Questão c6293a2e-af
Prova:UFU-MG 2010, UFU-MG 2010, UFU-MG 2010
Disciplina:Filosofia
Assunto:Mito e Filosofia, Filosofia e a Grécia Antiga

A relação entre mito e filosofia é objeto de polêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos continuaram presentes – seja como forma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico.
A partir destas informações, assinale a alternativa que NÃO contenha um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico.

A
Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a divindade do nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros...”
B
Platão propõe algumas teses como a teoria da reminiscência e a transmigração das almas.
C
Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”.
D
Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético, o prático e o poético.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: alternativa D.

Tema central: trata-se da relação entre mito e filosofia na Grécia antiga — saber reconhecer quando um enunciado filosófico contém imagens ou conteúdos míticos (deuses, vida após a morte, transmigração, narrativas poéticas) ou quando expõe um discurso conceitual e sistemático.

Resumo teórico: muitos pensadores pré-socráticos e clássicos usam linguagem poética e mitológica (Parmênides, Heráclito) ou incorporam tradições míticas (Platão usa a anamnese e mitos da alma). Já Aristóteles inaugura um tratamento mais analítico e classificatório das ciências, sem recorrer a narrativas míticas: distingue os saberes teóricos (theoria), práticos (praxis) e produtivos/poéticos (poiesis) — ver Aristóteles, Ética a Nicômaco e textos sobre método científico.

Por que a alternativa D é a correta? Porque a divisão aristotélica em ramos do saber é uma operação conceitual e metodológica tipicamente filosófica/científica, sem recurso a imagens mitológicas ou a explicações por deuses. É um exemplo de racionalização e sistematização do conhecimento, não de pensamento mítico.

Análise das alternativas incorretas:

A: Mesmo que a citação atribuída tenha origem mítica (por exemplo, na teologia poética), filósofos como Parmênides usam proemios mitopoéticos (deusa, viagem) no seu poema. Logo, contribui para a tese de continuidade entre mito e filosofia — é exemplo de presença do mito no discurso filosófico.

B: Platão apresenta a teoria da reminiscência (anamnese) e aceita, em vários diálogos, a ideia de transmigração das almas (véu mitológico e teológico sobre a condição da alma). São conteúdos claramente carregados de temática mítica/análoga a tradições religiosas e poéticas.

C: Heráclito usa imagens simbólicas e mitológicas — frases fragmentárias que aludem ao Hades, ao aroma dos mortos, etc. Essa linguagem mítica-metafórica mostra continuidade entre mito e pensamento filosófico.

Estratégia de prova: ao identificar “pensamento mítico” procure por: referências a deuses, viagens ao outro mundo, transmigração da alma, linguagem poética ou narrativa. Se a alternativa apresenta classificações, definições racionais ou métodos — costuma indicar discurso filosófico não-mítico.

Fontes de apoio: Parmênides (poema), Heráclito (fragmentos), Platão (Fédon, Fédro — anamnese), Aristóteles (Ética a Nicômaco — classificação das atividades humanas).

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