Questõessobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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6192c955-7a
ENEM 2021 - Português - Interpretação de Textos, Gêneros Textuais, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Qual estratégia caracteriza o texto como uma notícia alarmante?

    Um asteroide de cerca de um mil metros de diâmetro, viajando a 288 mil quilômetros por hora, passou a uma distância insignificante — em termos cósmicos — da Terra, pouco mais do dobro da distância que nos separa da Lua. Segundo os cálculos matemáticos, o asteroide cruzou a órbita da Terra e somente não colidiu porque ela não estava naquele ponto de interseção. Se ele tivesse sido capturado pelo campo gravitacional do nosso planeta e colidido, o impacto equivaleria a 40 bilhões de toneladas de TNT, ou o equivalente à explosão de 40 mil bombas de hidrogênio, conforme calcularam os computadores operados pelos astrônomos do programa de Exploração do Sistema Solar da Nasa; se caísse no continente, abriria uma cratera de cinco quilômetros, no mínimo, e destruiria tudo o que houvesse num raio de milhares de outros; se desabasse no oceano, provocaria maremotos que devastariam imensas regiões costeiras. Enfim, uma visão do Apocalipse.


Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br. Acesso em: 23 abr. 2010.
A
A descrição da velocidade do asteroide.
B
A recorrência de formulações hipotéticas.
C
A referência à opinião dos astrônomos.
D
A utilização da locução adverbial “no mínimo”.
E
A comparação com a distância da Lua à Terra.
620b7799-7a
ENEM 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O fragmento faz uma referência irônica a formas de divulgação e circulação de informações em uma localidade sem imprensa. Ao destacar a confiança da população no sistema da matraca, o narrador associa esse recurso à disseminação de 

    Naquele tempo, Itaguaí, que, como as demais vilas, arraiais e povoações da colônia, não dispunha de imprensa, tinha dois modos de divulgar uma notícia; ou por meio de cartazes manuscritos e pregados na porta da Câmara, e da matriz; — ou por meio de matraca.

    Eis em que consistia este segundo uso. Contratava- -se um homem, por um ou mais dias, para andar as ruas do povoado, com uma matraca na mão. De quando em quando tocava a matraca, reunia-se gente, e ele anunciava o que lhe incumbiam, — um remédio para sezões, umas terras lavradias, um soneto, um donativo eclesiástico, a melhor tesoura da vila, o mais belo discurso do ano, etc. O sistema tinha inconvenientes para a paz pública; mas era conservado pela grande energia de divulgação que possuía. Por exemplo, um dos vereadores desfrutava a reputação de perfeito educador de cobras e macacos, e aliás nunca domesticara um só desses bichos; mas tinha o cuidado de fazer trabalhar a matraca todos os meses. E dizem as crônicas que algumas pessoas afirmavam ter visto cascavéis dançando no peito do vereador; afirmação perfeitamente falsa, mas só devida à absoluta confiança no sistema. Verdade, verdade, nem todas as instituições do antigo regímen mereciam o desprezo do nosso século.


ASSIS, M. O alienista. Disponível em: www.dominiopubico.gov.br. Acesso em: 2 jun. 2019 (adaptado).
A
campanhas políticas.
B
anúncios publicitários.
C
notícias de apelo popular.
D
informações não fidedignas.
E
serviços de utilidade pública.
3e835438-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Artigos, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Observe o seguinte trecho do texto 1, em que o autor utiliza uma sucessão de artigos indefinidos e de artigos definidos: “Pouca paciência me resta para o cinema que antes me encantava. Vejo um homem cruzando um deserto, atravessando uma praça, seguindo pelo corredor de um hotel, e anseio para que apresse o passo, para que enfim a cena comece, para que se dê o diálogo”. (linhas 54-60) Esse uso denota a intenção de 

Texto 1

Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2021/08/21/

o-medo-do-silencio-e-o-vicio-da-informacao-desenfreada.htm.

Acesso em 01 de setembro de 2021. 

A
revelar hipóteses do autor sobre o indeterminado e demarcar sua certeza sobre o que ele deseja.
B
definir a conduta do autor como criticável e responsabilizar o outro pela busca de informações.
C
associar as ações do autor à paciência e enfatizar o livre acesso do autor a esses ambientes.
D
mostrar locais que o autor gosta de visitar edesvalorizar os pequenos gestos do dia a dia.
3e8874b2-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O objetivo do texto 1 é levar o leitor a refletir sobre

Texto 1

Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2021/08/21/

o-medo-do-silencio-e-o-vicio-da-informacao-desenfreada.htm.

Acesso em 01 de setembro de 2021. 

A
o uso que se faz das redes sociais.
B
o comportamento diante do celular.
C
a busca desenfreada de informações.
D
o que é uma informação de qualidade.
3eb332f0-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Dizer que “O slam é um grito, atitude de ‘reexistência’” (linhas 201-202) significa que o slam


I. traz um legado de autoafirmação e entendimento da identidade de jovens da periferia, ao colocar em pauta discussões sobre gênero e racismo.

II. demonstra a presença de jovens em espaços de fala e a transformação social causada pela articulação dos jovens nos territórios da periferia.

III. trabalha a linguagem formal e o uso correto da linguagem que deve ser utilizada pelos jovens.


Estão corretas as complementações contidas em

Texto 3


Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.

A
I e III apenas.
B
II e III apenas.
C
I e II apenas.
D
I, II e III.
3eb887c2-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando o trecho “É fundamental o papel da escola na disseminação dos ‘slams’, pois por meio deles os alunos expressam ‘seus modos de existir’ e suas reivindicações por ‘uma cultura jovem, popular, negra e pobre, de moradores da periferia, bem diferentes do gosto canônico, branco e de classe média’” (linhas 210-216), é correto afirmar que a autora intenciona

Texto 3


Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.

A
criticar alunos brancos e de classe média por seus gostos.
B
defender a inserção do slam na escola como alternativa.
C
promover a supremacia de uma cultura negra na escola.
D
recriar a cultura escolar oficial da leitura de poemas.
3eaa9271-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho “Os campeonatos de poesias passam por etapas ao longo do ano, de fevereiro a novembro, são compostos de três rodadas e o vencedor, escolhido por cinco jurados da plateia, é premiado com livros e participa do Campeonato Brasileiro de Slam (Slam Br)” (linhas 173-180), os verbos em destaque não se apresentam com seus sujeitos marcados explicitamente. Isso ocorreu porque a autora fez uso de um recurso coesivo chamado elipse — a omissão de uma ou mais palavras que não comprometeu o sentido do texto. Os termos omitidos foram

Texto 3


Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.

A
campeonatos e vencedor.
B
campeonatos e ano.
C
fevereiro a novembro e plateia.
D
livros e vencedor.
3ea1e7f7-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O objetivo do texto 3 é

Texto 3


Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.

A
apresentar o percurso histórico da poesia negra.
B
discutir sobre gêneros que se adequam ao movimento negro.
C
apresentar um jeito de fazer poesia com implicações performáticas e culturais.
D
discutir os problemas da implementação de certos gêneros no currículo escolar.
3ead3d75-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes demonstrativos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

Atente para o seguinte trecho “O poeta vencedor dessa etapa competirá na Copa do Mundo de Slam, realizada todo ano em dezembro, na França” (linhas 180-183). O item, acima destacado, se refere 

Texto 3


Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-e-voz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetas-contemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.

A
à Copa do Mundo de Poesia Slam.
B
ao Campeonato Brasileiro de Slam.
C
à batalha das letras.
D
ao Slam da Guilhermina.
3e953d28-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Análise sintática, Sintaxe, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho “Entro no elevador e já apalpo o bolso à procura do celular, para que me acompanhe por um minuto até que a porta se abra” (linhas 07-10), a relação sintático-semântica que se estabelece entre as orações expressa 

Texto 1

Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2021/08/21/

o-medo-do-silencio-e-o-vicio-da-informacao-desenfreada.htm.

Acesso em 01 de setembro de 2021. 

A
causa.
B
adversidade.
C
finalidade.
D
adição.
3e9b3859-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Intertextualidade, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No verso “tempo da cigarra prever o tempo e morrer” (linhas 138-139), o poema faz referência à fábula A Cigarra e a Formiga, de Esopo. Esse recurso que utiliza, no processo de composição textual, referência a um texto pré-existente é denominado de 


CRUZ, Ana. No Toque do tempo. In: Com perdão da palavra, p. 69.

A
intratextualidade.
B
paródia.
C
paráfrase.
D
intertextualidade.
3e9f391a-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Escreva V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que se diz a seguir sobre o texto.


( ) O poema compara o tempo à batida de um tambor por serem ambos formados de paradas e de um ritmo ora mais rápido ora mais lento.

( ) O poema trata o tempo considerando os diferentes significados que ele assume no cotidiano das pessoas.

( ) O poema está estruturado na forma de um soneto e a rigidez de sua estrutura relaciona-se ao conteúdo.

( ) Os versos do poema podem ser classificados como brancos ou soltos, mas conservam a musicalidade.


A sequência correta, de cima para baixo, é:


CRUZ, Ana. No Toque do tempo. In: Com perdão da palavra, p. 69.

A
F, V, F, F.
B
V, V, F, V.
C
F, F, V, V.
D
V, F, V, F.
3e92a975-75
UECE 2021 - Português - Interpretação de Textos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Atente para o termo destacado no seguinte trecho: “No intervalo entre dois versos, entre duas linhas de um romance bom, me desvio para os meus próprios pensamentos e é como se os reencontrasse, à minha espera, calmos, imperturbáveis”. (linhas 93-98)

O referente do pronome “os”, no trecho acima, é

Texto 1

Disponível em https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2021/08/21/

o-medo-do-silencio-e-o-vicio-da-informacao-desenfreada.htm.

Acesso em 01 de setembro de 2021. 

A
“meus próprios pensamentos”.
B
“No intervalo entre dois versos”.
C
“duas linhas de um romance bom”.
D
“à minha espera, calmos, imperturbáveis”.
d840d9be-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Largo em sentir, em respirar sucinto,

Peno, e calo, tão fino, e tão atento,

Que fazendo disfarce do tormento

Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.


O mal, que fora encubro, ou que desminto,

Dentro no coração é que o sustento:

Com que, para penar é sentimento,

Para não se entender, é labirinto.


Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;

Da tempestade é o estrondo efeito:

Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.


Mas oh do meu segredo alto conceito!

Pois não me chegam a vir à boca os tiros

Dos combates que vão dentro no peito.

Gregório de Matos e Guerra


No soneto, o eu lírico:

A
expressa um conflito que confirma a imagem pública do poeta, conhecido pelo epíteto de “o Boca do Inferno”. 
B
opta por sufocar a própria voz como estratégia apaziguadora de suas perturbações de foro íntimo. 
C
explora a censura que o autor sofreu em sua época, ao ser impedido de dar expressão aos seus sentimentos.
D
estabelece, nos tercetos, um contraponto semântico entre as metáforas da natureza e da guerra. 
E
revela-se como um ser atormentado, ao mesmo tempo que omite a natureza de seu sofrimento. 
d835d11a-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A visão do eu-lírico no texto I 

LEIA OS SEGUINTES TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS PARA RESPONDER À QUESTÃO.


I.

        Suave mari magno*

Lembra-me que, em certo dia,

Na rua, ao sol de verão,

Envenenado morria

        Um pobre cão.


Arfava, espumava e ria,

De um riso espúrio e bufão,

Ventre e pernas sacudia

        Na convulsão.


Nenhum, nenhum curioso

Passava, sem se deter,

        Silencioso,


Junto ao cão que ia morrer,

Como se lhe desse gozo

        Ver padecer.

                                                Machado de Assis. Ocidentais


*Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”). 


II.

    Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.


III.

     Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido:

      – Que foi? perguntou ele.

      – Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?

                                     (...)

   – Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia de dor e de pavor.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.  

A
volta-se nostálgica para as imagens de uma lembrança.
B
centra-se com desprezo na figura do animal agonizante.
C
apreende displicentemente o movimento dos transeuntes.
D
ganha distância da cena para captar todos os seus aspectos.
E
apresenta o espectador da crueldade como um ser incomum.
d852ebe6-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A escrita poderia servir de definição da nossa civilização, uma vez que 

A escrita faz de tal modo parte de nossa civilização que poderia servir de definição dela própria. A história da humanidade se divide em duas imensas eras: antes e a partir da escrita. Talvez venha o dia de uma terceira era — depois da escrita. Vivemos os séculos da civilização escrita. Todas as nossas sociedades baseiam-se no escrito. A lei escrita substitui a lei oral, o contrato escrito substitui a convenção verbal, a religião escrita se seguiu à tradição lendária. E sobretudo não existe história que não se funde sobre textos.

Charles Higounet. A história da escrita. Adaptado.  

A
a terceira era está prestes a acontecer.
B
o escrito respalda as atividades humanas.
C
as convenções verbais substituíram o escrito.
D
a oralidade deixou de ser usada em períodos remotos.
E
os textos pararam de se modificar a partir da escrita.
d839323a-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A analogia consiste em um recurso de expressão comumente utilizado para ilustrar um raciocínio por meio da semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias. No texto II, a analogia construída a partir da imagem do chicote pretende sugerir que 

LEIA OS SEGUINTES TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS PARA RESPONDER À QUESTÃO.


I.

        Suave mari magno*

Lembra-me que, em certo dia,

Na rua, ao sol de verão,

Envenenado morria

        Um pobre cão.


Arfava, espumava e ria,

De um riso espúrio e bufão,

Ventre e pernas sacudia

        Na convulsão.


Nenhum, nenhum curioso

Passava, sem se deter,

        Silencioso,


Junto ao cão que ia morrer,

Como se lhe desse gozo

        Ver padecer.

                                                Machado de Assis. Ocidentais


*Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”). 


II.

    Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.


III.

     Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido:

      – Que foi? perguntou ele.

      – Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?

                                     (...)

   – Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia de dor e de pavor.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.  

A
o instrumento do castigo nem sempre cai em mãos justas.
B
o apreço aos objetos independe do uso que se faz deles.
C
o cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de culpa.
D
o mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de desfrutar do poder.
E
o prazer verdadeiro se experimenta no lado dos dominantes.
d83d18b4-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto III, ao analisar a interioridade de Palha, o narrador descobre, no pensamento oculto do negociante,

LEIA OS SEGUINTES TEXTOS DE MACHADO DE ASSIS PARA RESPONDER À QUESTÃO.


I.

        Suave mari magno*

Lembra-me que, em certo dia,

Na rua, ao sol de verão,

Envenenado morria

        Um pobre cão.


Arfava, espumava e ria,

De um riso espúrio e bufão,

Ventre e pernas sacudia

        Na convulsão.


Nenhum, nenhum curioso

Passava, sem se deter,

        Silencioso,


Junto ao cão que ia morrer,

Como se lhe desse gozo

        Ver padecer.

                                                Machado de Assis. Ocidentais


*Expressão latina, retirada de Lucrécio (Da natureza das coisas), a qual aparece no seguinte trecho: Suave, mari magno, turbantibus aequora ventis/ E terra magnum alterius spectare laborem. (“É agradável, enquanto no mar revoltoso os ventos levantam as águas, observar da terra os grandes esforços de um outro.”). 


II.

    Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.


III.

     Sofia soltou um grito de horror e acordou. Tinha ao pé do leito o marido:

      – Que foi? perguntou ele.

      – Ah! respirou Sofia. Gritei, não gritei?

                                     (...)

   – Sonhei que estavam matando você. Palha ficou enternecido. Havê-la feito padecer por ele, ainda que em sonhos, encheu-o de piedade, mas de uma piedade gostosa, um sentimento particular, íntimo, profundo, – que o faria desejar outros pesadelos, para que o assassinassem aos olhos dela, e para que ela gritasse angustiada, convulsa, cheia de dor e de pavor.

Machado de Assis. Quincas Borba, cap. CLXI.  

A
a ternura que lhe inspira a mulher, capaz de toda abnegação.
B
a piedade que lhe causa a mulher, a quem só guarda desprezo.
C
a vaidade que beira o sadismo, ao ver a mulher sofrer por ele.
D
o gozo vingativo, visto que a mulher o trai com Carlos Maria.
E
o remorso do infiel, pois ele trai a mulher com Maria Benedita.
d8445207-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Nun´Álvares Pereira


Que auréola te cerca?

É a espada que, volteando,

Faz que o ar alto perca

Seu azul negro e brando.


Mas que espada é que, erguida,

Faz esse halo no céu?

É Excalibur, a ungida,

Que o Rei Artur te deu.


´Sperança consumada, S

. Portugal em ser,

Ergue a luz da tua espada

Para a estrada se ver!

Fernando Pessoa. In: “A Coroa”, Parte I, Mensagem


A primeira parte de Mensagem, organizada como um correlativo poético do Brasão das Armas de Portugal, perfila uma série de figuras míticas e históricas que teriam sido responsáveis pela formação nacional portuguesa. A seleção de Nun´Álvares Pereira para ocupar o lugar da Coroa 

A
sugere, pela imagem do halo de luz, que a verdadeira nobreza é de espírito.
B
destaca, através da referência ao mito arturiano, o seu sangue bretão.
C
distingue, por meio do substantivo “´sperança”, um regente digno de seu posto.
D
enaltece, pela repetição da palavra espada, a guerra como estrada para o futuro.
E
indica, associada ao adjetivo “consumada”, uma visão desenganada da história.
d84c8b89-73
USP 2021 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes relativos, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

No texto, os pronomes em negrito referem-se, respectivamente, a:

        A taxação de livros tem um efeito cascata que acaba custando caro não apenas ao leitor, como também ao mercado editorial – que há anos não anda bem das pernas – e, em última instância, ao desenvolvimento econômico do país. A gente explica. Taxar um produto significa, quase sempre, um aumento no valor do produto final. Isso porque ao menos uma parte desse imposto será repassada ao consumidor, especialmente se considerarmos que as editoras e livrarias enfrentam há anos uma crise que agora está intensificada pela pandemia e não poderiam retirar o valor desse imposto de seu já apertado lucro. Livros mais caros também resultam em queda de vendas, que, por sua vez, enfraquece ainda mais editoras e as impede de investir em novas publicações – especialmente aquelas de menor apelo comercial, mas igualmente importantes para a pluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão, não é? Mas, além disso, qual seria o custo de uma sociedade com menos leitores e menos livros?

Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocesso social e econômico no país”. Guia do Estudante. Setembro/2020. Adaptado. 

A
taxação de livros, mercado editorial, crise, queda de vendas.
B
taxação de livros, leitor, crise, queda de vendas.
C
efeito cascata, mercado editorial, crise, queda de vendas.
D
efeito cascata, mercado editorial, livrarias, livros.
E
efeito cascata, leitor, crise, livros.