Leia o texto a seguir.

Quando o artista [demiurgo] trabalha em sua obra, a vista dirigida para o que sempre se conserva igual a si mesmo, e lhe transmite a forma e a virtude desse modelo, é natural que seja belo tudo o que ele realiza. Porém, se ele se fixa no que devém e toma como modelo algo sujeito ao nascimento, nada belo poderá criar. [. . . ] Ora, se este mundo é belo e for bom seu construtor, sem dúvida nenhuma este fixará a vista no modelo eterno.

PLATÃO. Timeu. 28 a7-10; 29 a2-3. Trad. Carlos A. Nunes. Belém: UFPA, 1977. p. 46-47.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Platão, assinale a alternativa correta.

Alternativa correta: D

Tema central: a questão explora a doutrina platônica do demiurgo (no Timeu) e a relação entre o mundo sensível (o que devém) e os modelos eternos (as Formas). É fundamental distinguir modelo (permanente, inteligível) de cópia (sensível, mutável).

Resumo teórico (claro e progressivo):

- Para Platão, as Formas são arquétipos eternos e perfeitos.

- O demiurgo é o artífice do cosmos que, por ser bom, organiza o mundo sensível impondo ordem segundo esses modelos inteligíveis.

- O mundo sensível é belo na medida em que participa da ordem das Formas; se o artífice tomasse por modelo o que é mutável, o resultado seria imperfeito.

Justificativa da alternativa D: D afirma que "o olhar do demiurgo deve se dirigir ao que permanece, pois este é o modelo a ser inserido na realidade sensível." Isso condensa corretamente a ideia do Timeu: o demiurgo fixa-se nas Formas (o que permanece) para gerar um cosmos ordenado e belo. Portanto, D reproduz fielmente a concepção platônica do modelo inteligível como fonte do sensível.

Por que as outras alternativas estão erradas:

A: Inverte a direção da imitação: não é o mundo sensível que contém os modelos, mas sim o inteligível. A frase apresenta os modelos como sensíveis — incorreto.

B: Afirma que o sensível é o modelo para o que permanece — contradiz o núcleo da teoria das Formas, que são anteriores e fundamentam o sensível.

C: Diz que o artífice cria "uma obra plenamente bela" e que essa obra é a realidade percebida pelos sentidos. Platão distingue beleza participativa: o sensível jamais alcança a perfeição plena das Formas; é cópia imperfeita.

E: Propõe que o demiurgo observe as perfeições no mundo sensível para reproduzi-las — de novo confunde fonte e cópia. As perfeições verdadeiras estão nas Formas, não nas coisas sensíveis.

Estratégia de prova: ao ler enunciados sobre Platão, identifique termos-chave como permanecer vs devém, modelo vs cópia. Pergunte-se: quem é a fonte da ordem — o inteligível ou o sensível?

Fontes rápidas: Platão, Timeu; Stanford Encyclopedia of Philosophy — entradas sobre Plato's metaphysics e Timaeus.

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