Questõesde USP 2014

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Foram encontradas 90 questões
fbd13f8e-3b
USP 2014 - Matemática - Álgebra Linear, Sistemas Lineares

No sistema linear , nas variáveis x , y e z, α e m são constantes reais. É correto afirmar:

A
No caso em que ܽα = 1, o sistema tem solução se, e somente se, ݉m = 2.
B
O sistema tem solução, quaisquer que sejam os valores de ܽα e de ݉m.
C
No caso em que ݉m =2 , o sistema tem solução se, esomente se, ܽα =1.
D
O sistema só tem solução se ܽα = m = 1.
E
O sistema não tem solução, quaisquer que sejam os valores de α e de m.
fbcbb316-3b
USP 2014 - Matemática - Geometria Espacial, Poliedros

O sólido da figura é formado pela pirâmide ܵSABCD sobre o paralelepípedo reto ABCDEFGH. Sabe-se que ܵS pertence à reta determinada por A e E e que AE = 2cm, AD = 4 cm e AB = 5 cm. A medida do segmento que faz com que o volume do sólido seja igual 4/3 do volume da pirâmide SEFGH é



A
2cm
B
4cm
C
6cm
D
8cm
E
10cm
fbc5f51e-3b
USP 2014 - Matemática - Geometria Plana, Triângulos

No triângulo retângulo ABC, ilustrado na figura, a hipotenusa mede 12cm e o cateto mede 6 cm. Se M é o ponto médio de , então a tangente do ângulo é igual a



A
√2/7
B
√3/7
C
2/7
D
2√2/7
E
2√3/7
fbc0cb51-3b
USP 2014 - Matemática - Circunferências, Geometria Analítica

A equação ݊x2 + 2x + y2 + my = n, em que ݉m e n são constantes, representa uma circunferência no plano cartesiano. Sabe-se que a reta y = -x + 1 contém o centro da circunferência e a intersecta no ponto (-3, 4). Os valores de m e n são, respectivamente,

A
-4 e 3
B
4 e 5
C
-4 e 2
D
-2 e 4
E
2 e 3
fbbbcafd-3b
USP 2014 - Matemática - Raciocínio Lógico, Aritmética e Problemas, Sistemas de Numeração e Operações Fundamentais, Frações e Números Decimais

Na cidade de São Paulo, as tarifas de transporte urbano podem ser pagas usando o bilhete único. A tarifa é de R$ 3,00 para uma viagem simples (ônibus ou metrô/trem) e de R$ ܴ4,65 para uma viagem de integração (ônibus e metrô/trem). Um usuário vai recarregar seu bilhete único, que está com um saldo de R$ 12,50. O menor valor de recarga para o qual seria possível zerar o saldo do bilhete após algumas utilizações é a

A
R$ 0,85
B
R$ 1,15
C
R$ 1,45
D
R$ 2,00
E
R$ 2,80
fbb5e778-3b
USP 2014 - Física - Cinemática, Lançamento Oblíquo



A trajetória de um projétil, lançado da beira de um penhasco sobre um terreno plano e horizontal, é parte de uma parábola com eixo de simetria vertical, como ilustrado na figura. O ponto P ܲ sobre o terreno, pé da perpendicular traçada a partir do ponto ocupado pelo projétil, percorre ͵ 30 m desde o instante do lançamento até o instante em que o projétil atinge o solo. A altura máxima do projétil, de 200 m acima do terreno, é atingida no instante em que a distância percorrida por P ܲ, a partir do instante do lançamento, é de 10 m. Quantos metros acima do terreno estava o projétil quando foi lançado?

A
60
B
90
C
120
D
150
E
180
fbb0778e-3b
USP 2014 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

      Between now and 2050 the number of people living in cities will grow from 3.9 billion to 6.3 billion. The proportion of urban dwellers will swell from 54% to 67% of the world's population, according to the UN. In other words, for the next 36 years the world's cities will expand by the equivalent of six São Paulos every year. This growth will largely occur in developing countries. But most governments there are ignoring the problem, says William Cobbett of the Cities Alliance, an NGO that supports initiatives such as the one launched by New York University to help cities make long-term preparations for their growth. “Whether we want it or not, urbanisation is inevitable," say specialists. “The real question is: how can we improve its quality?"


                                                                                 The Economist, June 21st 2014. Adaptado.



Segundo William Cobbett,

A
várias ONGs estão trabalhando para minimizar os problemas enfrentados nas cidades.
B
as maiores migrações para as cidades tiveram início há 36 anos.
C
a maioria dos governantes de países em desenvolvimento não está dando atenção à explosão demográfica nas cidades.
D
uma cidade como São Paulo será pequena se comparada a outras no ano de 2050.
E
os países em desenvolvimento estão lidando melhor com a questão do êxodo rural do que os países desenvolvidos.
fbab84e4-3b
USP 2014 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

      Between now and 2050 the number of people living in cities will grow from 3.9 billion to 6.3 billion. The proportion of urban dwellers will swell from 54% to 67% of the world's population, according to the UN. In other words, for the next 36 years the world's cities will expand by the equivalent of six São Paulos every year. This growth will largely occur in developing countries. But most governments there are ignoring the problem, says William Cobbett of the Cities Alliance, an NGO that supports initiatives such as the one launched by New York University to help cities make long-term preparations for their growth. “Whether we want it or not, urbanisation is inevitable," say specialists. “The real question is: how can we improve its quality?"


                                                                                 The Economist, June 21st 2014. Adaptado.


De acordo com o texto,


A
a população rural crescerá na mesma proporção que a população urbana nos próximos 20 anos.
B
a população, nas cidades, chegará a mais de 6 bilhões de pessoas até 2050.
C
a expansão de cidades como São Paulo é um exemplo do crescimento global.
D
a cidade de São Paulo cresceu seis vezes mais, na última década, do que o previsto por especialistas.
E
o crescimento maior da população em centros urbanos ocorrerá em países desenvolvidos.
fba5f817-3b
USP 2014 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

De acordo com o texto, a pesquisa mencionada pode

                                                  


      You know the exit is somewhere along this stretch of highway, but you have never taken it before and do not want to miss it. As you carefully scan the side of the road for the exit sign, numerous distractions intrude on your visual field: billboards, a snazzy convertible, a cell phone buzzing on the dashboard. How does your brain focus on the task at hand?

      To answer this question, neuroscientists generally study the way the brain strengthens its response to what you are looking for – jolting itself with an especially large electrical pulse when you see it. Another mental trick may be just as important, according to a study published in April in the Journal of Neuroscience: the brain deliberately weakens its reaction to everything else so that the target seems more important in comparison.

      Such research may eventually help scientists understand what is happening in the brains of people with attention problems, such as attentionͲdeficit/hyperactivity disorder. And in a world increasingly permeated by distractions – a major contributor to traffic accidents – any insights into how the brain pays attention should get ours.


                                                                                  Scientific American, July 2014. Adaptado.

A
colaborar para a compreensão de nossas atitudes frente a novas tarefas.
B
ajudar pessoas que possuem diversos distúrbios mentais, ainda pouco conhecidos.
C
ajudar pessoas que, normalmente, são muito distraídas e desorganizadas.
D
colaborar para a compreensão do modo como enxergamos o mundo.
E
colaborar para a compreensão do que ocorre no cérebro de pessoas com problemas de atenção.
fb9fdd7a-3b
USP 2014 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

Segundo estudo publicado no Journal of Neuroscience, mencionado no texto,

                                                  


      You know the exit is somewhere along this stretch of highway, but you have never taken it before and do not want to miss it. As you carefully scan the side of the road for the exit sign, numerous distractions intrude on your visual field: billboards, a snazzy convertible, a cell phone buzzing on the dashboard. How does your brain focus on the task at hand?

      To answer this question, neuroscientists generally study the way the brain strengthens its response to what you are looking for – jolting itself with an especially large electrical pulse when you see it. Another mental trick may be just as important, according to a study published in April in the Journal of Neuroscience: the brain deliberately weakens its reaction to everything else so that the target seems more important in comparison.

      Such research may eventually help scientists understand what is happening in the brains of people with attention problems, such as attentionͲdeficit/hyperactivity disorder. And in a world increasingly permeated by distractions – a major contributor to traffic accidents – any insights into how the brain pays attention should get ours.


                                                                                  Scientific American, July 2014. Adaptado.

A
nossa busca pela realização de tarefas diversas aumenta o número de pulsações elétricas produzidas pelo cérebro.
B
os neurocientistas estão estudando como, sem grande esforço, conseguimos focalizar uma coisa de cada vez.
C
as pulsações elétricas produzidas pelo cérebro são intensas e constantes.
D
nosso cérebro reduz sua reação a estímulos que são menos relevantes para a tarefa a ser realizada, mantendo o foco.
E
o tipo de resposta que nosso cérebro fornece frente a novas tarefas ainda é uma questão a ser respondida pelos pesquisadores. o tipo de resposta que nosso cérebro fornece frente a novas tarefas ainda é uma questão a ser respondida pelos pesquisadores.
fb9b3306-3b
USP 2014 - Inglês - Interpretação de texto | Reading comprehension

O foco principal do texto são as

                                                  


      You know the exit is somewhere along this stretch of highway, but you have never taken it before and do not want to miss it. As you carefully scan the side of the road for the exit sign, numerous distractions intrude on your visual field: billboards, a snazzy convertible, a cell phone buzzing on the dashboard. How does your brain focus on the task at hand?

      To answer this question, neuroscientists generally study the way the brain strengthens its response to what you are looking for – jolting itself with an especially large electrical pulse when you see it. Another mental trick may be just as important, according to a study published in April in the Journal of Neuroscience: the brain deliberately weakens its reaction to everything else so that the target seems more important in comparison.

      Such research may eventually help scientists understand what is happening in the brains of people with attention problems, such as attentionͲdeficit/hyperactivity disorder. And in a world increasingly permeated by distractions – a major contributor to traffic accidents – any insights into how the brain pays attention should get ours.


                                                                                  Scientific American, July 2014. Adaptado.

A
várias distrações que se apresentam quando estamos dirigindo.
B
estratégias que nosso cérebro utiliza para se concentrar em uma tarefa.
C
informações que nosso campo visual precisa processar.
D
decisões que tomamos quando queremos usar um caminho novo.
E
várias tarefas que conseguimos realizar ao mesmo tempo.
fb96363d-3b
USP 2014 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Embora o texto de Drummond e o romance Capitães da Areia, de Jorge Amado, assemelhem-se na sua especial atenção às classes populares, um trecho do texto que NÃO poderia, sem perda de coerência formal e ideológica, ser enunciado pelo narrador do livro de Jorge Amado é, sobretudo, o que está em:

                                     O OPERÁRIO NO MAR


      Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?


                                                              Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

A
“Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa.”
B
“Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros (...).”
C
“Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando.”
D
“Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca.”
E
“Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos.”
fb8fa810-3b
USP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Atente para as seguintes afirmações relativas ao texto de Drummond, considerado no contexto da obra a que pertence:


I. A referência inicial aos modos de se representar o operário sugere uma crítica do poeta aos estereótipos presentes na literatura da época em que o texto foi escrito.


II. O alcance simbólico da figura do operário depende, inclusive, do fato de que, no texto, ele é constituído por tensões que o fazem, ao mesmo tempo, comum e extraordinário, familiar e enigmático, próximo e longínquo etc.


III. A imagem do operário que anda sobre o mar pode simbolizar a criação prodigiosa de um mundo novo a “vida futura” , igualmente anunciado em símbolos como o das “mãos dadas”, o da “aurora”, o do “sangue redentor”, também presentes no livro.


Está correto o que se afirma em

                                     O OPERÁRIO NO MAR


      Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?


                                                              Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
I e II, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.
fb8aef2c-3b
USP 2014 - Português - Problemas da língua culta

Dentre estas propostas de substituição para diferentes trechos do texto, a única que NÃO está correta do ponto de vista da norma-padrão é:

                                     O OPERÁRIO NO MAR


      Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?


                                                              Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

A
“Para onde vai ele, (...)?” = Aonde vai ele, (...)?
B
“O operário não lhe sobra tempo de perceber” = Ao operário não lhe sobra tempo de perceber.
C
“Teria vergonha de chamá-lo meu irmão” = Teria vergonha de chamá-lo de meu irmão.
D
“Tenho vergonha e vontade de encará-lo” = Tenho vergonha e vontade de o encarar.
E
“quem sabe se um dia o compreenderei” = quem sabe um dia compreenderei-o.
fb85b0a6-3b
USP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para entender as impressões de Jerônimo diante da natureza brasileira, é preciso ter como pressuposto que há

     E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

     Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.


                                                                                                            Aluísio Azevedo, O cortiço.

A
um contraste entre a experiência prévia da personagem e sua vivência da diversidade biológica do país em que agora se encontra.
B
uma continuidade na experiência de vida da personagem, posto que a diversidade biológica aqui e em seu local de origem são muito semelhantes.
C
uma ampliação no universo de conhecimento da personagem, que já tinha vivência de diversidade biológica semelhante, mas a expande aqui.
D
um equívoco na forma como a personagem percebe e vivencia a diversidade biológica local, que não comporta os organismos que ele julga ver.
E
um estreitamento na experiência de vida do personagem, que vem de um local com maior diversidade de ambientes e de organismos.
fb814275-3b
USP 2014 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

O efeito expressivo do texto – bem como seu pertencimento ao Naturalismo em literatura – baseiam-se amplamente no procedimento de explorar de modo intensivo aspectos biológicos da natureza. Entre esses procedimentos empregados no texto, só NÃO se encontra a

     E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

     Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.


                                                                                                            Aluísio Azevedo, O cortiço.

A
representação do homem como ser vivo em interação constante com o ambiente.
B
exploração exaustiva dos receptores sensoriais humanos (audição, visão, olfação, gustação), bem como dos receptores mecânicos.
C
figuração variada tanto de plantas quanto de animais, inclusive observados em sua interação.
D
ênfase em processos naturais ligados à reprodução humana e à metamorfose em animais.
E
focalização dos processos de seleção natural como principal força direcionadora do processo evolutivo.
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USP 2014 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias

Entre as características atribuídas, no texto, à natureza brasileira, sintetizada em Rita Baiana, aquela que corresponde, de modo mais completo, ao teor das transformações que o contato com essa mesma natureza provocará em Jerônimo é a que se expressa em:

     E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

     Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.


                                                                                                            Aluísio Azevedo, O cortiço.

A
“era o calor vermelho das sestas da fazenda”
B
“era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta”.
C
“era o veneno e era o açúcar gostoso”.
D
“era a cobra verde e traiçoeira”
E
“[era] a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele”.
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USP 2014 - Literatura - Naturalismo, Escolas Literárias, Romantismo

Em que pese a oposição programática do Naturalismo ao Romantismo, verifica-se no excerto – e na obra a que pertence – a presença de uma linha de continuidade entre o movimento romântico e a corrente naturalista brasileira, a saber, a

     E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

     Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.


                                                                                                            Aluísio Azevedo, O cortiço.

A
exaltação patriótica da mistura de raças.
B
necessidade de autodefinição nacional.
C
aversão ao cientificismo.
D
recusa dos modelos literários estrangeiros.
E
idealização das relações amorosas.
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USP 2014 - Português - Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia

O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, constitui também um hiperônimo a palavra

     E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

     Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.


                                                                                                            Aluísio Azevedo, O cortiço.

A
“alma”.
B
“impressões”.
C
“fazenda”.
D
“cobra”.
E
“saudade”.
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USP 2014 - Português - Interpretação de Textos

Os seguintes aspectos compositivos considerados pelo narrador do excerto: concentração e economia de meios expressivos, orientação realista e analítica, previsão do papel do leitor na construção do sentido do texto, suprindo o que, neste, é implícito ou lacunar, podem também caracterizar, principalmente, a obra

                                                 Capítulo CVII

                                                      Bilhete


      “Não houve nada, mas ele suspeita alguma cousa; está muito sério e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela.”


                                                     Capítulo CVIII

                                                Que se não entende


      Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de Shakespeare. Esse retalhinho de papel, garatujado em partes, machucado das mãos, era um documento de análise, que eu não farei neste capítulo, nem no outro, nem talvez em todo o resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mesmo a frieza, a perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa; e por trás delas a tempestade de outro cérebro, a raiva dissimulada, o desespero que se constrange e medita, porque tem de resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas lágrimas?


                                                           Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

A
Viagens na minha terra, de Almeida Garrett.
B
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
C
Til, de José de Alencar.
D
Vidas secas, de Graciliano Ramos.
E
Capitães da Areia, de Jorge Amado.