Leia atentamente o fragmento da narrativa “Carta do Pleistoceno”, retirado do livro “A casa da palavra”, de
Marina Colasanti.
Carta do Pleistoceno
Senhores cientistas,
quem daqui lhes escreve – daqui não sendo o além exatamente mas uma espécie de ponto de vista – é o
mamute. O mamute aquele que vocês trouxeram recentemente à luz lá pelos lados da Rússia – à luz
ofuscante dos flashes e dos holofotes de TV, é bom que se diga, porque uma certa luz fraca e opalinada me
alcançou sempre através do gelo. E escrevo porque chegou-me a notícia – como chegam depressa as
notícias nesse tempo vosso! – de que estão tentando me clonar.
Estão planejando tirar um pedaço de mim, daquilo que vocês chamam de DNA, manipulá-lo de alguma
maneira que para meu cérebro parece assaz complicada, mas que deveria se concluir com a minha presença
implantada num óvulo de elefanta, decorrente gravidez, e posterior nascimento.
Peço-lhes encarecidamente que não façam isso. Poderia invocar os direitos do autor pois, embora mínimo,
qualquer pedaço de mim me pertence, mas receio não estar coberto por vossas leis autorais. Apelo então
para aqueles sentimentos caridosos que dizeis habitar vosso coração. E para o bom senso, que infelizmente
nem sempre tem esse mesmo endereço. (COLASANTI, 2012).
A partir do trecho e do conto, em sua integralidade, assinale a alternativa INCORRETA.