Questão 791ecfca-fc
Prova:UFT 2019
Disciplina:Filosofia
Assunto:A Metafísica de Aristóteles, Filosofia e a Grécia Antiga

Isso, pois, é o que também ocorre com as virtudes: pelos atos que praticamos em nossas relações com os homens nos tornamos justos ou injustos; pelo que fazemos em presença do perigo e pelo hábito do medo ou da ousadia, nos tornamos valentes ou covardes. O mesmo se pode dizer dos apetites e da emoção da ira: uns se tornam temperantes e calmos, outros intemperantes e irascíveis, portando-se de um modo ou de outro em igualdade de circunstâncias.
Fonte: ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, 1979, p. 68


Na Ética a Nicômaco, Aristóteles estabeleceu certo tipo de comportamento a ser assumido frente às ações e às paixões a qual denominou virtude moral. Segundo este filósofo grego, para ser moralmente virtuoso era preciso ter boa medida, a fim de viver bem na comunidade à qual se pertencia e, com isso, surgiria a possibilidade de uma vida feliz entre seus concidadãos.


A boa medida nas ações e nas paixões que levaria a uma vida feliz seria alcançada mediante:

A
um trabalho puro e imediato da razão, guia necessário e suficiente para as mais diversas ações humanas.
B
a boa associação entre hábitos e razão, permitindo escolher as melhores formas de agir frente às circunstâncias.
C
a habituação que conduzisse o homem a sempre conformar suas ações com quaisquer de seus mais diversos desejos.
D
a contemplação filosófica de ideias universais que serviam como paradigmas para toda a vida em comunidade.

Gabarito comentado

H
Helena Moura Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão cobra a compreensão da teoria das virtudes morais em Aristóteles, apresentada na obra Ética a Nicômaco. O foco é entender como se desenvolve o comportamento virtuoso e qual o papel da razão e do hábito na formação do caráter moral.

Conceitos-chave: Para Aristóteles, virtude moral não nasce inata, mas é fruto da habituação (éthos) guiada pela razão. A excelência moral é alcançada pela repetição consciente de ações equilibradas, orientadas pela razão prática (phronesis). Assim se busca o meio-termo (mésotes) entre os extremos do excesso e da falta.

Justificativa da alternativa correta (B): A alternativa B acerta ao destacar a associação entre hábitos e razão. Não basta agir mecanicamente: o indivíduo precisa refletir e deliberar sobre suas ações, formando hábitos virtuosos sustentados por escolhas racionais. Isso permite agir adequadamente nas circunstâncias diversas da vida comunitária, o que, segundo Aristóteles, é o caminho para a felicidade (eudaimonia).

Análise das alternativas incorretas:

A) Reduz a virtude a um “trabalho puro e imediato da razão”, desconsiderando o valor da prática e do hábito. Para Aristóteles, a razão guia, mas a virtude constrói-se pela repetição prática, não apenas pelo pensamento.

C) Defende a habituação conforme qualquer desejo, o que contraria toda a ética aristotélica, pois virtude significa conter e equilibrar desejos, não satisfazê-los de modo irrefletido. Aristóteles combate o excesso e a falta, buscando a justa medida.

D) Apesar de Aristóteles valorizar a contemplação, é na ética prática — e não apenas na contemplação — que a virtude moral se realiza. Nesta obra, o foco é agir de acordo com hábitos razoáveis, e não contemplar ideias universais abstratas (como propunha Platão).

Dicas para interpretar corretamente: Preste atenção a palavras que indicam exclusividade ou generalização (“puro”, “imediato”, “quaisquer desejos”, “sempre”) — muitas vezes elas marcam erros. Compare também as diferenças entre ética da ação (virtudes morais) e ética da contemplação (virtudes dianoéticas) em Aristóteles para evitar confusões.

Resumo: A alternativa B apresenta o equilíbrio correto defendido por Aristóteles: a prática consciente de hábitos orientados pela razão é o caminho para uma vida plena e feliz.

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