Questão c6372803-af
Prova:UFU-MG 2010, UFU-MG 2010, UFU-MG 2010
Disciplina:Filosofia
Assunto:Provas da Existência Divina: Ontologia, Cosmologia e Teleologia, A Experiência do Sagrado

A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão).


PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental. In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval. Rio de Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77.



Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pensamento de Platão. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma dessas diferenças.

A
Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser humano.
B
Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não existe nenhuma realidade além do mundo natural em que vivemos.
C
Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma do corpo.
D
Para Platão, o conhecimento é, na verdade, reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o conhecimento é resultado da Iluminação divina, a centelha de Deus que existe em cada um.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: a questão contrasta o platonismo clássico com a adaptação cristã operada por Santo Agostinho. É essencial compreender o conceito de anamnesis (reminiscência) em Platão e a noção de iluminação divina em Agostinho.

Resumo teórico: Para Platão (Mênon, Fédon), o conhecimento verdadeiro é recordação: a alma, imortal, contemplou as Ideias antes do nascimento e reconhece-as novamente — daí a expressão anamnesis. Agostinho, influenciado pelo neoplatonismo (Plotino) e pelo cristianismo, mantém a hierarquia do real (o transcendente é superior ao mundo sensível) mas desloca a explicação epistemológica: o saber é fruto da Iluminação divina — Deus ilumina a mente humana, permitindo a apreensão das verdades (Confissões; De Trinitate; De Magistro).

Por que a alternativa D está correta: ela distingue corretamente as posições: Platão = conhecimento como reminiscência da alma; Agostinho = conhecimento como efeito da luz de Deus presente à alma. Essa descrição sintetiza com precisão a diferença epistemológica entre ambos.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. Reverte as posições: Platão admite acesso à verdade (por recolhimento das Ideias); Agostinho também admite conhecimento verdadeiro, mediado por Deus.

B — Incorreta. Afirma que Agostinho nega qualquer realidade além do mundo natural — o oposto do que ocorre. Agostinho enfatiza uma realidade trascendente (Deus) e critica o mero materialismo.

C — Incorreta. Platão defende a imortalidade da alma (Fédon); chamar a alma de não imortal e mera forma do corpo contraria sua teoria das Formas e da alma.

Dica de prova: busque termos-chave nas alternativas: "reminiscência", "iluminação divina", "mundo das Ideias", "imortalidade". Conecte cada termo ao autor correspondente (Platão → anamnesis; Agostinho → iluminação/Deus). Evite alternativas que invertam as doutrinas ou apresentem negações absolutas sem suporte textual.

Fontes sugeridas: Platão — Mênon, Fédon; Agostinho — Confissões, De magistro, De Trinitate; Plotino — Enéadas (influência neoplatônica).

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