Questão cca25f3e-9c
Prova:UECE 2019
Disciplina:Filosofia
Assunto:O Conhecimento Humano e o Conhecimento Divino, A Experiência do Sagrado

Sobre a questão da liberdade em Spinoza, a filósofa brasileira Marilena Chauí afirma o seguinte: “[...] o poder teológico-político é duplamente violento. Em primeiro lugar, porque pretende roubar dos homens a origem de suas ações sociais e políticas, colocando-as como cumprimento a mandamentos transcendentes de uma vontade divina incompreensível ou secreta, fundamento da ‘razão de Estado’. Em segundo, porque as leis divinas reveladas, postas como leis políticas ou civis, impedem o exercício da liberdade, pois não regulam apenas usos e costumes, mas também a linguagem e o pensamento, procurando dominar não só os corpos, mas também os espíritos”.

CHAUÍ, Marilena. Espinosa, uma subversão filosófica. Revista CULT, 14 de março de 2010. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/baruch-espinosa/.

O poder teológico-político é violento, porque

A
submete os homens a leis supostamente transcendentes ao negar-lhes a imanência de suas próprias ações.
B
retira dos homens a esperança de que suas ações tenham como causa e fim a transcendência divina.
C
transforma a linguagem e o pensamento dos homens em formas de libertação de corpos e espíritos.
D
recusa aos usos e costumes o papel de fundamento transcendente das ações políticas e leis civis dos homens.

Gabarito comentado

Athos VieiraHistoriador, Mestre em Ciência Política pelo IESP/UERJ e Doutorando em Ciência Política pelo IESP/UERJ
O que Espinosa revelou com as discussões acerca do homem e da Natureza (Deus) em sua filosofia foi que a teologia tornou-se ferramenta política, ou seja, deixou de tentar compreender a divindade para passar a justificar ações devido à divindade. Devido a isso, dominou as práticas e objetivos políticos. Sendo a politica uma manifestação do social e da coletividade, perde sua originalidade quando transfere para um poder transcendente a origem e a razão de seus sentidos e objetivos. Por isso o poder teológico-político é duplamente violento.
Resposta é a letra A.
A letra B está errada porque essa conexão entre os homens e a causalidade e desejo divinos é o que fortaleze o argumento religioso.
A letra C está errada, pois descreve exatamente a "segunda violência" do poder teológico-político, é exatamente por sua dominação sobre o político que ele IMPEDE que a linguagem e o pensamento tomem formas que libertem copos e espíritos.
A letra D está errada, pois não recusa usos e costumes, mas exatamente os torna transcendentes.

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