Questão 36d01120-b0
Prova:UFPR 2011, UFPR 2011, UFPR 2011, UFPR 2011, UFPR 2011
Disciplina:História
Assunto:Guerra Fria e seus desdobramentos, Conflitos na antiga Europa do Leste, História Geral, Queda do Socialismo Real

O fim do comunismo na Europa Oriental e na União Soviética, entre 1989 e 1991, foi um fato inesperado para a maioria da comunidade acadêmica e política, pois ele não apresentava sinais aparentes de deterioração. O historiador Mark Mazower declarou: “A liberdade foi a consequência; o desejo de liberdade não foi necessariamente a causa”. Segundo essa afirmação e os conhecimentos sobre o assunto, é correto afirmar:

A
O comunismo terminou com a queda do Muro de Berlim e a reunificação alemã, depois que os comunistas reconheceram a legitimidade do sindicato Solidariedade, cujo líder era Lech Walesa, levando a economia dos países a se modernizar.
B
Nesse processo, predominaram os interesses do capital privado ocidental, que desejava acabar com o comunismo para implantar o liberalismo no leste, com o desmonte do Estado de Bem-Estar sem uma base alternativa para sustentar as economias daqueles países.
C
O que fez o comunismo sucumbir foi a dissolução da União Soviética, após a assinatura dos tratados de desarmamento nuclear com os Estados Unidos, dando fim à Guerra Fria e, por consequência, à necessidade de manter a cortina de ferro.
D
O fator preponderante foi a desistência da União Soviética em manter seu império, pois se tornara uma política dispendiosa e que levava à instabilidade político-militar dos países satélites.
E
O fim do comunismo foi resultado de muitos fatores, nos quais as lutas populares só tiveram peso decisivo no final (com exceção da Polônia): crise da indústria pesada, aliada a desabastecimentos e aumento de preços, conduzidos por um partido único em lento declínio, após décadas de ditadura e de repressão à oposição.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: E

Tema central: a queda do comunismo na Europa Oriental e na URSS (1989–1991) é um processo multifatorial — econômico, político e social — em que a mobilização popular teve papel importante, mas muitas vezes decisivo apenas nas etapas finais. A frase de Mark Mazower (“A liberdade foi a consequência; o desejo de liberdade não foi necessariamente a causa”) indica que mudanças estruturais e decisões políticas criaram condições em que a liberdade tornou-se possível.

Resumo teórico: fatores combinados explicam o colapso — estagnação econômica e crise da indústria pesada; desabastecimento e deterioração do padrão de vida; perda de legitimidade dos partidos únicos; reformas de Gorbachev (glasnost e perestroika) e a opção soviética por não usar força para manter os satélites; e, por fim, ondas de protesto e transições políticas (com destaque à Polônia, onde Solidarnosc abriu caminho já em 1989).

Por que E está correta:

A descreve corretamente a natureza multifatorial do colapso: crise econômica e social prolongada, partidos únicos em declínio e lutas populares que se tornam decisivas principalmente no desfecho — salvo exceções (Polônia). Esse enunciado integra causas estruturais e contingenciais, coerente com a literatura histórica.

Análise das alternativas incorretas

A — simplifica o processo atribuindo o fim ao Muro de Berlim e à legitimidade de Solidariedade como causa única; além disso mistura cronologias e exagera a ideia de que isso imediatamente levou à modernização econômica.

B — exagera a primazia dos interesses do capital ocidental como causa determinante. Houve influência e pressão por reformas de mercado, mas o colapso teve raízes internas básicas (econômicas e políticas) e decisões soviéticas próprias.

C — confunde correlação e causalidade: tratados de desarmamento e fim da Guerra Fria foram relevantes, mas não foram a causa direta da dissolução do comunismo; a URSS dissolveu-se por crises internas e políticas, não apenas pelos acordos nucleares.

D — aponta um fator real (a desistência soviética de intervir) mas o trata como único preponderante. A retirada de apoio de Moscou foi crucial, porém insuficiente para explicar sozinha o colapso sem as crises econômicas e a delegitimação interna.

Fontes sugeridas: Archie Brown, The Gorbachev Factor; textos de Mark Mazower; obras de historiadores como Eric Hobsbawm e análises sobre 1989–1991.

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