Considere o seguinte trecho
“No diálogo Mênon, Platão faz Sócrates sustentar que a virtude não pode ser ensinada,
consistindo-se em algo que trazemos conosco desde o nascimento, defendendo uma concepção,
segundo a qual temos em nós um conhecimento inato que se encontra obscurecido desde que a
alma encarnou-se no corpo. O papel da filosofia é fazer-nos recordar deste conhecimento”
MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2000. p. 31.
Nesse trecho, o autor descreve o que ficou conhecido como
Gabarito comentado
Resposta correta: B — a doutrina da reminiscência (anamnesis)
Tema central: a questão trata da ideia platônica de que o conhecimento verdadeiro é inato e deve ser recordado pela alma, não adquirido por ensino direto. Esse é um ponto-chave do diálogo Mênon e da interpretação da epistemologia platônica.
Resumo teórico claro: Em Mênon, Sócrates afirma que a alma é imortal e já conheceu as Formas antes de encarnar; aprender é, portanto, relembrar (anamnesis). Platão ilustra com o interrogatório do escravo analfabeto, que, guiado por perguntas, “recorda” uma verdade geométrica. A função da filosofia é provocar essa recordação. (Plato, Meno; explicações modernas em Marcondes, Textos Básicos de Filosofia.)
Por que B é correta: O enunciado fala exatamente de conhecimento inato obscurecido pela encarnação da alma e do papel da filosofia em fazê-lo recordar — descrição clássica da doutrina da reminiscência. O termo técnico platônico para esse processo é anamnesis.
Análise das alternativas incorretas:
A — teoria das ideias de Platão: relacionada, pois as Formas (Ideias) são o conteúdo do conhecimento verdadeiro; porém a teoria das ideias explica o que é conhecido (as Formas), não o processo epistemológico de recordação. A opção confunde conteúdo com mecanismo.
C — ironia socrática: é a técnica de Sócrates de fingir ignorância para levar o interlocutor a expor contradições. Não descreve a tese sobre conhecimento inato ou recordação.
D — dialética platônica: a dialética é o método racional de ascender ao conhecimento das Formas por meio de perguntas e análises; embora vinculada à anamnesis, não é a doutrina de que o conhecimento é inato. Aqui a ênfase do trecho é a origem e o recolhimento do saber — ponto que identifica a reminiscência.
Dica de interpretação para concursos: procure palavras-chave no enunciado: “trazemos conosco desde o nascimento”, “conhecimento inato”, “fazer-nos recordar”, “alma encarnou-se” apontam diretamente para anamnesis/reminiscência. Desconfie de alternativas próximas (como Teoria das Ideias ou Dialética) — compare se a alternativa trata de conteúdo (Formas) ou do processo epistemológico (recordação).
Fontes: Platão, Meno; Marcondes, Danilo. Textos Básicos de Filosofia (Jorge Zahar).
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