A persistência histórica dos conflitos geopolíticos descritos na reportagem pode ser filosoficamente compreendida pela teoria
A China é a segunda maior economia do mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal, como fizeram os Estados Unidos no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas temem por um atol de rochas desabitado que disputam com a China. O Japão está de plantão por umas ilhotas de pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem. Mesmo o Vietnã desconfia mais da China do que dos Estados Unidos. As autoridades de Hanói gostam de lembrar que o gigante americano invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o Vietnã dezessete.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — política de Hobbes
Tema central: a questão trata da persistência histórica de conflitos geopolíticos — disputa por hegemonia, desconfiança entre Estados e ações militares repetidas. Para resolver, é necessário reconhecer qual teoria política explica a competição contínua entre atores sem uma autoridade suprema.
Resumo teórico progressivo (Hobbes): Thomas Hobbes (Leviatã, 1651) descreve a natureza humana como marcada por competição, desconfiança e busca de segurança. No "estado de natureza" há conflito permanente; os indivíduos aceitam um contrato social para criar um soberano que garanta ordem. Aplicado às relações internacionais, na ausência de um soberano global, prevalecem a competição e a insegurança — explicando rivalidades e buscas por hegemonia (lógica do realismo clássico, ver também Hans Morgenthau).
Justificativa da alternativa E: o texto destaca hegemonia regional, disputas territoriais e repetidas invasões — exemplos de competição e recíproca desconfiança. Esses traços correspondem diretamente à concepção hobbesiana de relações marcadas por conflito e insegurança quando não há autoridade supranacional que imponha paz.
Análise das alternativas incorretas
A — iluminista: o iluminismo enfatiza razão, progresso e possibilidade de emancipação humana. Não explica bem a continuidade de choques geopolíticos; é otimista quanto à cooperação baseada na razão.
B — maquiavélica: Maquiavel (O Príncipe) trata de virtù e fortuna e do uso da astúcia e do poder na política. Embora relevante para práticas de poder, a ênfase é tática e normativa, não captura tão diretamente a ideia de competição estrutural e insegurança contínua como Hobbes.
C — Rousseau: Rousseau valoriza a submissão à vontade geral para alcançar liberdade coletiva — conceito interno à comunidade política. Não oferece explicação adequada para rivalidades interestaduais persistentes.
D — teológica de Santo Agostinho: Agostinho aborda pecado, cidade de Deus e imperfeição humana sob perspectiva religiosa. Embora relacione conflito e pecado, sua explicação é teológica e não a teoria política realista que o enunciado exige.
Dica de prova: ao ler alternativas, destaque palavras-chave do enunciado (competição, desconfiança, hegemonia). Relacione-as rapidamente às teorias: se o foco é conflito estrutural e insegurança, pense em Hobbes/realismo.
Fontes sugeridas: Thomas Hobbes, Leviatã (1651); Niccolò Machiavelli, O Príncipe; Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social; Hans Morgenthau, Politics Among Nations.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






