Questõesde PUC - RS 2011 sobre Português

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Foram encontradas 38 questões
d6bb2917-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Morfologia

A propósito do sentido de certos vocábulos do texto, todas as afirmações são verdadeiras, EXCETO:

A
Pode-se chegar ao sentido aproximado de “compulsória” (linha 32) pela observação de outras características atribuídas, no texto, ao horário político obrigatório.
B
“espúrias” (linha 37) significa “que não estão de acordo com a ética”; “desonestas”.
C
“exíguo” (linha 40) é sinônimo de “diminuto”.
D
“gracinha” (linha 43) deriva de “graça”, e significa “gracejo”.
E
“mandatos” (linha 54) dá origem a “mandatários”, que significa “mandantes”.
d6c05573-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos, Sintaxe

Para responder à questão, analise as afirmativas sobre o sentido ou a função de certas palavras ou expressões no texto.

1. “Tão paradoxal quanto" (linha 01) expressa a ideia de comparação.

2. As expressões destacadas em “nada pagam pelo acesso" (linha 06) e “Pesquisa divulgada pelo Datafolha" (linha 16) desempenham o mesmo papel nas estruturas em que se encontram.

3. “Então" (linha 26) poderia ser substituída por “Nesse contexto", sem prejuízo para a coerência do texto.

4. “Ainda assim" (linha 27) expressa a ideia de concessão, de oposição ao que foi dito anteriormente.

As afirmativas corretas são, apenas,


A
1 e 2.
B
1 e 4.
C
2 e 3.
D
1, 3 e 4.
E
2, 3 e 4.
d6c55610-3b
PUC - RS 2011 - Português - Morfologia - Verbos, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro)

Se os verbos em destaque no período “Se a propaganda fosse paga, ou dependesse apenas do interesse jornalístico, o poder econômico poderia prevalecer e os candidatos menos conhecidos talvez não tivessem oportunidade de se apresentar ao público” (linhas 48 a 52) fossem utilizados em outro tempo verbal, o resultado correto seria

A
é dependa poderá têm
B
é depende pode tenham
C
for depende pode têm
D
seja dependa poderia teriam
E
seria dependeria poderá terão
d6b68ab3-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Em sua forma original, o editorial referido apresenta um pequeno trecho em destaque, copiado do próprio texto, para ressaltar uma ideia especialmente importante para a posição defendida. O fragmento que tem essas características é

A
“As empresas de mídia recebem compensação fiscal pelos espaços que dispensam à propaganda eleitoral” (linhas 07 a 09).
B
“Apenas 6% dos inquiridos disseram que se preparam para o voto com informações colhidas em conversas com amigos e familiares” (linhas 23 a 25).
C
“Além de impositivo, o horário eleitoral gera outras deformações, como a formação de alianças partidárias espúrias (...)” (linhas 35 a 37).
D
“Também o tempo exíguo dispensado aos candidatos às eleições proporcionais mal permite que digam o nome (...)” (linhas 40 a 42).
E
“Existe pelo menos um fator insuperável a justificar a manutenção desta programação: o direito de todos os candidatos ao acesso à mídia” (linhas 45 a 47).
d6ad77db-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Segundo as informações contidas no editorial acima, pode-se concluir que o título que sintetiza seu tema, qualificado de “paradoxal” (linha 01) pelo autor, é

A
Mídia e Política
B
Imposição Incômoda
C
Incômodo Necessário
D
Alianças de Conveniência
E
Pontos Negativos e Positivos do Horário Eleitoral
d6b1e391-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Analisando-se o gênero, o conteúdo e o processo de composição do texto 2, conclui-se que a única afirmação FALSA é:

A
Apresenta a questão conflitante, o ponto de vista a ser defendido, a discussão mediante argumentos e contra-argumentos e a conclusão.
B
Baseia-se em ideias e argumentos, marcando a posição do jornal diante de fatos importantes do momento.
C
Tem como objetivo principal apresentar informação de forma clara e isenta, ordenada em três partes essenciais: introdução, desenvolvimento, conclusão.
D
Ao citar contra-argumentos, dá a impressão de ceder à tese contrária, para depois refutá-la mediante argumento mais forte.
E
Apoia-se em recursos próprios da argumentação, como dados estatísticos e questionamento direto, além de nexos lógicos para encadear ideias.
d6a85e14-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Para responder à questão, analise as possibilidades de reescrita do fragmento das linhas 20 a 24 (“A objetividade (...) do autor").

1. Embora a objetividade seja um ideal inatingível para o jornalista (nunca existirá um texto isento de subjetividade, de tons íntimos do autor), o profissional deve insistir em alcançá-la, pois esse paradoxo é garantia de qualidade dos veículos de comunicação.

2. O jornalista não pode atingir o ideal da objetividade, pois nunca existirá um texto isento de subjetividade, de tons íntimos do autor (garantia de qualidade dos veículos de comunicação); deve contudo, insistir em alcançar esta meta paradoxal.

3. O jornalista não pode alcançar o ideal inatingível da objetividade: nunca existirá textos isentos de objetividade, de tons íntimos do autor. Por paradoxal que seja, deve, entretanto, insistir em alcançá-la, pois se trata da garantia de qualidade dos veículos de comunicação.

4. Para o jornalista, a objetividade é ao mesmo tempo um ideal e um paradoxo, mas mesmo assim deve insistir em alcançá-lo, embora sabendo-se de que nunca haverá textos isentos de subjetividade, de tons íntimos do autor – garantia de qualidade dos veículos de comunicação.

O(s) parágrafo(s) escrito(s) com correção, clareza, coesão, de acordo com o sentido do texto original, é/são, apenas,



A
1.
B
2.
C
3 e 4.
D
1, 2 e 3.
E
1, 3 e 4.
d69cc7e9-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

O texto nos leva a concluir que

( ) A objetividade plena no texto jornalístico é uma falácia, pois não existem textos neutros.

( ) Na prática do jornalismo, pretender minimizar a interferência da subjetividade é uma utopia.

( ) Há contradição, ao menos na aparência, em visar à objetividade no texto jornalístico, já que esta é inatingível.

( ) As idiossincrasias do jornalista podem contaminar seu trabalho na redação de uma notícia.

O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é


A
F – V – F – F
B
F – F – F – V
C
F – V – V – F
D
V – F – V – V
E
V – F – V – F
d6a342e6-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Todas as passagens a seguir contêm grau significativo de subjetividade, COM EXCEÇÃO DE:


A
O deputado estava visivelmente nervoso durante a entrevista na sede do partido, ontem. Era óbvio que ficou bastante contrariado ao reagir às indagações do repórter que o questionava acerca dos motivos que o levaram novamente a trocar de partido, o que demonstra claramente seu caráter volúvel.
B
O deputado fumou uma carteira de cigarros durante a entrevista com o jornalista realizada ontem, na sede do partido. O repórter perguntava acerca dos motivos que o levaram a trocar pela terceira vez de partido.
C
Demonstrando mais uma vez seu caráter volúvel, o deputado mudou novamente de partido. Apreensivo, tenso, mostrou-se ostensivamente desgostoso ao ser indagado pelos jornalistas acerca dos motivos que o levaram à nova filiação.
D
O deputado deu provas, mais uma vez, de seu total desrespeito ao eleitorado ao mudar novamente de partido. Indagado pelo repórter a respeito desta manobra ou artimanha política, demonstrou visível constrangimento.
E
Visando unicamente a perpetuar-se no poder, sem nenhuma preocupação com o bem servir a comunidade, o deputado – conhecido por sua infidelidade partidária – mudou novamente de partido.
d6979f93-3b
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

As informações fornecidas pelo texto permitem responder à(s) pergunta(s):

( ) Que é subjetividade?

( ) Que é tendenciosidade?

( ) De que decorre a falta de objetividade?

( ) O que se pode concluir sobre o estilo?

( ) Qual a relação entre objetividade, falácia e ideal, no jornalismo?

O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é


A
F – V – F – V – F
B
F – F – V – F – V
C
V – V – V – V – V
D
F – F – F – F – F
E
V – V – V – V – F
1838bd7a-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 40, leia o excerto do poema denominado “Graciliano Ramos”, de João Cabral de Melo Neto.

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca:
de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara.
Falo somente do que falo:
do seco e de suas paisagens,
Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre:
que reduz tudo ao espinhaço,
cresta o simplesmente folhagem,
folha prolixa, folharada,
onde possa esconder- se na fraude.
Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:
e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua.
Falo somente para quem falo:
quem padece sono de morto
e precisa um despertador
acre, como o sol sobre o olho:
que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso,
e bate nas pálpebras como
se bate numa porta a socos.

I. O poema de João Cabral dialoga com o imaginário acre e violento presente no livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos.

II. O poema se dirige aos que sofrem com as radicais condições da caatinga nordestina, onde o sol é estridente, atingindo as pálpebras como se bate numa porta a socos.

III. Apesar de todas as adversidades sertanejas, a natureza local possibilita um momento para cultivar uma multiplicidade de alimentos.

A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são:

A
II, apenas.
B
III, apenas.
C
I e II, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.
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PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 39, leia o fragmento do conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, de João Guimarães Rosa.

O cavalo de Nhô Augusto obedeceu para diante; as ferraduras tinham e deram fogo no lajeado; e o cavaleiro, em pé nos estribos, trouxe a taca no ar, querendo a figura do velho. Mas o Major piscou, apenas, e encolheu a cabeça, porque mais não era preciso, e os capangas pulavam de cada beirada, e eram só pernas e braços. – Frecha, povo! Desmancha! Já os porretes caíam em cima do cavaleiro, que nem pinotes de matrinxãs na rede. Pauladas na cabeça, nos ombros, nas coxas. Nhô Augusto desceu o corpo e caiu. Ainda se ajoelhou em terra, querendo firmar- se nas mãos, mas isso só lhe serviu para poder ver as caras horríveis dos seus próprios bate- paus, e, no, meio deles, o capiauzinho mongo que amava a mulher- a toa Sariema. E Nhô Augusto fechou os olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de testa peluda, com o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar na rua outras raivas pequenas, tudo para ajuntar à massa- mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar vingança. (...) Puxaram e arrastaram Nhô Augusto, pelo atalho do rancho do Barranco, que ficou sendo um caminho de pragas e judiação. E quando chegaram ao rancho do Barranco, ao fim da légua, o Nhô Augusto já vinha quase que só carregado, meio nu, todo picado de faca, quebrado de pancadas e enlameado grosso, poeira com sangue. Empurraram- no para o chão, e ele nem se moveu. (...) E, aí, quando tudo esteve a ponto, abrasaram o ferro com a marca do gado do Major – que soía ser um triângulo inscrito numa circunferência –, e imprimiram-na, com chiado, chamusco e fumaça, na polpa glútea direita de Nhô Augusto. Mas recuaram todos, num susto, porque Nhô Augusto viveu- se, com um berro e um salto, medonhos.

Considerando o fragmento acima, todas as afirmativas são corretas, EXCETO:

A
Nhô Augusto é surpreendido numa emboscada na qual os capangas o esperam para iniciar um violento castigo.
B
No meio de tamanha violência, Nhô Augusto não consegue reconhecer seus algozes.
C
“Capiau de testa peluda, com cabelo quase nos olhos” é uma espécie de homem que cultiva a memória para exercitar a vingança.
D
Nhô Augusto é submetido a terrível tortura quando o seu corpo desnudo é queimado com um fero de marcar o gado.
E
Apesar de toda a violência dos porretes e das picadas de faca, Nhô Augusto sobrevive, espantando a todos com urro tremendo.
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PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 38, ler o excerto do conto “Mineirinho”, de Clarice Lispector, e preencher os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso).

“É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá- las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir- se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. (...) No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim. Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me fez ouvir o primeiro tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina – porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.”

( ) O narrador não compreende plenamente por que está sensibilizado com a morte de um facínora que matou muitas pessoas.

( ) A cozinheira apresenta- se bastante confortável em discutir a morte do Mineirinho.

( ) Ao longo da contagem dos tiros que abateram o criminoso, o narrador vai se apiedando progressivamente, culminando no décimo terceiro tiro, momento em que se coloca no lugar do próprio facínora.

( ) A certa altura do conto, o narrador, movido pela lei da sobrevivência, chega a aceitar o extermínio de facínoras como o Mineirinho.

A sequência correta, de cima para baixo, é

A
V – V – F – F
B
V – F – F – V
C
V – F – V – V
D
F – F – V – V
E
F – V – F – F
1585eb63-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 37, ler o fragmento do poema “A morte do leiteiro”, de Carlos Drummond de Andrade.

Há pouco leite no país
é preciso entregá- lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá- lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
(...)
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.

Mas este entrou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
(...)


Da garrafa estilhaçada.
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram,
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.

De acordo com o texto, afirma-se:

I. Em plena madrugada, o leiteiro cumpre um papel fundamental na distribuição de um leite bom que alimenta inclusive gente ruim.

II. Na sua ríspida e barulhenta marcha, o leiteiro acorda todos que dormem nas casas nas quais o leite é entregue.

III. De forma premeditada, o morador mata o raivoso leiteiro que se aproxima também para assaltá- lo.

IV. Devido a um trágico engano, um cidadão inocente é morto no exercício da profissão.

As afirmativas corretas são, apenas,

A
I e IV.
B
II e III.
C
II e IV.
D
I, II e III.
E
I, III e IV.
13bc032c-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 35, leia os textos e as afirmativas que seguem.

Texto 1

Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite
Horrendos a dançar.

(...)

E ri- se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem- se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz, do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei- os mais dançar!...”

(Excertos da quarta parte do poema “O Navio Negreiro”, de Castro Alves)


Texto 2

Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina ali
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? Qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? Qual é negão?


É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista


Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro


(...)

(Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, composição de Marcelo Yuka, do grupo O Rappa, em disco lançado em 1994)

Com base nos textos, afirma-se:

I. Já no primeiro verso do texto 1, o eu lírico anteci- pa o teor violento desse trecho do poema ao utilizar a expressão “sonho dantesco”, referência às imagens perturbadoras do Inferno, primeira parte da obra Divina Comédia, de Dante Alighieri.

II. A canção do grupo O Rappa relaciona a imagem do açoitador do passado com a do policial dos dias de hoje.

III. Por aclimação, entende-se o esforço do homem tencionando um processo de adaptação, mesmo em circunstâncias desfavoráveis. Ao construir imagens contrastantes (a multidão que, mesmo chorando, dança; o escravo que concomitante- mente geme e ri), Castro Alves, no texto 1, reduz seu grito de denúncia e antevê essa ação de ajustamento dos negros à realidade da escravatura.

IV. Nos dois textos, há referência ou comparação entre animais e instrumentos que funcionam como armas de opressão frente ao negro.

As afirmativas corretas são, apenas


A
I e II.
B
II e III.
C
III e IV.
D
I, II e IV.
E
I, III e IV.
12d4667b-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 34, leia os textos que seguem.

Texto 1

(…)

É bem possível que eu um dia cegue.
No ardor desta letal tórrida zona,
A cor do sangue é a cor que me impressiona
E a que mais neste mundo me persegue!

Essa obsessão cromática me abate.
Não sei por que me vêm sempre à lembrança
O estômago esfaqueado de uma criança
E um pedaço de víscera escarlate.

(…)

Na ascensão barométrica da calma,
Eu bem sabia, ansiado e contrafeito,
Que uma população doente do peito
Tossia sem remédio na minh’alma!

E o cuspo que essa hereditária tosse
Golfava, à guisa de ácido resíduo,
Não era o cuspo só de um indivíduo
Minado pela tísica precoce.

(…)

Imagem 017.jpg

Os versos do excerto e o texto crítico de Alfredo Bosi referem- se a

A
Carlos Drummond de Andrade.
B
Augusto dos Anjos.
C
Carlos Nejar.
D
João Cabral de Melo Neto.
E
Mário de Andrade.
11efd23a-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 33, leia o excerto a seguir, no contexto do conto de Simões Lopes Neto, e as afirmativas, preenchendo os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.

“Foi então que um gaúcho gadelhudo, mui alto, canhoto, desprendeu da cintura as boleadeiras e fê- las roncar por cima da cabeça… e quando ia soltá- las, zunindo, com força pra rebentar as costelas dum boi manso, e que o negro estava cocando o tiro, de facão pronto pra cortar as sogas…, nesse mesmo momento e instante a velha Fermina entrou na roda, e ligeira como um gato, varejou no Bonifácio uma chocolateira de água fervendo, que trazia na mão, do chimarrão que estava chupando… O negro urrou como um touro na capa…; a rumo no mais avançou o braço, e fincou e suspendeu, levando a velha, estorcendo- se, atravessada no facão até o esse…; ao mesmo tempo, mandado por pulso de homem um bolaço cantou- lhe no tampo da cabeça e logo outro, no costilhar, e o negro caiu, como boi desnucado, de boca aberta, a língua pontuada, mexendo em tremura uma perna, onde a roseta da chilena tinia, miúdo…

Patrício, escuite!”


( ) As comparações com bichos ( boi manso, gato, touro na capa, boi desnucado) conferem aos personagens uma espécie de animalização, um instinto não racional que potencializa o tom violento da cena.

( ) Na leitura do trecho, torna- se evidente a força visual na escrita de Simões Lopes Neto, autor que detalhava, com riqueza, as ações de seus personagens, gerando tensão no relato.

( ) A utilização de expressões tipicamente urbanas do Rio Grande do Sul dá ao texto um caráter regionalista.

( ) O vaqueano Blau Nunes é o narrador da obra, personagem que testemunhou ou ouviu os causos que relata. Essa marca de oralidade torna- se ainda mais explícita com a passagem “Patrício, escuite!”.

( ) O trecho pertence ao conto “Negro Bonifácio”.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

A
F – F – V – F – F
B
V – V – F – V – F
C
V – F – V – V – V
D
V – V – F – V – V
E
F – V – V – F – F
1022dfb9-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos

Desde as tragédias gregas, a violência sempre instigou a criação literária. O conflito entre nativos e europeus no tempo das descobertas, as batalhas sangrentas no estabelecimento das fronteiras do pampa, o mundo sem lei do sertanejo, a degradação moral nos conglomerados urbanos são alguns dos enredos brutais que configuram o nosso imaginário literário. A violência, mais do que um problema do nosso cotidiano contemporâneo, é um tema recorrente, como atestam os textos desta prova.

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 31, leia o excerto do conto “O caso da vara”, de Machado de Assis.

Todas as afirmativas estão corretamente associadas ao excerto, EXCETO:


Imagem 015.jpg


A
A reação condicionada de Lucrécia, ao abaixar a cabeça frente à violência sistemática de Sinhá Rita, é um exemplo do tratamento psicológico que Machado de Assis confere aos seus personagens.
B
O trecho apresenta um narrador que não se furta a tecer comentários e emitir opiniões sobre os personagens.
C
A passagem “Sinhá Rita tinha quarenta anos na certidão de batismo, e vinte e sete nos olhos” apresenta um caso de paralelismo recorrente dentro do estilo literário de Machado de Assis: a coordenação incomum de frases. Efeito similar observa-se, por exemplo, em Memórias Póstumas de Brás Cubas: “Marcela amou- me durante quinze anos e onze contos de réis”
D
As expressões “amiga de rir” e “brava como diabo” demonstram contradições no comportamento de Sinhá Rita, que são ratificadas por suas ações no decorrer do conto.
E
O trecho possibilita um debate sobre a escravidão, o que exemplifica a profundidade na crítica social trazida por Machado de Assis em seus contos. Essa denúncia é diluída em seus romances, com menor preocupação social e mais centrados no indivíduo.
79f40f31-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Tipologia Textual

INSTRUÇÃO: Responder à questão 25 com base nas ideias que completam a frase a seguir.

O texto permite concluir que a narradora

1. valoriza mais as boas lembranças do que as más.

2. chama o que vê na praia de “coisinhas prateadas” porque não conhece ainda a palavra “peixes”.

3. assusta- se com as ondas inquietas e a multidão que invade a praia.

4. passa por uma quebra de expectativa no decorrer do episódio narrado.

5. foi mais de uma vez à beira do mar.

Apenas estão corretas as afirmativas

Imagem 058.jpg
A
1, 2, 3 e 4.
B
2, 4 e 5.
C
1, 2 e 3.
D
1, 3 e 5.
E
4 e 5.
790b8dfd-27
PUC - RS 2011 - Português - Interpretação de Textos, Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Morfologia

INSTRUÇÃO: Para responder à questão 24, leia as informações sobre as palavras numeradas de 1 a 4 e preencha os parênteses com V (verdadeiro) e F (falso).

1. “implacável” ( linha 02)

2. “irrespirável” ( linha 03)

3. “irreciclável” ( linha 16)

4. “biodesagradável” ( linha 16)

Sobre essas palavras, afirma- se:

( ) todas contêm um elemento negativo.

( ) o sufixo – ável denota a ideia de “passível de”, diferentemente de – adas, em “arrasadas” ( linha 08), que denota processo concluído.

( ) nas palavras 1 e 2, um mesmo prefixo assume grafias diversas, em decorrência das letras (“p” e “r”) seguintes.

( ) a palavra 4 apresenta um elemento a mais do que as palavras 1 e 2.

O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

Imagem 057.jpg
A
V – F – V – V
B
F – V – V – V
C
V – V – V – V
D
F – V – F – F
E
V – F – V – F