Com relação à noção de estado de natureza, que é o estado em que os seres humanos se
achavam antes da formação da sociedade, podem-se identificar, na filosofia política moderna, três
tendências:
1. Os seres humanos são naturalmente egoístas e, no estado de natureza, se achavam numa
guerra de todos contra todos daí que, por medo uns dos outros, aceitam renunciar à liberdade
e constituir um Soberano, o estado, que garanta a paz.
2. Não é por medo uns dos outros, e sim para garantir o direito à propriedade e à segurança que
os seres humanos consentem em criar uma autoridade que possa tornar isso possível.
3. No estado de natureza, os seres humanos eram felizes e foi o advento da propriedade privada
e da sociedade civil que tornou alguns escravos de outros.
Podem-se atribuir essas três concepções, respectivamente, a
Gabarito comentado
Alternativa correta: B — Hobbes, Locke e Rousseau
Tema central: Entender a noção de estado de natureza é fundamental na filosofia política moderna: trata-se da hipótese sobre como eram os seres humanos antes da formação do Estado e da sociedade política. É recorrente em provas porque cada autor usa essa hipótese para justificar a origem e a legitimidade do poder político.
Resumo teórico progressivo:
- Thomas Hobbes (Leviatã, 1651): os indivíduos são naturalmente inclinados ao conflito; no estado de natureza há uma “guerra de todos contra todos” e, por medo da morte violenta, as pessoas consentem renunciar liberdades a um Soberano absoluto que garanta a paz.
- John Locke (Segundo Tratado do Governo, 1689): indivíduos têm direitos naturais (vida, liberdade, propriedade); o contrato político visa principalmente proteger a propriedade e a segurança, criando um governo por consentimento.
- Jean-Jacques Rousseau (Discurso sobre a Desigualdade, 1754; Do Contrato Social, 1762): o homem natural era, em essência, indiferente e feliz; a propriedade privada e a sociedade civil introduziram desigualdade e servidão.
Por que a alternativa B está correta: Cada descrição do enunciado corresponde, respectivamente, às teses clássicas de Hobbes (medo e soberania), Locke (proteção da propriedade) e Rousseau (a propriedade cria desigualdades). As obras citadas acima sustentam essas leituras.
Análise das alternativas incorretas:
- A: Maquiavel não propõe a visão do estado de natureza como em (1) nem em (2)/(3) — suas reflexões são sobre poder e virtù, não sobre contrato natural como em Hobbes/Locke/Rousseau.
- C: Inverte autores: Maquiavel não corresponde à descrição 1; Hobbes corresponde à 1, não à 2; Locke corresponde à 2, não à 3 — portanto erro de atribuição.
- D: Rousseau como 1 está incorreto (ele não descreve o estado de natureza como guerra); Maquiavel como 2 também é inadequado.
Estratégias para provas: procure palavras-chave: “guerra de todos contra todos” → Hobbes; “propriedade” e “direito à propriedade” → Locke; “felizes no estado de natureza” ou “desigualdade oriunda da propriedade” → Rousseau. Desconfie de alternativas que misturam temas de autores diferentes.
Principais referências: Thomas Hobbes, Leviatã (1651); John Locke, Segundo Tratado do Governo (1689); Jean-Jacques Rousseau, Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens (1754) e Do Contrato Social (1762).
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