Questão cb02a8fa-b0
Prova:UFU-MG 2011
Disciplina:Filosofia
Assunto:Os Contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau), A Política

O desenvolvimento das ciências naturais na era moderna influenciou a corrente filosófica denominada empirismo que tem por característica fundamental a ênfase do papel da experiência sensível no conhecimento. Dentre os representantes do empirismo inglês podemos destacar, entre outros nomes, Thomas Hobbes, John Locke e David Hume.


Hobbes, apesar de receber também outras influências filosóficas como o nominalismo, é influenciado pelas ideias empiristas, tanto que a primeira parte de seu livro O Leviatã ou Forma e matéria do Estado é composta por uma teoria do conhecimento baseada nas ideias desta corrente. Um dos resultados desta influência é a concepção de pacto social: para Hobbes, observando o comportamento dos homens podemos conhecer sua natureza, assim, conclui: os pactos sem a espada não passam de palavras.


Com base no texto acima e em seus conhecimentos sobre a filosofia hobbesiana, assinale a alternativa que descreve o significado da expressão: os pactos sem a espada não passam de palavras.

A
O poder do Estado deriva da natureza humana: uma vez que os homens concordem em obedecer a lei, cumprirão integralmente a palavra dada.
B
O poder do Estado se consolida com o uso simbólico da espada no poder legislativo; a expressão palavras representa a lei.
C
A única forma de os homens cumprirem suas promessas é pelo medo da punição caso fujam do compromisso de manter a palavra dada.
D
A frase de Hobbes aplica-se somente ao estado de natureza, sendo desnecessário o uso da força no estado civil, depois do Estado constituído.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: A questão verifica a compreensão da teoria hobbesiana do contrato social e do papel do poder coercitivo. É preciso relacionar a metáfora da “espada” com a capacidade do Estado de garantir cumprimento das promessas por meio da força legítima.

Resumo teórico (claro e progressivo): Hobbes (Leviathan, 1651) parte de uma visão empirista da natureza humana: observando comportamentos, conclui que, no estado de natureza, prevalece a competição e o medo. Para sair desse estado de guerra, indivíduos firmam um pacto e transferem poderes a um soberano que detém o monopólio da força. Sem esse poder sancionador, os acordos são ineficazes.

Justificativa da alternativa C: “Os pactos sem a espada não passam de palavras” significa que apenas a existência de promessas não garante cumprimento; é o medo da punição (a autoridade coercitiva do soberano — a “espada”) que assegura obediência. Portanto, C expressa corretamente a ideia hobbesiana de que a garantia do contrato social depende da força do Estado para impor sanções.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Afirma que do acordo decorre cumprimento voluntário e íntegro; contradiz Hobbes, que não confia apenas na boa-fé humana, mas na coercitividade do soberano.

B — Incorreta. Confunde esfera simbólica e institucional: Hobbes não fala de “uso simbólico da espada” no legislativo; a “espada” representa o poder executivo/força que impõe leis, não um símbolo legislativo.

D — Incorreta. Nega a necessidade de força no Estado constituído; pelo contrário, Hobbes sustenta que o soberano continua a deter o poder de coação para garantir ordem e cumprimento dos pactos.

Dica de prova: Ao ver referências a “espada”, “medo”, “pacto” e “estado de natureza”, associe imediatamente a Hobbes e ao papel do soberano como detentor da força. Desconfie de alternativas que supõem confiança natural sem autoridade coercitiva.

Fontes recomendadas: Thomas Hobbes, Leviathan (1651), Partes I–II; Stanford Encyclopedia of Philosophy — entrada “Thomas Hobbes”.

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