Na primeira parte da Apologia de Sócrates, escrita por Platão, Sócrates apresenta a sua defesa diante dos
cidadãos atenienses, afirmando que: “(...) considerai o seguinte e só prestai atenção a isto: se o que digo é
justo ou não. Essa de fato é a virtude do juiz, do orador (...)” (PLATÃO, 2000\2003, p.4). A partir da análise do
fragmento, qual é, segundo Sócrates, a virtude do juiz, do orador, a que se refere o texto em questão?
Gabarito comentado
Alternativa correta: B - Dizer a verdade.
Tema central: a questão explora a postura socrática diante do tribunal — a primazia da verdade e da justiça como orientação do discurso público. Para responder, é preciso conhecer a diferença entre a prática de Sócrates (busca da verdade pelo diálogo) e a retórica dos sofistas (persuasão independentemente da verdade).
Resumo teórico: Sócrates, em Platão (Apologia), afirma que o juiz e o orador devem atender ao que é justo, ou seja, à verdade e à razão, não à aparência ou à habilidade de convencer por artifício. A técnica socrática (elenchus) visa clarificar afirmações e expor contradições, buscando a verdade ética. Fontes: Platão, Apologia de Sócrates; introduções à filosofia grega e artigos da Stanford Encyclopedia of Philosophy (s.v. "Socrates").
Justificativa da alternativa B: O trecho citado pede que se considere se "o que digo é justo ou não" — isso aponta diretamente para a exigência de veracidade e justiça no discurso. Assim, a virtude do juiz/orador, segundo Sócrates, é falar a verdade e orientar-se por aquilo que é justo, não por artifícios persuasivos.
Análise das alternativas incorretas:
A - Lidar com a mentira. Errada: Sócrates não recomenda conviver com mentiras; ele propõe enfrentá-las pela investigação racional — a ênfase é na verdade, não em "lidar" com mentiras.
C - Tergiversar a verdade. Errada: tergiversar é evasão. Sócrates critica exatamente esse comportamento; sua prática é confrontar e esclarecer, não camuflar.
D - Convencer-se das acusações. Errada: o juiz não deve simplesmente acreditar nas acusações: deve avaliar se são justas/verdadeiras. "Convencer-se" sem exame crítico contraria a exigência socrática de exame racional.
E - Deixar-se guiar somente pela defesa. Errada: guiar-se apenas pela defesa seria parcialidade; Sócrates pede atenção ao que é justo, independentemente de quem defende.
Dica de interpretação: procure no enunciado palavras-chave como "justo" e "prestai atenção" — elas indicam que se valoriza a verdade e o julgamento racional. Elimine alternativas que exprimam parcialidade, evasão ou aceitação acrítica.
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