Questão 23f731e9-b9
Prova:UNIVESP 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo), Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Constata-se a presença de uma construção hipotética em:

Leia o trecho de Til, romance de José de Alencar, para responder às questão.

    Era ela de pequena estatura e tão delgada e flexível no talhe, que dobrava-se como o junco da várzea. As formas da graciosa pubescência, que um corpinho justo debuxaria1 em doce e palpitante relevo, as dissimulava o frouxo corte de uma jaqueta de flanela escarlate com mangas compridas, e desabotoada sobre um camisote liso, cujos largos colarinhos se rebatiam sobre os ombros, à feição dos que usavam então os meninos de escola.
    Os grandes olhos, negros, claros e serenos, como um lago cristalino imerso na sombra, não podiam negar que fossem de mulher: tinham a diáfana2 profundidade do céu, cheia de enlevos e mistérios.
    A boca mimosa e breve, conhecia-se que fora vazada no molde do beijo e do sorriso. Mas quando o brinco iluminava essa fisionomia, e o capricho quebrava-lhe a harmonia das linhas do suave perfil, era cobrir-se com a máscara do rapazinho estouvado, que ela teria sido sem dúvida, se a natureza não lhe trocasse o destino.
(Til. www.dominiopublico.gov.br)

1 um corpinho justo debuxaria: um corpete justo mostraria;
2 diáfana: que permite a passagem da luz; transparente, límpida.

A
“largos colarinhos se rebatiam sobre os ombros” (1° parágrafo).
B
“tinham a diáfana profundidade do céu” (2° parágrafo).
C
“fora vazada no molde do beijo e do sorriso” (3° parágrafo).
D
“quando o brinco iluminava essa fisionomia” (3° parágrafo).
E
“que ela teria sido sem dúvida” (3° parágrafo)

Gabarito comentado

J
João Victor RibeiroMonitor do Qconcursos

Tema central da questão: Interpretação de texto e emprego do futuro do pretérito do indicativo para expressar hipótese ou condição não realizada no passado.

Justificativa da alternativa correta – E) “que ela teria sido sem dúvida”:

A estrutura “teria sido” está no futuro do pretérito, tempo verbal usado para indicar ação que dependeria de uma condição para se realizar em relação a um momento no passado. Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, o futuro do pretérito “exprime fato subordinado a uma condição não realizada” (Nova Gramática do Português Contemporâneo). No trecho, o narrador afirma que ela teria sido um rapazinho estouvado, caso a natureza não lhe trocasse o destino — ou seja, expressa uma hipótese sobre o passado.

Análise das alternativas incorretas:

A)largos colarinhos se rebatiam sobre os ombros”: Verbo no pretérito imperfeito do indicativo, descrevendo ação habitual no passado, sem hipótese.
B)tinham a diáfana profundidade do céu”: Também no pretérito imperfeito do indicativo (ação contínua passada), não é condicional.
C)fora vazada no molde do beijo e do sorriso”: Uso do pretérito mais-que-perfeito do indicativo (ação anterior a outra), sem valor hipotético.
D)quando o brinco iluminava essa fisionomia”: Pretérito imperfeito do indicativo denotando ação repetida, sem hipótese.

Estratégia para provas: Identifique o tempo verbal na frase e observe se ele sugere possibilidade, condição ou hipótese. Habitualmente, o futuro do pretérito se manifesta por formas como teria feito, estaria, poderia, sempre vinculadas a uma condição não realizada. Pegadinhas comuns envolvem confundir ações contínuas no passado com hipóteses, por isso atenção ao verbo!

Para reforçar: O reconhecimento da construção hipotética exige atenção ao contexto e ao valor do tempo verbal na frase, uma habilidade essencial para questões de interpretação e gramática normativa em vestibulares e concursos.

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