Questõesde UNICENTRO 2018 sobre Português

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Foram encontradas 31 questões
a5082d55-02
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Assinale a alternativa em que não existe, em seu teor, ideia de paradoxo:

A
“Teu mesmo amor me mate e me dê vida”. (Camões)
B
“Há metafísica bastante em não pensar em nada”.(Fernando Pessoa)
C
“Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo!E creio em Deus! Deus é um absurdo!Eu vou me matar! Eu quero viver! “(Mário Quintana)
D

“Desligada
O vento morde meus cabelos sem medo:

Tenho todas as idades.” (Olga Savary)

a5026bdc-02
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Depois de ferir Martim, Iracema o leva à sua cabana e trata dele e por ele se apaixona, mas não consuma essa paixão através do casamento, dentro dos ritos tradicionais de sua gente,porque

A
toda filha primogênita de uma tribo tinha que se manter virgem e fiel aos princípios da tribo.
B
Iracema tinha de guardar o Segredo da Jurema, o que a impedia de casar com Martim, devendo manter-se virgem e fiel ao deus Tupã.
C
a filha de Araquém escolheu ser guerreira de sua tribo,razão por que tinha de se manter virgem em obediência às tradições indígenas.
D
filha de índio, segundo os costumes da tribo, não pode casar-se com forasteiro, sob pena de ter a sua vida sacrificada.
a4ff8d68-02
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

"Mar, belo mar selvagem

das nossas praias solitárias. Tigre

a que as brisas da terra o sono embalam

a que o vento do largo eriça o pelo.”

                                  (Vicente de Carvalho)



A palavra “Tigre”, em relação a ”mar selvagem”, representa uma imagem figurativa conhecida como

A
Catacrese.
B
Eufemismo.
C
Metáfora.
D
Prosopopeia.
a4fc12c5-02
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Da leitura do texto, pode-se apreender que

A
o pai de Zeca foi muito compassivo com a formação do filho, por não ter-lhe corrigido, de imediato, o procedimento logo no primeiro ímpeto de sua rebeldia.
B
o filho Zeca era, estranhamente, insubmisso ao pai, e este devia castigar-lhe severamente para não repetir mais atos dessa natureza.
C
a ação do pai de Zeca foi sensata, pois, tratando o filho com carinho e docilidade, o fez compreender o seu erro por outras vias mais educativas do que as do castigo.
D
os pedaços de carvão atirados por Zeca serviram-lhe de desabafo, por extravasar-se, mas essa lição do pai não lhe sugeriu ou ensejou nenhuma mudança de comportamento.
a4f88264-02
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O texto sobre o pequeno Zeca, de autor desconhecido, nos traz uma grande lição de vida e de aprendizagem sobre o comportamento humano.



Assinale o provérbio ou a sentença que melhor sintetiza o texto:

A
“As dificuldades são como as montanhas. Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas”.
B
“Um grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos”.
C
“Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota”.
D
"Chega-te aos bons e serás um deles; chega-te aos maus e serás pior que eles”
d7ece2c6-ff
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Relacione as figuras de linguagem indicadas à direita com os seus respectivos exemplos, à esquerda, assinaladas com grifo.


1. Antítese

2. Antonomásia

3. Catacrese

4. Metáfora

5. Metonímia

6. Sinestesia


( ) Nascia o Sol, leão dourado, emoldurando a aurora.

( ) Vivemos um mundo de desencontros: uns caem, outros se levantam; uns creem em Deus, outros são ateus.

( ) O hóspede de Santa Helena se autonomeou Imperador da França.

( ) Ela, enfim, experimentou o doce e amargo de suas paixões.

( ) Só poderia estar muito alcoolizado para estacionar o carro na boca do Túnel Américo Simas.

( ) Os jovens devem ser orientados a ler Machado de Assis, um dos gênios da Literatura Universal. 



A alternativa correta, marcada de cima para baixo, é a


A
3 5 2 6 4 1
B
2 1 3 6 4 5
C
4 1 2 6 3 5
D
1 5 2 4 3 6
d7e9f7e0-ff
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, é coisa que admira e consterna. O que não admira e nem provavelmente consterna é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte e, quanto muito dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti alguma rabugem de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a penada galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio.”(ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Edições de Ouro, Rio de Janeiro, 1983. p. 29)



Quando Brás Cubas afirma que escreveu esse romance “com a pena da galhofa e a tinta da melancolia” quis dar a entender que assim o fez para

A
estabelecer a diferença entre um autor-defunto e um defunto-autor, para justificar as suas memórias póstumas.
B
o leitor entender que sua obra não teria muitos leitores, a exemplo de Sterne e de Xavier de Maistre.
C
poder exibir, sem censura, por sua condição póstuma, os despojos, o cinismo e a indiferença com se via montada a história dos homens.
D
mostrar as Memórias Póstumas de Brás Cubas sob a ótica de um narrador plenamente onisciente de um personagem diferente de todos os demais.
d7e63eea-ff
UNICENTRO 2018 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

Indique a alternativa em que as palavras são acentuadas por razões diferentes, segundo a ortografia oficial da Língua Portuguesa.


A
prática” (l. 3) e “sustentável” (l. 12).
B
“sobrevivência” (l. 14) e “resíduos” (l. 33)
C
“saúde” (l. 20) e “país” (l. 34)
D
“desequilíbrio” (l. 19) e “satisfatória”. (l. 25)
d7e363c0-ff
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa em que a relação interoracional é a mesma, sintática e semanticamente, que a da sentença: “Por ser algo necessário à sobrevivência, o consumo sempre existiu”(l. 9).


A
“grande parte da sociedade encontra satisfação e prazer nessa prática capitalista, que têm deixado resultados preocupantes” (l. 2-3).
B
“quando esse consumo não é feito de forma sustentável, ocasiona também riscos para o meio ambiente. (l. 11-13).
C
“A população mundial vem crescendo a cada ano, e isso gera o aumento do consumo” (l. 22-23).
D
“Esse aspecto é outro grande problema, uma vez que todos os dias são gerados toneladas de resíduos em todo o país” (l. 31-34).
d7e06cfd-ff
UNICENTRO 2018 - Português - Regência, Sintaxe

Gramaticalmente, é correto o emprego de onde indicando lugar real, e não lugar virtual. Para esse último emprego, a língua dispõe de outras formas pronominais, como em que, no qual, através do qual, pelo qual, entre outras, a depender do campo semântico em que for empregado.


Assim, percebe-se que o emprego de onde (l. 2), como palavra curinga ou vicária, nesse contexto, é a gramatical, e uma forma de corrigi-lo seria a sua substituição por


A
aonde.
B
na qual.
C
do qual.
D
através do qual.
d7dd5bc0-ff
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O capitalismo, segundo o texto, incita o consumo humano pela circulação de capital e de mercadorias, dentro do qual a indústria e o marketing procuram estimular o desejo de posse dos consumidores.



Por esse motivo, capitalismo e consumo podem ser vistos como


A
necessidade humana indispensável, principalmente porque gera oferta e demanda na sociedade moderna.
B
via de mão dupla, porque podem, quando não sustentável,trazer transtornos tanto para o consumidor quanto para o meio ambiente.
C
natural, já que traz satisfação pessoal a quem usufrui dos produtos gerados pelas indústrias, e isso só justifica a sua existência.
D
possibilidade gerencial de se descartar todo o lixo por eles produzidos e reciclá-lo para incrementar a riqueza de seu povo.
e652c6ca-01
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

“Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a mais bem afreguesada do bairro. De manhã vende angu, e, à noite, peixe frito e iscas de fígado; pagava de jornal a seu dono vinte mil-réis por mês, e, apesar disso, tinha de parte quase que o necessário para a alforria. Um dia, porém, o seu homem, depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta. João Romão mostrou grande interesse por esta desgraça, fez-se até participante direto dos sofrimentos da vizinha, e com tamanho empenho a lamentou, que a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras. Abriu-se com ele, contou-lhe a sua vida de amofinações e dificuldades. Seu senhor comia-lhe a pele do corpo! Não era brinquedo para uma pobre mulher ter que escarrar pr’ali, todos os meses, vinte mil-réis em dinheiro. E segredou-lhe então o que tinha juntado para a sua liberdade e acabou pedindo ao vendeiro que lhe guardasse as economias, porque já certa vez fora  roubada por gatunos que lhe entraram na quitanda pelos fundos”.

(AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30ª ed. Editora Ática: São Paulo, 1997. p.15.)

Com base no texto inserido no contexto da obra, assinale com V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas.


( ) O mundo exposto em O cortiço é inexistente, e apenas idealizado na mente fértil do autor.

( ) O cortiço é a criação de uma realidade coletiva, por meio de uma visão objetiva da realidade vivida por seus personagens.

( ) O romance não fotografa uma realidade ambiental física, mas um compromisso com o mundo social e moral de seus personagens.

( ) O autor do romance não conhece os fatos narrados, eles vão-se revelando, pelo transcurso de seus personagens, na narrativa.


A alternativa que responde corretamente a questão, de cima para baixo, é

A
F V FV
B
V V F F
C
F V V F
D
V F V F
e64e16a7-01
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Os termos “isolada” (v. 7) e “o”, em “que o fez” (v. 16 )referem-se, respectivamente, a

A
“palavra” (v. 6) e “rio” (v. 15).
B
"água” (v. 5) e “fio” (v. 15).
C
"situação” (v. 6) e “curso” (v. 13).
D
"poço” (v. 7) e “discurso-rio” (v. 13).
e64a561e-01
UNICENTRO 2018 - Português - Análise sintática, Sintaxe

As relações que se estabelecem, sintaticamente, entre “Quando um rio corta” e “corta-se de vez o discurso-rio de água” é a mesma estabelecida em

A
“O curso de um rio (...) chega raramente” e “a se reatar de vez” (v. 13-14).
B
porque cortou-se a sintaxe desse rio” e “o fio de água por que ele se escorria.” (v. 11-12).
C
"Em situação de poço” e “a água equivale a uma palavra em situação dicionária”. (v. 5-6).
D
“um rio precisa de muita água” e “para refazer o fio antigo que o fez.” (v. 15-16).
e6469372-01
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Marque, segundo o texto Rios sem discurso, a alternativa cuja palavra não estabelece referência semântica com “situação dicionária”.

A
“paralítica” (v. 4).
B
"poço” (v. 5).
C
"muda” (v. 9).
D
"enfrasem” (v. 20).
e6423307-01
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O autor faz referência a dois fluxos: o do rio e o da língua.

Assinale a alternativa que melhor retrata os sentidos desses fluxos.

A
Um rio, quando lhe falta volume de água e lhe ocasionam apenas poças, torna-se paralítico, imobilizado, enquanto a língua, independente de sua população falante, mesmo inculta, fica viva na sua sintaxe.
B
O rio e a língua são simbolicamente indistintos, porque o primeiro, nas cheias grandiloquentes, enfrasa os poços, e a segunda só precisa dos registros armazenados da língua para a sua comunicação.
C
O rio, quando seca e vira poços, se estanca e deixa decorrer, ao contrário da língua, que continua viva nas condições de dicionário e das enciclopédias.
D
Os rios precisam de fios de água para torná-lo vivo, corrente e ativo para seguir o seu curso, assim como a língua precisa dos fios da sintaxe em cujas palavras se estabelecem as relações de sentido.
c6f1794b-fd
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Na interação verbal entre Susanita e Mafalda, o humor é desencadeado pelo neologismo INVEJÓLOGO, criado para designar a futura especialidade médica do “filho da D. Susanita”. O processo de formação dessa palavra indica

Para responder à questão , considere a tira abaixo.



A
a invariabilidade imanente da língua.
B
a fragilidade da língua colocada em risco de deterioração.
C
o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
D
a impossibilidade de a língua se adaptar ao contexto social dos falantes.
E
a inadequação do uso do radical grego para indicar a nova profissão.
c6ec2a92-fd
UNICENTRO 2018 - Português - Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal

Analise, no contexto do poema, os dois procedimentos distintos utilizados para a concordância entre o verbo caber e o sujeito a ele posposto. Em relação à concordância feita na quarta estrofe, é correto afirmar que

Texto para a questão:
Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
 Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em Acesso em 08 de ago. 2018.
A
o verbo está corretamente no singular, porque o núcleo do sujeito é poema.
B
a forma singular se justifica, porque o sujeito posposto é simples e denota uma singularidade em relação ao “homem sem estômago”.
C
o desrespeito à regra da concordância ocorre em função da licença poética, ou seja, o poeta se desprendeu da normatividade das regras gramaticais para destacar somente o sujeito “homem sem estômago”.
D
o verbo está corretamente no singular, porque concorda apenas com o núcleo do sujeito mais próximo, como que se referindo, implicitamente, a cada um dos demais núcleos separadamente, singularizandoos.
E
o verbo está erroneamente no singular, pois ele se refere a um sujeito composto, devendo obrigatoriamente estar no plural.
c6e83087-fd
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Vocativo e Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Diferença entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal, Adjunto Adverbial e Aposto, Análise sintática, Coesão e coerência, Uso das aspas, Sintaxe, Pontuação, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando os recursos linguísticos que atuam na construção dos sentidos do poema, avalie as seguintes afirmativas:

I. A recorrência das estruturas sintáticas funciona como um elemento de coesão textual e não interfere na formação do ritmo do poema.
II. O vocativo senhores é dirigido aos leitores e, ironicamente, aos poetas que produzem poemas que não fedem e não cheiram.
III. A frase “não fede nem cheira” está empregada em sentido conotativo e expressa uma ideia de indiferença.
IV. As aspas em “Não há vagas” são empregadas porque se trata de uma gíria utilizada no âmbito do mercado de trabalho.

É correto apenas o que se afirma em

Texto para a questão:
Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
 Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em Acesso em 08 de ago. 2018.
A
II e III
B
I e III
C
I e IV
D
II, III e IV
E
I, II e III
c6e34494-fd
UNICENTRO 2018 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Valendo-se de um tom de contestação, o poema “Não há Vagas” critica, fundamentalmente,

Texto para a questão:
Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
 Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em Acesso em 08 de ago. 2018.
A
a escassez de emprego e a carência com relação aos gêneros alimentícios de primeira necessidade, como “arroz” e “feijão”.
B
a alienação de determinado tipo de poeta, para quem os problemas sociais e os dramas diários não devem afetar a poesia.
C
o marasmo do funcionário público “fechado em arquivos” e do operário “nas oficinas escuras” diante de suas próprias mazelas sociais.
D
a desigualdade social e a injustiça face àqueles que passam fome, não encontram emprego, pois nunca “há vagas”.
E
as relações perversas entre patrão e empregado, denunciando a falta de sensibilidade e de justiça social.