Se com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza
humana dada e imutável, por outras palavras, não há um determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade, o
homem está condenado a ser livre. Condenado, não porque não se criou a si próprio, mas uma vez lançado no
mundo é responsável por tudo quanto fizer. A liberdade, dentro da visão existencial, caracteriza-se pela
possibilidade do ser Para-Si, um ser de consciência capaz de planejar suas realizações, sem que haja conteúdos
dados, ou inatos que o impulsionariam para esta ou aquela realização.
CHAUI, MARILENA. Convite à Filosofia. 12. ed. São Paulo: Ática, 2002.
Sartre, em um de seus mais conhecidos aforismos, dizia “Eu estou condenado a ser livre”, já que, nesta ausência
de essência da consciência, esta se vê obrigada a projetar, a construir-se, já que a única escolha que não se pode
fazer é a de não ser livre. O ser livre só pode existir porque:
O homem é também um ser-em-si, é aquele que se projeta, se lança para o futuro e faz de suas escolhas, suas
responsabilidades.
Gabarito comentado
Gabarito: Alternativa D
Tema central: a doutrina existencialista de Jean-Paul Sartre, resumida no lema “a existência precede a essência”. Isso significa que o ser humano primeiro existe, surge no mundo e só depois constrói sua essência por meio de escolhas livres — passando a ser responsável por elas.
Resumo teórico (essencial): segundo Sartre (O Ser e o Nada; O Existencialismo é um Humanismo), o homem é ser-para-si (consciência projetiva), não um ser com natureza fixa. A liberdade é inescapável e vem acompanhada de responsabilidade e angústia. Ao escolher, o indivíduo não escolhe apenas para si, mas simultaneamente formula um modelo de homem — implicando uma escolha de valor universal.
Por que a D está correta: afirma que, ao construir sua essência ao longo da vida, o indivíduo é responsável pelo que faz de si e, ao escolher, opta por um modelo de humanidade — exatamente a ideia sartreana de que nossas escolhas implicam uma concepção do que o homem deve ser. Isso recupera a passagem clássica de Sartre: cada ato vale como norma para todos.
Análise das alternativas incorretas:
A — incorreta: confunde ser-em-si (coisa, existência plena, sem consciência) com o que projeta o futuro. O sujeito projetivo é ser-para-si, não ser-em-si.
B — incorreta: reduz a ação humana ao acaso e ao determinismo das circunstâncias externas. O existencialismo sustenta que, mesmo em condições limitantes, a liberdade e a responsabilidade persistem.
C — incorreta: afirma que nascemos com natureza acabada e conteúdos a priori que determinam escolhas — posição contrária ao lema sartreano. Isso corresponde a uma visão essencialista, não existencialista.
E — incorreta: admite uma predeterminação/natureza pronta, o que contradiz a tese de que a essência é construída após a existência. Além disso, embora escolhas tenham coerência, Sartre destaca a contingência e responsabilidade radical, não uma “predestinação” coordenada.
Dica de prova: ao ver “existência precede essência”, associe imediatamente a Sartre: liberdade, responsabilidade, ser-para-si. Procure palavras-chave nas alternativas — “ser-em-si”, “natureza acabada”, “predeterminação” são sinais de erro.
Fontes: Sartre, O Existencialismo é um Humanismo; Chauí, Convite à Filosofia (cap. Existencialismo).
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