Leia atentamente o seguinte trecho do texto
Hobbesiano, que se refere a um pacto entre
“contratantes” em estado de natureza:
“Quando se faz um pacto em que ninguém
cumpre imediatamente sua parte, e uns confiam nos
outros, na condição de simples natureza (que é uma
condição de guerra de todos os homens contra todos
os homens), a menor suspeita razoável torna nulo
este pacto. Mas se houver um poder comum situado
acima dos contratantes, com direito e força
suficientes para impor seu cumprimento, ele não é
nulo”.
HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e
poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. João P.
Monteiro e Maria B. Nizza. 3ª Ed. São Paulo:
Abril Cultural, 1983.
No que diz respeito ao estado de natureza, como
mencionado, considere as seguintes afirmações:
I. Entre o estado de natureza e o estado
civil (ou estado de sociedade), há uma
relação de contraposição, pois o estado
de sociedade surge como antítese
corretiva ao estado de natureza.
II. A passagem do estado de natureza ao
estado de sociedade ocorre
espontaneamente, ou seja, como
decorrência do processo de propensão
natural dos indivíduos ao consenso.
III. O estado de natureza é um estado
cujos elementos constitutivos são os
indivíduos singulares, livres e iguais,
mas que vivem uma vida solitária, cruel
e animalesca, da qual precisam
escapar.
É correto o que se afirma em
Gabarito comentado
Resposta correta: A — I e III apenas.
Tema central: entende-se aqui a concepção hobbesiana do estado de natureza e a razão pela qual os indivíduos estabelecem um pacto social que dá origem ao estado civil. É essencial saber que, para Hobbes, a saída do estado de natureza depende da criação de um poder comum capaz de impor obediência (o "Leviatã").
Resumo teórico progressivo
Estado de natureza (Hobbes): condição hipotética em que não existe poder comum; indivíduos, iguais em capacidade, competem por recursos, gerando desconfiança e conflito — a famosa fórmula: "solitary, poor, nasty, brutish, and short" (Leviathan, 1651).
Passagem ao estado civil: não é fruto de uma propensão espontânea ao consenso, mas de um cálculo racional de autopreservação: para escapar da insegurança, os indivíduos fazem um pacto e transferem poderes a uma autoridade capaz de garantir o cumprimento dos acordos.
Por que a alternativa A é correta
I — Verdadeira. Há contraposição entre estado de natureza e estado civil: o segundo surge para corrigir os perigos do primeiro, funcionando como antítese que assegura paz e segurança.
III — Verdadeira. O estado de natureza tem como elementos indivíduos livres e iguais que, sem instituição comum, vivem em situação conflituosa e precária, da qual procuram escapar por meio do pacto.
Por que a afirmação II é falsa
II — Falsa. Hobbes não descreve a passagem como espontânea por tendência natural ao consenso. Pelo contrário, trata-se de um ato deliberado motivado pelo medo e pelo cálculo da autopreservação; sem um poder que imponha as obrigações, os pactos são frágeis e anuláveis.
Análise das alternativas incorretas
B (II e III): invalida-se porque II é falsa.
C (I e II): invalida-se porque II é falsa.
D (I, II e III): invalida-se porque inclui II.
Dica de prova: atenção a termos como "espontaneamente", "propensão natural" — eles costumam indicar concepções mais próximas de Rousseau ou de leituras idealistas; com Hobbes, procure keywords como "medo", "autopreservação", "poder comum" e "imposição".
Fonte recomendada: Thomas Hobbes, Leviathan (1651). Traduções e comentários em manuais de filosofia política contemporâneos ajudam a fixar o vocabulário hobbesiano.
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