Questão c6ec2a92-fd
Prova:UNICENTRO 2018
Disciplina:Português
Assunto:Sintaxe, Concordância verbal, Concordância nominal

Analise, no contexto do poema, os dois procedimentos distintos utilizados para a concordância entre o verbo caber e o sujeito a ele posposto. Em relação à concordância feita na quarta estrofe, é correto afirmar que

Texto para a questão:
Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
 Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em Acesso em 08 de ago. 2018.

A
o verbo está corretamente no singular, porque o núcleo do sujeito é poema.
B
a forma singular se justifica, porque o sujeito posposto é simples e denota uma singularidade em relação ao “homem sem estômago”.
C
o desrespeito à regra da concordância ocorre em função da licença poética, ou seja, o poeta se desprendeu da normatividade das regras gramaticais para destacar somente o sujeito “homem sem estômago”.
D
o verbo está corretamente no singular, porque concorda apenas com o núcleo do sujeito mais próximo, como que se referindo, implicitamente, a cada um dos demais núcleos separadamente, singularizandoos.
E
o verbo está erroneamente no singular, pois ele se refere a um sujeito composto, devendo obrigatoriamente estar no plural.

Gabarito comentado

M
Martina MedinaMonitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda concordância verbal, especificamente quando o sujeito composto está posposto ao verbo. Esse tema é crucial para provas de vestibular e concursos, pois exige conhecimento da norma-padrão aliada à atenção ao texto.

Regra essencial: Segundo Bechara e Cunha & Cintra, "quando o sujeito composto aparece depois do verbo, este pode concordar com o plural ou apenas com o núcleo mais próximo". Exemplo clássico: "Chegaram Pedro e Maria" ou "Chegou Pedro e Maria". Ambas formas são aceitas pela gramática normativa.

Aplicação ao poema: Na passagem:

"Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço"

O verbo "cabe" (singular) antecipa um sujeito composto posposto: "o homem sem estômago, a mulher de nuvens, a fruta sem preço". Seguindo a regra, "cabe" concorda com o núcleo mais próximo, justificando plenamente o uso do singular.

Análise das alternativas:

A) Errada. O núcleo do sujeito não é "poema", mas os três elementos citados.

B) Errada. O sujeito é composto, não simples, e a justificativa se equivoca.

C) Errada. Não há desvio da norma, pois a regra permite a concordância com o termo mais próximo.

D) Correta. O verbo está no singular porque concorda com o núcleo mais próximo ("o homem sem estômago"), como a norma admite, singularizando os outros núcleos.

E) Errada. A flexão obrigatória para o plural não se aplica neste caso; a norma aceita a opção no singular pela posição do sujeito.

Resumo para prova: Sempre que encontrar sujeitos compostos após o verbo, lembre-se dessa possibilidade de concordância – é autorizada pelos principais gramáticos e não configura erro na norma culta. Evite cair em pegadinhas que ignoram a posição do sujeito!

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