No trecho – Os “fi”, nesse caso, eram sons emitidos pelos
filhotes em situações nas quais um bebê humano choraria. –,
a forma verbal em destaque expressa
Leia o texto para responder à questão.
Não é novidade para quem já acompanhou o desenvolvimento de um bebê: a fala surge com sons aleatórios e aparentemente sem sentido que, aos poucos, se associam a algum
propósito. Nos seres humanos, o amadurecimento da capacidade de se comunicar nos primeiros meses de vida depende da
interação do bebê com os pais – algo único entre os primatas.
Agora, uma equipe da Universidade de Princeton, com a participação do médico e neurocientista brasileiro Daniel Takahashi,
demonstrou que os filhotes de sagui-de-tufo-branco (Callithrix
jacchus), originários do Brasil, também aprimoram sua capacidade de se comunicar ao interagir com os pais (Science, 14 de
agosto). No estudo, os pesquisadores analisaram as emissões
vocais de 10 filhotes de sagui-de-tufo-branco do primeiro dia de
vida até os 2 meses de idade, quando se comunicavam com
os adultos. Monitoraram um som específico, chamado de “fi”,
parecido com um assobio e usado em várias circunstâncias da
comunicação de indivíduos dessa espécie. Os “fi”, nesse caso,
eram sons emitidos pelos filhotes em situações nas quais um
bebê humano choraria. Os cientistas queriam ver se a capacidade de comunicação dos filhotes evoluía do choro genérico
às vocalizações mais específicas, semelhante ao observado
em seres humanos. Nos testes, os filhotes eram colocados em
áreas longe dos pais. Assim, podiam ouvir uns aos outros, mas
não ver. Os pesquisadores verificaram que o tipo de vocalização dos saguis se alterava de forma considerável no período
inicial após o parto. Mas o desenvolvimento era mais rápido
quando interagiam mais com os pais.
(Pesquisa Fapesp, setembro de 2015)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto e uso do futuro do pretérito no contexto semântico.
Na frase do texto, temos: “…em situações nas quais um bebê humano choraria.” Observe que choraria está no futuro do pretérito do indicativo. Este tempo verbal, pela norma-padrão (Cunha & Cintra; Bechara), serve não só para indicar uma ação posterior a outra no passado, mas também para exprimir hipóteses, desejos ou situações condicionais.
Explicação da alternativa correta:
Quando o texto diz “situações nas quais um bebê humano choraria”, indica uma situação hipotética: caso se tratasse de um bebê humano, ele provavelmente choraria. Neste caso, expressa-se uma hipótese. É o valor semântico mais característico desse tempo, conforme Bechara (2009) e Cunha & Cintra (2008).
Portanto, a alternativa correta é C) uma hipótese.
Análise das alternativas incorretas:
A) um fato concluído: Erro comum. Fatos concluídos usam o pretérito perfeito (ele chorou), não o futuro do pretérito.
B) um fato inverossímil: “Choraria” não expressa algo impossível ou improvável, apenas hipotético.
D) uma ordem: Ordens usam o imperativo, não o futuro do pretérito.
E) um fato presente: O presente do indicativo é para fatos atuais (ele chora), o trecho trata de hipótese.
Dica de prova: Tempos como “choraria”, “faria”, “caminharia” quase sempre indicam hipótese ou condição. Atenção para não confundir com passado ou presente!
Resumo da regra: “O futuro do pretérito do indicativo exprime ação hipotética, desejo, ou condição subordinada a outra, normalmente em contextos que envolvem possibilidade.” (Cunha & Cintra; Bechara)
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