está correta uma vez que Agostinho de Hipona é o único pensador clássico nas alternativas (!) e ainda porque na proposição citada do autor ele afirma que uma força externa, no caso Deus, determina o curso da ação humana.
A alternativa “c” está errada, uma vez que assumir a vida é assumir a própria morte, com todas as suas incógnitas. Embora o autor possa ser visto por muito outros pensadores como uma espécie de determinismo pessimista, “o homem é um pêndulo entre o tédio e a dor”, sabemos que ele coloca a essência do mundo como “vontade e representação”, ou seja, liberdade e pensamento, em poucas palavras.
A alternativa “d” está errada pois nela Foucault recusa abertamente a possibilidade de algo externo determinar sua ação, e ainda mais se considerarmos que para o autor, não existe sequer natureza humana, muito menos algo a priori que a determine.
A alternativa “e” está errada por conhecermos o pensamento de Nietzsche, claramente crítico da moral tradicional ou dos “fracos”, que diz ser uma desculpa moralizante afirmar que algo é certo ou deve ser feito simplesmente porque um deus ou qualquer força externa o determina. A refutação do determinismo está na chamada “morte de Deus”, bem expressa na frase do filósofo.
Édipo Rei, clássica tragédia grega, coloca o destino ou moira como determinante (determinismo) na vida humana. O oráculo profetizou, vaticinou, que Édipo deveria ter um destino terrível para todo e qualquer homem: matar o pai e ter relações incestuosas com a mãe. Tudo foi feito na saga de Édipo para que isso não acontecesse, mas ao final, o destino vence e tal calamidade cai sobre a vida de Édipo. Podemos dizer que a cultura grega enfatiza o determinismo.
Determinismo e liberdade forjam uma questão seriamente debatida na história da Filosofia e até hoje continuam como tema atual. Chamamos de determinismo a linha de pensamento que entende toda ação humana como “determinada” por quaisquer forças externas: destino, deuses ou Deus, sociedade, biologia, etc. Já a tese da liberdade, seria que a ação do homem é absolutamente livre pela vontade que pode decidir racionalmente como agir. Vale a pena aqui salientar ao candidato que há uma diferença entre desejo e vontade. Essa é uma escolha, o desejo é um impulso. Existe também pensadores que se colocam no caminho intermediário entre determinismo e liberdade: o homem não é nem absolutamente coagido por forças externas quaisquer, nem pode agir sem algum influência externa.
O determinismo absoluto parece tirar do homem qualquer responsabilidade sobre suas ações, já a liberdade humana parece esquecer que o homem sofre influências externas também.
Outro fator a se destacar é que o determinismo é a tese clara presente no saga edipiana, não a liberdade. Outro ponto que ajuda a responder corretamente a questão é o fato dos autores presentes na alternativas serem todos, exceto um, defensores da tese sobre a liberdade – um somente é determinista. Assim, cabe ressaltar um estudo sistemático da história da Filosofia em seus aspectos gerais para a prova, pois se aquele que faz o exame não souber o tema em questão, poderá chegar a resposta por analogia, ou seja, comparando o enunciado e os autores. Dado essas observações, podemos dizer que:
A alternativa “a” está errada, dado que Sartre defende a liberdade absoluta do homem, pois como ele mesmo diz “somos condenados à liberdade”
A Alternativa “b” está correta uma vez que Agostinho de Hipona é o único pensador clássico nas alternativas (!) e ainda porque na proposição citada do autor ele afirma que uma força externa, no caso Deus, determina o curso da ação humana.
A alternativa “c” está errada, uma vez que assumir a vida é assumir a própria morte, com todas as suas incógnitas. Embora o autor possa ser visto por muito outros pensadores como uma espécie de determinismo pessimista, “o homem é um pêndulo entre o tédio e a dor”, sabemos que ele coloca a essência do mundo como “vontade e representação”, ou seja, liberdade e pensamento, em poucas palavras.
A alternativa “d” está errada pois nela Foucault recusa abertamente a possibilidade de algo externo determinar sua ação, e ainda mais se considerarmos que para o autor, não existe sequer natureza humana, muito menos algo a priori que a determine.
A alternativa “e” está errada por conhecermos o pensamento de Nietzsche, claramente crítico da moral tradicional ou dos “fracos”, que diz ser uma desculpa moralizante afirmar que algo é certo ou deve ser feito simplesmente porque um deus ou qualquer força externa o determina. A refutação do determinismo está na chamada “morte de Deus”, bem expressa na frase do filósofo.