Questão 7c01661a-b4
Prova:Unimontes - MG 2018
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O livro O professor, de Cristóvão Tezza, possui como epígrafe uma tese extraída do texto religioso “Vita Christi”, do século XV – cuja atualização pode se fazer da seguinte forma: “Não pode alguém ser boa testemunha de outrem, se primeiro não for boa testemunha de si mesmo”.
Essa proposição da epígrafe corrobora todos os aspectos dessa narrativa, EXCETO:

A
O recurso a uma epígrafe com rubrica de um texto religioso, que se pretende autêntico e verdadeiro, estabelece um jogo narrativo paradoxal com o caráter labiríntico da memória da personagem.
B
A recorrência a dados de pesquisas de institutos oficiais e a eventos históricos e a alusão a nomes da literatura universal conferem à narrativa um caráter factual e fidedigno.
C
Na preparação para a sessão em sua homenagem, o narrador personagem, ao buscar o sentido da sua vida – num ziguezaguear de discursos –, revela-se uma testemunha parcial de si mesmo.
D
A essência da epígrafe é rasurada com a alternância entre primeira e terceira pessoas do discurso, em uma mixagem de intertextos, resultando em um relato de testemunha ambígua.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de Texto e Coerência Textual

A questão exige que você compreenda o papel da epígrafe — citação que antecipa o tema central do texto — e relacione o conteúdo dela (“Não pode alguém ser boa testemunha de outrem, se primeiro não for boa testemunha de si mesmo”) à proposta narrativa de “O Professor”, de Cristóvão Tezza.

Justificativa da alternativa correta – B:

A alternativa B diz que dados de institutos, eventos históricos e referências literárias conferem objetividade e “caráter factual e fidedigno” à narrativa. Porém, tanto a epígrafe da obra quanto o enredo giram em torno da subjetividade e do questionamento interno do protagonista. Logo, o foco não é apresentar fatos objetivos, mas sim refletir sobre as próprias experiências e as dificuldades de ser testemunha fiel de si mesmo. Isso não está alinhado à função da epígrafe, que enfatiza autoconhecimento e autenticidade pessoal, e por isso é a resposta correta (exceção ao alinhamento com a epígrafe).

Análise das alternativas incorretas:

A) A epígrafe religiosa, que sugere verdade, contrasta de forma intencional com as memórias instáveis do narrador, criando um paradoxo condizente com a proposta do romance, segundo autores como Bechara (Moderna Gramática Portuguesa).

C) Mostra o narrador tentando compreender sua vida, revelando-se testemunha parcial de si mesmo. Isso está de acordo com a epígrafe, que remete à dificuldade de autoconhecimento e de julgamento próprio.

D) Ao mencionar a alternância entre vozes e a “mixagem de intertextos”, reforça o caráter ambíguo do relato, em sintonia com o convite da epígrafe para refletir sobre a autenticidade no testemunho pessoal.

Dica de interpretação: Atenção à palavra-chave “EXCETO”: é preciso buscar a opção que não se relaciona com a ideia central da epígrafe. Muitos erram essa questão por responder segundo as informações plausíveis do texto, sem notar a exceção.

Resumo prático: Epígrafes geralmente antecipam temas; neste livro, a honestidade consigo mesmo. Pesquisas e dados objetivos (alternativa B) não refletem essa proposta introspectiva.

Referências: Evanildo Bechara, "Moderna Gramática Portuguesa"; Celso Cunha & Lindley Cintra, "Nova Gramática do Português Contemporâneo".

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