filosofia e mitologia são discursos contrários,
pois a filosofia nega o sobrenatural e busca
sempre combater qualquer tipo de divindade.
Aquilo que se estuda hoje como filosofia nas
escolas nasceu na Grécia antiga (aproximadamente
no séc. VII a.C.), em um contexto cultural de
predomínio do pensamento mítico e da religião
politeísta grega. Refletindo sobre a ciência,
questiona Chauí: “a Filosofia nasceu realizando
uma transformação gradual nos mitos gregos ou
nasceu por uma ruptura radical com os mitos?”
(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed.
Ática, p. 34). A respeito do surgimento da filosofia e
suas relações com o discurso mítico neste contexto
grego, é correto afirmar que
Gabarito comentado
Alternativa correta: E — Errado
Tema central: trata-se da origem da filosofia na Grécia antiga e da relação entre discurso mítico (mythos) e discurso racional-filosófico (logos). É importante entender que a questão exige distinguir transformação gradual de ruptura radical entre mito e filosofia.
Resumo teórico: a filosofia grega nasce no contexto do pensamento mítico, mas introduz explicações racionais para a realidade — busca princípios naturais (physis) em vez de relatos míticos. Isso não significa, porém, uma negação sistemática e total do sobrenatural. Muitos filósofos antigos criticaram aspectos do mito (por exemplo, Xenófanes critica a antropomorfização dos deuses), enquanto outros mantiveram concepções divinas reformuladas (a ideia do motor imóvel em Aristóteles é um exemplo de divindade filosófica não antropomórfica).
Por que a afirmação é ERRADA:
- A frase afirma que a filosofia “nega o sobrenatural e busca sempre combater qualquer tipo de divindade”. Isso é demasiado absoluto. A filosofia não teve uma postura uniforme de negação do divino; houve crítica, reelaboração e coexistência entre discurso mítico e filosófico.
- Exemplos: os pré-socráticos (Thales, Anaximandro) procuraram causas naturais; Xenófanes criticou mitos religiosos; já Platão e Aristóteles elaboraram concepções metafísicas que preservam noções do divino, ainda que distintas das divindades dos poetas.
- Autoridade: Marilena Chauí (Convite à Filosofia) destaca essa tensão entre transformação e ruptura; estudos clássicos sobre pré-socráticos (Kirk, Raven & Schofield) também mostram diversidade de posições.
Dica de prova: desconfie de palavras absolutas como sempre ou afirmações que generalizam. Pergunte-se: “há exceções históricas?” — se sim, a alternativa que usa absolutismo tende a ser incorreta.
Conclusão: a alternativa é Errada porque simplifica demais a relação entre filosofia e mito: houve crítica e transformação racional, mas não uma negação universal e contínua do sobrenatural por parte de todo o pensamento filosófico grego.
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