Em 2014, completaram-se 50 anos do Golpe de Estado
que depôs o presidente João Goulart (Jango), evento que
marcou o início de uma ditadura civil-militar no Brasil.
Para compreender esse golpe, é preciso recuperar
a atmosfera da época, os tempos da Guerra Fria.
De um lado, os EUA e o chamado mundo livre,
ocidental e cristão. De outro, a União Soviética e
o mundo socialista. Não havia espaço para meios termos. A luta do Bem contra o Mal. Para muitos,
Jango era o Mal; a ditadura, se fosse o caso, um Bem.
(http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2012/03/31/a-ditadura-civil-militar-438355.
asp Acesso em: 08.01.2014. Adaptado)
Refletindo sobre as informações acerca do Golpe de Estado referido no texto, é correto concluir que
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A
Tema central: a questão exige compreender o contexto da Guerra Fria e como a percepção de "ameaça comunista" influenciou a interpretação e reação de agentes internos e externos ao governo de João Goulart (Jango) em 1964.
Resumo teórico breve: durante a Guerra Fria (décadas de 1940–1991) qualquer governo com políticas de reforma social, aproximação com movimentos sindicais ou nacionalização de setores podia ser rotulado, pelos setores conservadores e pelos EUA, como "pró-soviético" ou suscetível à "cubanização". No Brasil, propostas de reforma agrária e alianças com setores progressistas fizeram Jango ser percebido como alinhado à esquerda, gerando apoio interno conservador e apoio tácito dos EUA ao golpe de 1964. (ver Skidmore; documentos do National Security Archive).
Por que a alternativa A está correta: o enunciado fala da visão maniqueísta da Guerra Fria: "De um lado... EUA... Do outro, União Soviética... Para muitos, Jango era o Mal". Isso indica que o governo de Jango foi associado ao modelo soviético (ou, mais genericamente, ao comunismo/socialismo) no discurso conservador e em setores que apoiaram o golpe. Essa associação — real ou construída — foi uma justificativa central para a deposição.
Análise das alternativas incorretas:
B — Incorreta. Ao contrário, os EUA não criticaram a deposição: documentos mostram apoio diplomático e logístico norte-americano ao movimento que derrubou Jango (controle de informações, contatos com militares). Portanto a alternativa inverte os fatos.
C — Incorreta e anacrônica. Não há nenhum registro de ordens de Jango para o Exército combater os EUA; ele buscou apoio popular e medidas internas, não declaração de guerra contra potências estrangeiras.
D — Incorreta. O contexto da Guerra Fria não “levou Jango a se associar ao Exército durante a ditadura”: houve, na verdade, ruptura entre Jango e setores das Forças Armadas; a ditadura só se instalou após a deposição do presidente, não durante uma associação com o Exército.
E — Incorreta. Não há evidência de que a União Soviética tenha articulado o golpe contra Jango; pelo contrário, o golpe contou com apoio de setores conservadores nacionais e apoio tácito dos EUA.
Dica de prova: identifique no enunciado palavras que remetem à Guerra Fria ("mundo livre", "União Soviética", "não havia espaço para meios termos"). Questões sobre golpes de 1964 costumam explorar a diferença entre correlação (Jango era associado à esquerda) e causalidade direta (culpabilização por intervenção soviética). Leia procurando quem rotulou quem e que agentes efetivamente apoiaram o golpe.
Fontes sugeridas: Thomas Skidmore, documentos do National Security Archive sobre Brasil 1964, James Green (história do Brasil contemporâneo).
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