No cristianismo, a importância da amizade como
fenômeno humano primário declina na literatura
filosófica. O conceito mais amplo passa a ser o de
caritas, conforme definido por Santo Agostinho, isto
é, o amor pelo meu semelhante em Deus.
A amizade, chamada de filia pelos gregos, é definida por
Nicola Abbagnano (Dicionário de Filosofia) como, em
geral, a comunhão entre duas ou mais pessoas ligadas por
atitudes concordantes e por afetos positivos. O conceito
de amizade recebe, porém, variações conotativas no
decorrer da história da Filosofia. Com base nessa
afirmação, assinale o que for correto.
Gabarito comentado
Resposta: C — Certo
Tema central: a questão trata da mudança conceitual entre a philia grega (amizade recíproca) e a prioridade dada pelo cristianismo ao amor como virtude teologal — a caritas de Santo Agostinho.
Resumo teórico: na tradição grega (Aristóteles, Platão) a amizade (philia) aparece como laço humano baseado em reciprocidade, virtude ou prazer compartilhado. Com o cristianismo, pensadores como Santo Agostinho reinterpretam o amor: caritas (latim) ou agápē (grego) é o amor orientado a Deus e ao próximo em Deus — universal, desinteressado e ordenado à caridade divina. Assim, a amizade enquanto laço humano particular perde o protagonismo filosófico em favor da caridade como fundamento moral e religioso (ver: Santo Agostinho, Confissões; De civitate Dei).
Justificativa da alternativa C: a afirmação afirma corretamente que, no cristianismo, a discussão filosófica desloca o foco da amizade humana particular para o amor caritativo definido por Agostinho — isto é historicamente sustentado. Agostinho conceptualiza o amor ao semelhante como participação no amor a Deus (caritas), subordinando ou ampliando a noção de vínculo humano para uma dimensão teológica.
Fontes e leitura recomendada: Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia (entrada “amizade/filia”); Santo Agostinho, Confissões e De civitate Dei (para a definição de caritas); estudos sobre ética cristã e filosofia medieval (ex.: introduções a Tomás de Aquino, que sistematiza a caritas como virtude teologal).
Dica de prova: ao ler enunciados históricos, busque os termos-chave (aqui: philia, caritas, Santo Agostinho). Eles sinalizam a mudança de eixo conceitual — isso facilita escolher “Certo” sem confundir amizade clássica com o amor cristão.
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