Por onde passei,plantei a cerca farpada,plantei a queimada.Por onde passei,plantei a morte matada.Por onde passei,matei a tribo calada,a roça suada,a terra esperada...Por onde passei,tendo tudo em lei,eu plantei o nada.(D. Pedro Casaldáliga, Antologia Poética Mato-Grossense)
Todas as alternativas abaixo, em relação ao poema, são verdadeiras, EXCETO em:
Gabarito comentado
Tema central: A questão exige interpretação textual e o reconhecimento de gêneros literários e figuras de linguagem. O foco está em identificar o tom do poema, sua mensagem central e os processos estilísticos usados pelo autor.
Justificativa da alternativa correta (E) – INCORRETA:
A alternativa E afirma ser o poema um “poema romântico com temática utópica, sem qualquer cunho social”. Esse é o erro da assertiva: o poema está longe do ideal romântico, pois não valoriza o sentimentalismo, o amor, a natureza de forma idealizada ou subjetividade. Ao contrário, trata-se de um texto de cunho social, crítico, que denuncia a violência, a destruição das terras e dos povos indígenas causada pelo avanço do latifúndio. O resultado do “plantio” feito pelo eu-lírico é o “nada” – clara metáfora de destruição total, e não de esperança ou utopia.
De acordo com Cunha & Cintra, textos de cunho social visam denunciar injustiças, não escapando da realidade. Isso se opõe à ideia romântica, frequentemente associada à fuga da realidade.
Análise das demais alternativas:
A) Verdadeira. O eu-lírico, ao “plantar cercas” e “queimadas”, se coloca na posição do “senhor da terra”, marcando território, destruindo e aludindo à exclusão do outro – perspectiva nitidamente social e crítica.
B) Verdadeira. O paralelismo verbal do verbo “plantei” cria uma progressão: o discurso sugere construção, que ao final é negada (“plantei o nada”), evidenciando o caráter destrutivo desse “plantio”. Bechara ressalta o paralelismo como figura que reforça a ideia.
C) Verdadeira. A repetição de “Por onde passei” sugere a extensão da destruição: em todo lugar por onde o eu-lírico passa, deixa uma marca de violência – coerente com o texto.
D) Verdadeira. O uso da metáfora (“plantei a cerca farpada”) caracteriza o discurso poético e confere uma camada de conotação, tornando mais contundente a crítica à devastação.
Orientação para provas: Atenção a palavras que rotulam o texto genericamente (ex: “romântico”, “sem cunho social”). Sempre busque elementos concretos do texto para fundamentar sua resposta. Pegadinhas muitas vezes envolvem termos absolutos ou negações impróprias.
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