Questão caea0929-b0
Prova:UFU-MG 2011
Disciplina:Filosofia
Assunto:Mito e Filosofia, Filosofia e a Grécia Antiga

Leia o texto e as assertivas abaixo a respeito das relações entre o nascimento da filosofia e a mitologia.

O nascimento da filosofia na Grécia é marcado pela passagem da cosmogonia para a cosmologia. A cosmogonia, típica do pensamento mítico, é descritiva e explica como do caos surge o cosmos, a partir da geração dos deuses, identificados às forças da natureza. Na cosmologia, as explicações rompem com a religiosidade: a arché (princípio) não se encontra mais na ordem do tempo mítico, mas significa princípio teórico, enquanto fundamento de todas as coisas. Daí a diversidade de escolas filosóficas, dando origem a fundamentações conceituais (e portanto abstratas) muito diferentes entre si.
ARANHA, M. L. A; MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 1993, p. 93.


I - Uma corrente de pensamento afirma que houve ruptura completa entre mito e filosofia, tal corrente é a que defende a tese do milagre grego.
II - Outra corrente de pensamento afirma que não houve ruptura completa entre mito e filosofia, mas certa continuidade, é a que defende a tese do mito noético.


Assinale a alternativa correta. 

A
I é falsa e II verdadeira.
B
I é verdadeira e II falsa.
C
I e II são verdadeiras.
D
I e II são falsas.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa C

Tema central: a questão avalia sua compreensão sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia antiga — em especial a passagem da cosmogonia (explicação mítica da origem do mundo) para a cosmologia filosófica, e as duas interpretações históricas sobre essa passagem.

Resumo teórico: - Na tradição mítica (ex.: Hesíodo) explicações são narrativas: os deuses e eventos geram o cosmos. - Os filósofos pré-socráticos (ex.: Tales, Anaximandro, Heráclito) introduzem a noção de arché — um princípio racional, impessoal e explicativo (água, apeíron, logos) — deslocando a explicação do plano religioso para o teórico/abstrato. - Historiografia: existem duas correntes principais: 1) a do "milagre grego" — enfatiza uma ruptura nítida entre mito e razão; 2) a do “mito noético” (continuidade) — defende que elementos míticos e imaginários persistem no pensamento filosófico, havendo continuidade e reapropriação simbólica.

Fontes e leituras recomendadas: Aranha & Martins (Filosofando, 1993) — citado no enunciado; para aprofundar: Kirk, Raven & Schofield, The Presocratic Philosophers; Guthrie, A History of Greek Philosophy.

Justificação da alternativa correta (C): As assertivas I e II descrevem, respectivamente, a tese do milagre grego (ruptura completa mito→filosofia) e a tese do mito noético (continuidade parcial). Ambas são correntes reconhecidas na historiografia da filosofia. Portanto, as duas assertivas são verdadeiras.

Análise das alternativas erradas: - A (I falsa e II verdadeira): incorreta porque I não é falsa — a tese do "milagre grego" existe e afirma ruptura. - B (I verdadeira e II falsa): incorreta porque II também é verdadeira; há correntes que defendem continuidade. - D (I e II falsas): incorreta pois ambas as teses existem e são pertinentes ao debate.

Dica de resolução: ao ler enunciados sobre correntes historiográficas, identifique palavras-chave (ruptura, continuidade, termos técnicos como arché, cosmogonia, cosmologia). Pergunte-se: “esta afirmação descreve uma posição reconhecida na literatura?” — se sim, marque como verdadeira.

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