Questõesde CÁSPER LÍBERO sobre Interpretação de Textos

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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No texto “Um pingo de chuva”, que integra o livro Os da minha rua, Ondjaki relata a despedida dos professores cubanos que voltavam a seu país de origem. “O camarada professor Ángel explicou-nos, com palavras um bocadinho difíceis, que a missão deles em Angola tinha terminado e que se iam embora muito em breve”. Assinale a opção que enuncia fatores relacionados à presença desses professores em Angola, na década de 1980.

A
A Segunda Guerra Mundial; o fim da ditadura salazarista; a descolonização da África.
B
A ditadura cubana; a guerra fria; o imperialismo britânico.
C
A partilha da África; o imperialismo soviético; o apartheid.
D
A guerra fria; a guerra civil angolana; o internacionalismo cubano.
E
A Revolução dos Cravos; a guerra étnica e tribal; a Conferência de Berlim.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Em Dois irmãos, de Milton Hatoum, o personagem Yaqub parte para São Paulo com o objetivo de se estabelecer profissionalmente. Em tal passagem, que se dá após o término da Segunda Guerra Mundial, o narrador expressa uma expectativa comum: “Naquela época, Yaqub e o Brasil inteiro pareciam ter um futuro promissor”. No período, contudo, o país viveu uma intensa disputa político-ideológica a respeito dos caminhos que levariam ao desenvolvimento. Este debate teve como eixo central:

A
O embate entre a corrente agroexportadora, cujo principal expoente foi a UDN, e a corrente industrialista, que unia os capitais nacionais modernos e os capitais internacionais, tendo por isso nos EUA um aliado.
B
A contraposição dos proprietários agrários e industriais ao governo de Jânio Quadros, que perdeu o apoio das elites econômicas ao condecorar o líder guerrilheiro Che Guevara, ato que identificou sua imagem ao bloco soviético.
C
A oposição entre a proposta desenvolvimentista, liberal e democrática, defendida por Juscelino Kubitschek, e a postura do FMI que, representando os interesses do capital internacional, aliou-se ao Exército e apoiou a ideia de um golpe militar.
D
A oposição entre a corrente populista, que impedia a liberdade sindical e aprofundou as diferenças regionais no país, e a proposta democrática defendida por estudantes e trabalhadores visando à liberdade de expressão e de associação.
E
A oposição entre a corrente nacionalista, que teve no getulismo seu principal expoente, e a corrente internacionalista, caracterizada por seu alinhamento aos EUA e pela defesa da abertura da economia ao capital externo.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre Os da minha rua, de Ondjaki, é correto afirmar que:

A
O narrador das 22 histórias explora um quadro da infância vivida num período em que a precariedade das condições materiais não interditava a experiência da comunhão, estimulando a utopia presente na luta contra o colonialismo e na ideia de uma sociedade mais justa.
B
Os dois narradores que participam das 22 histórias vivem, sempre em dupla, um conjunto de fatos marcados pela crueldade infantil da qual não escapam os professores cubanos, os tios e as tias, os pequenos animais e o quase mitológico abacateiro.
C
O narrador das 22 histórias mergulha no tempo histórico e o relaciona a sua própria experiência, convidando o leitor a compartilhar a dinâmica de uma África mítica e ancestral, que pode ser vista tanto como hostil quanto como hospitaleira.
D
Os diversos narradores das 22 histórias resistem à destruição causada pela experiência colonial, inventando para si mesmos uma infância que não existiu. Desse modo, cada história dialoga com a tradição literária angolana, retomando tópicos e renovando propostas fundamentais no percurso literário que se consolida.
E
Os diversos narradores das 22 histórias se fecham sempre aos estímulos exteriores, optando por explorar com acentuada ambiguidade as facilidades do mundo colonial e a violência que o caracterizou. Assim, revelam-se as contradições de uma sociedade que vive entre o peso do colonialismo e a euforia causada pela independência.
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As mídias sociais também foram usadas para organizar os recentes protestos estudantis no Chile. Assinale a opção que enuncia corretamente os principais motivos que levaram os estudantes chilenos às ruas:

A
Eles se opõem às medidas liberais que acompanharam o processo de redemocratização no Chile (a partir de 1990) as quais resultaram na expansão do ensino privado, exigindo que o governo coloque em prática a reforma constitucional de 2003, sob o governo de Ricardo Lagos.
B
Eles se opõem ao crédito educacional instituído pelo governo de Sebastián Piñera em 2009, mediado por instituições financeiras privadas, cujos juros levaram ao endividamento estudantil. Eles se opõem ainda à significativa redução orçamentária do Ministério da Educação a partir deste mesmo ano.
C
Eles se opõem à reestruturação dos currículos realizada pelo Ministério da Educação no governo de Michelle Bachelet, que estabeleceu metas para a educação básica e média voltadas às exigências do mercado, fazendo decair a qualidade do ensino público.
D
Eles se opõem à gestão centralizada da educação básica e média pelo Ministério da Educação, exigindo a municipalização da educação e a gestão participativa das escolas públicas com o objetivo de reduzir a desigualdade qualitativa entre as instituições públicas e particulares.
E
Eles se opõem aos efeitos da política educacional do governo de Augusto Pinochet na década de 1980 (mantida após a redemocratização), que se caracterizou pela abertura da educação pública ao setor privado por meio de privatizações subvencionadas e créditos educacionais.
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Em entrevista à Folha de S. Paulo, de 15/8/2011, o economista François Chesnay afirmou que as revoltas no Norte da África e no Oriente Médio, o “movimento dos IndIgnados” na Espanha, os protestos em Londres e em Tel Aviv e a manifestação dos estudantes no Chile “têm em comum o fato de terem sido estimulados pela juventude. (...) São todos reações ao extraordinário abismo social num tempo em que o consumismo é projetado mundialmente pela tecnologia contemporânea e pelas estratégias de mídia”. Sobre o ponto de vista defendido por Chesnay, é correto afirmar que:

A
As novas tecnologias de mídia globalizam o apelo ao consumo, evidenciando as imensas desigualdades sociais no mundo contemporâneo.
B
É próprio da juventude estimular, por meio das novas tecnologias, a opinião pública a reagir coletiva e violentamente contra as grandes injustiças sociais.
C
As jovens lideranças fazem uso da violência por ser esse o único método de acesso ao consumo.
D
As novas estratégias da mídia explicitam a corrupção político-financeira e, com isso, desencadeiam os protestos da juventude pobre e indignada.
E
A doença mundial de que sofre a juventude consiste na corrupção e no consumismo, disseminados pela mídia por meio das novas tecnologias.
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Conforme afirma Joel Birman, autor do texto “Ser ou não ser”, a adoção de políticas neoliberais deslocou o lugar do jovem na sociedade. Em agosto deste ano, algumas cidades inglesas foram palco de violentos protestos organizados pela juventude, o que levou o economista David Harvey a afirmar: “Estes jovens estão fazendo o que todos fazem, embora de modo diferente – mais flagrante, mais visível, nas ruas. O thatcherismo despertou os instintos bestiais do capitalismo (...) e, desde então, nada surgiu que os domasse”. Assinale a opção que caracteriza o advento do thatcherismo:

A
Tratou-se de uma resposta à recessão mundial da década de 1970 com a adoção de medidas neoliberais que desmontaram o estado de bem-estar social. A ampliação dos gastos militares estatais gerou um déficit público sem precedentes na década de 1980.
B
Com o objetivo de fazer um contraponto à melhoria dos índices sociais na União Soviética após a Segunda Guerra Mundial e desestimular a imigração, o “thatcherismo” instituiu medidas neoliberais que ampliaram os benefícios sociais exclusivos para os trabalhadores ingleses.
C
Tratou-se de uma política que respondeu à expansão norte-americana após a Segunda Guerra Mundial – com a adoção de medidas desenvolvimentistas –, aumentou as taxas de juros para atrair capitais norte-americanos entre 1979 e 1990 e facilitou a imigração estrangeira, visando à redução dos salários.
D
Tratou-se de uma resposta à crise econômica intensificada a partir de 1973 com a adoção de medidas neoliberais (como o desmonte do estado de bem-estar social para conter os gastos estatais) e a imposição de uma nova legislação antissindical, criando índices massivos de desemprego.
E
O “thatcherismo” correspondeu à segunda fase da guerra fria, ao instituir medidas anticomunistas, ampliar o investimento em ciência e tecnologia – gerando aumento nos índices de desemprego – e elevar as taxas de juros com vista a atrair capitais externos, inclusive financeiros.
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Se as mídias sociais são utilizadas para disseminar formas de violência entre os jovens, conforme aponta o texto “Ser ou não ser”, elas têm demonstrado também ser importantes veículos para organizar mobilizações coletivas, como na chamada “primavera árabe”. Assinale a opção que enuncia corretamente as principais causas das mobilizações ocorridas no Egito e na Tunísia:

A
A restrição do consumo de produtos ocidentais; a discriminação constitucional e a opressão das mulheres jovens; o sistema de quotas para o acesso aos serviços públicos que beneficiam parentes e aliados políticos dos ditadores.
B
A taxa de desemprego maior entre os jovens (cuja presença é expressiva na população de ambos os países), em particular entre os que têm nível superior; a exclusão política determinada pelos regimes autoritários; a repressão policial.
C
O aumento do preço dos alimentos; a alta taxa de desemprego entre os jovens; o sistema político excludente baseado em coligações entre as múltiplas tribos que compõem a unidade política desses países.
D
O enriquecimento ilícito dos quadros do governo ditatorial, em especial dos membros das famílias de Hosni Mubarak e Ben Ali, em contraste com os 35% da população que vive abaixo da linha de pobreza; a opressão religiosa.
E
A restrição crescente ao acesso ao ensino superior e à qualificação profissional, que amplia o desemprego e o subemprego; a opressão religiosa que tolhe a liberdade individual, especialmente a feminina; a exclusão política.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a opção que identifica corretamente o argumento central do texto:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


Ser ou não ser

    Na atualidade, a imagem da juventude está marcada ao mesmo tempo pela ambiguidade e pela incerteza. Digo ambiguidade, pois se, de um lado, a juventude é sempre exaltada na contemporaneidade, cantada que é em prosa e verso pelas potencialidades existenciais que condensaria, por outro a condição jovem caracteriza-se por sua posição de suspensão no espaço social, que se materializa pela ausência de seu reconhecimento social e simbólico.
    Seria em decorrência disso que a incerteza é o que se delineia efetivamente como o futuro real para os jovens, em todos os quadrantes do mundo. É preciso destacar, antes de tudo, que a possibilidade de experimentação foi o que passou a caracterizar a condição da adolescência no Ocidente, desde o final do século 18, quando as idades da vida foram construídas em conjunção com a família nuclear burguesa, em decorrência da emergência histórica da biopolítica.
    Nesse contexto, a adolescência foi delimitada como o tempo de passagem entre a infância e a idade adulta, na qual o jovem podia empreender experiências nos registros do amor e das escolhas profissionais, até que pudesse se inserir no mercado de trabalho e se casar para reproduzir efetivamente as linhas de força da família nuclear burguesa. Desde os anos 1980, no entanto, essa figuração da adolescência entrou em franco processo de desconstrução, por diversas razões.
    Antes de mais nada, pela revolução feminista dos anos 1960 e 70, com a qual as mulheres foram em busca de outras formas sociais de existência, além da condição materna. Em seguida, porque o deslocamento das mulheres da posição exclusivamente materna foi o primeiro combate decisivo contra o patriarcado, que forjou nossa tradição desde a Antiguidade. Finalmente, a construção do modelo neoliberal da economia internacional, em conjunção com seu processo de globalização, teve o poder de incidir preferencialmente em dois segmentos da população, no que tange ao mercado de trabalho. De fato, foram os jovens e os trabalhadores da faixa etária dos 50 anos os segmentos sociais mais afetados pela voragem neoliberal. Com isso, se os primeiros passaram a se inserir mais tardiamente no dito mercado, os segundos passaram a ser descartados para ser substituídos por trabalhadores jovens e mais baratos, pela precariedade que foi então estabelecida no mercado de trabalho.
    Foi em consequência desse processo que o tempo de duração da adolescência se alongou bastante, ficando então os jovens fora do espaço social formal e lançados perigosamente numa terra de ninguém. Assim, graças à ausência de inserção no mercado de trabalho, a juventude foi destituída de reconhecimento social e simbólico, prolongando-se efetivamente, não tendo mais qualquer limite tangível para seu término. Despossuídos que foram de qualquer reconhecimento social e simbólico, aos jovens restaram apenas o corpo e a força física. É por essa trilha que podemos interpretar devidamente a emergência e a multiplicação das formas de violência entre os jovens na contemporaneidade.
    Esse processo ocorre não apenas no Brasil e na América Latina, mas também em escala internacional. Pode-se depreender aqui a constituição de uma cultura agonística* na juventude de hoje. Assim, a violência juvenil transformou-se em delinquência, inserindo-se efetivamente no registro da criminalidade. No Brasil, os jovens de classe média e das elites passaram a atacar gratuitamente certos segmentos sociais com violência. De mulheres pobres confundidas com prostitutas até homossexuais, passando pelos mendigos, a violência disseminou-se nas grandes metrópoles do país.
    Ao fazerem isso, no entanto, seus gestos delinquentes inscrevem-se numa lógica social precisa e rigorosa. Com efeito, tais segmentos sociais representam no imaginário desses jovens a decadência na hierarquia social, sendo, pois, os signos do que eles poderão ser efetivamente no futuro, na ausência do reconhecimento social e simbólico que os marca. A cultura da força empreende-se regularmente em academias de ginástica, onde os jovens cultuam os músculos, não apenas para se preparar para os combates cotidianos da vida real, mas para forjar também um simulacro de força na ausência efetiva de potência, isto é, na ausência de reconhecimento social e simbólico, lançados que estão aqueles no desamparo.
    É nesse registro que se deve inscrever a disseminação do bullying na contemporaneidade. É preciso dizer, no que concerne a isso, que a provocação e a violência entre os jovens e crianças é uma prática social antiga. O que é novo, contudo, é a ausência de uma autoridade que possa funcionar como mediação no combate entre estes e aqueles, o que incrementou bastante a disseminação dessa prática de violência.
    Não obstante tudo isso, a juventude é ainda glorificada como a representação do que seria o melhor dos mundos possíveis. A juventude seria então a condensação simbólica de todas as potencialidades existenciais. Contudo, se fazemos isso é porque não apenas queremos cultivar a aparência juvenil, por meio de cirurgias plásticas e da medicina estética, mas também porque o código de experimentação que caracterizou a adolescência de outrora se disseminou para a idade adulta e para a terceira idade. Constituiu-se assim uma efetiva adolescência sem fim na tradição ocidental, onde se busca pelo desejo a possibilidade de novos laços amorosos e novas modalidades de realização existencial. (Joel Birman, revista Cult n. 157, maio 2011).


*agonística: relativo a luta, conflito, combate.  
A
A adolescência é um dos períodos mais turbulentos e potencialmente problemáticos da existência humana.
B
Por causa de sua ausência no mercado de trabalho, a juventude foi destituída de reconhecimento social e simbólico.
C
A revolução feminista, o neoliberalismo e a globalização deslocaram o lugar do jovem na sociedade atual e criaram o imperativo do desejo sem fim.
D
Lançados de maneira perigosa numa terra de ninguém, os jovens podem apenas dispor de seu corpo e de sua força física.
E
O bullying é um fenômeno tipicamente adolescente e suas causas estão localizadas na ideia de que a juventude é um mito contemporâneo.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Assinale a opção que apresenta o significado da palavra “figuração”, conforme ela é empregada no texto:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


Ser ou não ser

    Na atualidade, a imagem da juventude está marcada ao mesmo tempo pela ambiguidade e pela incerteza. Digo ambiguidade, pois se, de um lado, a juventude é sempre exaltada na contemporaneidade, cantada que é em prosa e verso pelas potencialidades existenciais que condensaria, por outro a condição jovem caracteriza-se por sua posição de suspensão no espaço social, que se materializa pela ausência de seu reconhecimento social e simbólico.
    Seria em decorrência disso que a incerteza é o que se delineia efetivamente como o futuro real para os jovens, em todos os quadrantes do mundo. É preciso destacar, antes de tudo, que a possibilidade de experimentação foi o que passou a caracterizar a condição da adolescência no Ocidente, desde o final do século 18, quando as idades da vida foram construídas em conjunção com a família nuclear burguesa, em decorrência da emergência histórica da biopolítica.
    Nesse contexto, a adolescência foi delimitada como o tempo de passagem entre a infância e a idade adulta, na qual o jovem podia empreender experiências nos registros do amor e das escolhas profissionais, até que pudesse se inserir no mercado de trabalho e se casar para reproduzir efetivamente as linhas de força da família nuclear burguesa. Desde os anos 1980, no entanto, essa figuração da adolescência entrou em franco processo de desconstrução, por diversas razões.
    Antes de mais nada, pela revolução feminista dos anos 1960 e 70, com a qual as mulheres foram em busca de outras formas sociais de existência, além da condição materna. Em seguida, porque o deslocamento das mulheres da posição exclusivamente materna foi o primeiro combate decisivo contra o patriarcado, que forjou nossa tradição desde a Antiguidade. Finalmente, a construção do modelo neoliberal da economia internacional, em conjunção com seu processo de globalização, teve o poder de incidir preferencialmente em dois segmentos da população, no que tange ao mercado de trabalho. De fato, foram os jovens e os trabalhadores da faixa etária dos 50 anos os segmentos sociais mais afetados pela voragem neoliberal. Com isso, se os primeiros passaram a se inserir mais tardiamente no dito mercado, os segundos passaram a ser descartados para ser substituídos por trabalhadores jovens e mais baratos, pela precariedade que foi então estabelecida no mercado de trabalho.
    Foi em consequência desse processo que o tempo de duração da adolescência se alongou bastante, ficando então os jovens fora do espaço social formal e lançados perigosamente numa terra de ninguém. Assim, graças à ausência de inserção no mercado de trabalho, a juventude foi destituída de reconhecimento social e simbólico, prolongando-se efetivamente, não tendo mais qualquer limite tangível para seu término. Despossuídos que foram de qualquer reconhecimento social e simbólico, aos jovens restaram apenas o corpo e a força física. É por essa trilha que podemos interpretar devidamente a emergência e a multiplicação das formas de violência entre os jovens na contemporaneidade.
    Esse processo ocorre não apenas no Brasil e na América Latina, mas também em escala internacional. Pode-se depreender aqui a constituição de uma cultura agonística* na juventude de hoje. Assim, a violência juvenil transformou-se em delinquência, inserindo-se efetivamente no registro da criminalidade. No Brasil, os jovens de classe média e das elites passaram a atacar gratuitamente certos segmentos sociais com violência. De mulheres pobres confundidas com prostitutas até homossexuais, passando pelos mendigos, a violência disseminou-se nas grandes metrópoles do país.
    Ao fazerem isso, no entanto, seus gestos delinquentes inscrevem-se numa lógica social precisa e rigorosa. Com efeito, tais segmentos sociais representam no imaginário desses jovens a decadência na hierarquia social, sendo, pois, os signos do que eles poderão ser efetivamente no futuro, na ausência do reconhecimento social e simbólico que os marca. A cultura da força empreende-se regularmente em academias de ginástica, onde os jovens cultuam os músculos, não apenas para se preparar para os combates cotidianos da vida real, mas para forjar também um simulacro de força na ausência efetiva de potência, isto é, na ausência de reconhecimento social e simbólico, lançados que estão aqueles no desamparo.
    É nesse registro que se deve inscrever a disseminação do bullying na contemporaneidade. É preciso dizer, no que concerne a isso, que a provocação e a violência entre os jovens e crianças é uma prática social antiga. O que é novo, contudo, é a ausência de uma autoridade que possa funcionar como mediação no combate entre estes e aqueles, o que incrementou bastante a disseminação dessa prática de violência.
    Não obstante tudo isso, a juventude é ainda glorificada como a representação do que seria o melhor dos mundos possíveis. A juventude seria então a condensação simbólica de todas as potencialidades existenciais. Contudo, se fazemos isso é porque não apenas queremos cultivar a aparência juvenil, por meio de cirurgias plásticas e da medicina estética, mas também porque o código de experimentação que caracterizou a adolescência de outrora se disseminou para a idade adulta e para a terceira idade. Constituiu-se assim uma efetiva adolescência sem fim na tradição ocidental, onde se busca pelo desejo a possibilidade de novos laços amorosos e novas modalidades de realização existencial. (Joel Birman, revista Cult n. 157, maio 2011).


*agonística: relativo a luta, conflito, combate.  
A
Participação.
B
Apresentação.
C
Dedução.
D
Distinção.
E
Representação.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a opção cuja frase justifica corretamente o título do texto:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


Ser ou não ser

    Na atualidade, a imagem da juventude está marcada ao mesmo tempo pela ambiguidade e pela incerteza. Digo ambiguidade, pois se, de um lado, a juventude é sempre exaltada na contemporaneidade, cantada que é em prosa e verso pelas potencialidades existenciais que condensaria, por outro a condição jovem caracteriza-se por sua posição de suspensão no espaço social, que se materializa pela ausência de seu reconhecimento social e simbólico.
    Seria em decorrência disso que a incerteza é o que se delineia efetivamente como o futuro real para os jovens, em todos os quadrantes do mundo. É preciso destacar, antes de tudo, que a possibilidade de experimentação foi o que passou a caracterizar a condição da adolescência no Ocidente, desde o final do século 18, quando as idades da vida foram construídas em conjunção com a família nuclear burguesa, em decorrência da emergência histórica da biopolítica.
    Nesse contexto, a adolescência foi delimitada como o tempo de passagem entre a infância e a idade adulta, na qual o jovem podia empreender experiências nos registros do amor e das escolhas profissionais, até que pudesse se inserir no mercado de trabalho e se casar para reproduzir efetivamente as linhas de força da família nuclear burguesa. Desde os anos 1980, no entanto, essa figuração da adolescência entrou em franco processo de desconstrução, por diversas razões.
    Antes de mais nada, pela revolução feminista dos anos 1960 e 70, com a qual as mulheres foram em busca de outras formas sociais de existência, além da condição materna. Em seguida, porque o deslocamento das mulheres da posição exclusivamente materna foi o primeiro combate decisivo contra o patriarcado, que forjou nossa tradição desde a Antiguidade. Finalmente, a construção do modelo neoliberal da economia internacional, em conjunção com seu processo de globalização, teve o poder de incidir preferencialmente em dois segmentos da população, no que tange ao mercado de trabalho. De fato, foram os jovens e os trabalhadores da faixa etária dos 50 anos os segmentos sociais mais afetados pela voragem neoliberal. Com isso, se os primeiros passaram a se inserir mais tardiamente no dito mercado, os segundos passaram a ser descartados para ser substituídos por trabalhadores jovens e mais baratos, pela precariedade que foi então estabelecida no mercado de trabalho.
    Foi em consequência desse processo que o tempo de duração da adolescência se alongou bastante, ficando então os jovens fora do espaço social formal e lançados perigosamente numa terra de ninguém. Assim, graças à ausência de inserção no mercado de trabalho, a juventude foi destituída de reconhecimento social e simbólico, prolongando-se efetivamente, não tendo mais qualquer limite tangível para seu término. Despossuídos que foram de qualquer reconhecimento social e simbólico, aos jovens restaram apenas o corpo e a força física. É por essa trilha que podemos interpretar devidamente a emergência e a multiplicação das formas de violência entre os jovens na contemporaneidade.
    Esse processo ocorre não apenas no Brasil e na América Latina, mas também em escala internacional. Pode-se depreender aqui a constituição de uma cultura agonística* na juventude de hoje. Assim, a violência juvenil transformou-se em delinquência, inserindo-se efetivamente no registro da criminalidade. No Brasil, os jovens de classe média e das elites passaram a atacar gratuitamente certos segmentos sociais com violência. De mulheres pobres confundidas com prostitutas até homossexuais, passando pelos mendigos, a violência disseminou-se nas grandes metrópoles do país.
    Ao fazerem isso, no entanto, seus gestos delinquentes inscrevem-se numa lógica social precisa e rigorosa. Com efeito, tais segmentos sociais representam no imaginário desses jovens a decadência na hierarquia social, sendo, pois, os signos do que eles poderão ser efetivamente no futuro, na ausência do reconhecimento social e simbólico que os marca. A cultura da força empreende-se regularmente em academias de ginástica, onde os jovens cultuam os músculos, não apenas para se preparar para os combates cotidianos da vida real, mas para forjar também um simulacro de força na ausência efetiva de potência, isto é, na ausência de reconhecimento social e simbólico, lançados que estão aqueles no desamparo.
    É nesse registro que se deve inscrever a disseminação do bullying na contemporaneidade. É preciso dizer, no que concerne a isso, que a provocação e a violência entre os jovens e crianças é uma prática social antiga. O que é novo, contudo, é a ausência de uma autoridade que possa funcionar como mediação no combate entre estes e aqueles, o que incrementou bastante a disseminação dessa prática de violência.
    Não obstante tudo isso, a juventude é ainda glorificada como a representação do que seria o melhor dos mundos possíveis. A juventude seria então a condensação simbólica de todas as potencialidades existenciais. Contudo, se fazemos isso é porque não apenas queremos cultivar a aparência juvenil, por meio de cirurgias plásticas e da medicina estética, mas também porque o código de experimentação que caracterizou a adolescência de outrora se disseminou para a idade adulta e para a terceira idade. Constituiu-se assim uma efetiva adolescência sem fim na tradição ocidental, onde se busca pelo desejo a possibilidade de novos laços amorosos e novas modalidades de realização existencial. (Joel Birman, revista Cult n. 157, maio 2011).


*agonística: relativo a luta, conflito, combate.  
A
A imagem da juventude está marcada ao mesmo tempo pela ambiguidade e pela incerteza.
B
Foram os jovens e os trabalhadores da faixa etária dos 50 anos os segmentos sociais mais afetados pela voragem neoliberal.
C
A violência juvenil transformou-se em delinquência, inserindo-se efetivamente no registro da criminalidade.
D
O código de experimentação que caracterizou a adolescência de outrora se disseminou para a idade adulta e para a terceira idade.
E
A possibilidade de experimentação foi o que passou a caracterizar a condição da adolescência no Ocidente.
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CÁSPER LÍBERO 2011 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a opção correta:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


Ser ou não ser

    Na atualidade, a imagem da juventude está marcada ao mesmo tempo pela ambiguidade e pela incerteza. Digo ambiguidade, pois se, de um lado, a juventude é sempre exaltada na contemporaneidade, cantada que é em prosa e verso pelas potencialidades existenciais que condensaria, por outro a condição jovem caracteriza-se por sua posição de suspensão no espaço social, que se materializa pela ausência de seu reconhecimento social e simbólico.
    Seria em decorrência disso que a incerteza é o que se delineia efetivamente como o futuro real para os jovens, em todos os quadrantes do mundo. É preciso destacar, antes de tudo, que a possibilidade de experimentação foi o que passou a caracterizar a condição da adolescência no Ocidente, desde o final do século 18, quando as idades da vida foram construídas em conjunção com a família nuclear burguesa, em decorrência da emergência histórica da biopolítica.
    Nesse contexto, a adolescência foi delimitada como o tempo de passagem entre a infância e a idade adulta, na qual o jovem podia empreender experiências nos registros do amor e das escolhas profissionais, até que pudesse se inserir no mercado de trabalho e se casar para reproduzir efetivamente as linhas de força da família nuclear burguesa. Desde os anos 1980, no entanto, essa figuração da adolescência entrou em franco processo de desconstrução, por diversas razões.
    Antes de mais nada, pela revolução feminista dos anos 1960 e 70, com a qual as mulheres foram em busca de outras formas sociais de existência, além da condição materna. Em seguida, porque o deslocamento das mulheres da posição exclusivamente materna foi o primeiro combate decisivo contra o patriarcado, que forjou nossa tradição desde a Antiguidade. Finalmente, a construção do modelo neoliberal da economia internacional, em conjunção com seu processo de globalização, teve o poder de incidir preferencialmente em dois segmentos da população, no que tange ao mercado de trabalho. De fato, foram os jovens e os trabalhadores da faixa etária dos 50 anos os segmentos sociais mais afetados pela voragem neoliberal. Com isso, se os primeiros passaram a se inserir mais tardiamente no dito mercado, os segundos passaram a ser descartados para ser substituídos por trabalhadores jovens e mais baratos, pela precariedade que foi então estabelecida no mercado de trabalho.
    Foi em consequência desse processo que o tempo de duração da adolescência se alongou bastante, ficando então os jovens fora do espaço social formal e lançados perigosamente numa terra de ninguém. Assim, graças à ausência de inserção no mercado de trabalho, a juventude foi destituída de reconhecimento social e simbólico, prolongando-se efetivamente, não tendo mais qualquer limite tangível para seu término. Despossuídos que foram de qualquer reconhecimento social e simbólico, aos jovens restaram apenas o corpo e a força física. É por essa trilha que podemos interpretar devidamente a emergência e a multiplicação das formas de violência entre os jovens na contemporaneidade.
    Esse processo ocorre não apenas no Brasil e na América Latina, mas também em escala internacional. Pode-se depreender aqui a constituição de uma cultura agonística* na juventude de hoje. Assim, a violência juvenil transformou-se em delinquência, inserindo-se efetivamente no registro da criminalidade. No Brasil, os jovens de classe média e das elites passaram a atacar gratuitamente certos segmentos sociais com violência. De mulheres pobres confundidas com prostitutas até homossexuais, passando pelos mendigos, a violência disseminou-se nas grandes metrópoles do país.
    Ao fazerem isso, no entanto, seus gestos delinquentes inscrevem-se numa lógica social precisa e rigorosa. Com efeito, tais segmentos sociais representam no imaginário desses jovens a decadência na hierarquia social, sendo, pois, os signos do que eles poderão ser efetivamente no futuro, na ausência do reconhecimento social e simbólico que os marca. A cultura da força empreende-se regularmente em academias de ginástica, onde os jovens cultuam os músculos, não apenas para se preparar para os combates cotidianos da vida real, mas para forjar também um simulacro de força na ausência efetiva de potência, isto é, na ausência de reconhecimento social e simbólico, lançados que estão aqueles no desamparo.
    É nesse registro que se deve inscrever a disseminação do bullying na contemporaneidade. É preciso dizer, no que concerne a isso, que a provocação e a violência entre os jovens e crianças é uma prática social antiga. O que é novo, contudo, é a ausência de uma autoridade que possa funcionar como mediação no combate entre estes e aqueles, o que incrementou bastante a disseminação dessa prática de violência.
    Não obstante tudo isso, a juventude é ainda glorificada como a representação do que seria o melhor dos mundos possíveis. A juventude seria então a condensação simbólica de todas as potencialidades existenciais. Contudo, se fazemos isso é porque não apenas queremos cultivar a aparência juvenil, por meio de cirurgias plásticas e da medicina estética, mas também porque o código de experimentação que caracterizou a adolescência de outrora se disseminou para a idade adulta e para a terceira idade. Constituiu-se assim uma efetiva adolescência sem fim na tradição ocidental, onde se busca pelo desejo a possibilidade de novos laços amorosos e novas modalidades de realização existencial. (Joel Birman, revista Cult n. 157, maio 2011).


*agonística: relativo a luta, conflito, combate.  
A
Trata-se de um texto que aborda a representação da juventude na literatura e na filosofia contemporâneas.
B
Trata-se de um texto no qual o autor explica a natureza do fenômeno do bullying, desde sua origem na década de 1950.
C
Trata-se de um texto no qual o autor reflete sobre como era ser jovem há 50 anos e como é ser jovem hoje.
D
Trata-se de um texto que analisa o papel da mídia na construção do mito da juventude.
E
Trata-se de um texto que mostra como a juventude é um objeto de desejo da sociedade contemporânea, examinando questões comportamentais, políticas e econômicas.
12f882ae-ec
CÁSPER LÍBERO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia as passagens seguintes de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida, e responda à questão abaixo:


“A comadre (...) achava melhor metê-lo na Conceição1 a aprender um ofício”.
(...)
“Esta ideia do côvado e meio fez brecha no espírito do Leonardo: ser soldado era naquele tempo, e ainda hoje talvez, a pior coisa que podia suceder a um homem.
(...)
Entretanto o zelo da comadre pôs-se em atividade, e poucos dias depois entrou ela muito contente, e veio participar ao Leonardo que lhe tinha achado um excelente arranjo (...); era o arranjo de servidor na ucharia2 real. (...) Empregado da casa real?! oh! Isso não era coisa que se recusasse (...) A proposta da comadre foi aceita sem uma só reflexão contra, de parte de quem quer que fosse.”


A respeito do “tempo do rei” (1808-1821), período em que se passa a narrativa, é correto afirmar que:

A
A presença da corte portuguesa na cidade do Rio de Janeiro reduziu o número de ocupações nos serviços urbanos e no funcionalismo público para os brasileiros, devido à chegada de grande número de funcionários portugueses.
B
Foram abertos os portos para o comércio com as nações amigas, rompendo-se o pacto colonial, e tornou-se legal o estabelecimento de manufaturas no país.
C
Fundou-se o primeiro banco brasileiro e inauguraram-se o primeiro museu e a primeira bolsa de valores do país.
D
Proibiu-se o tráfico de escravos e estabeleceram-se restrições legais àqueles que se utilizassem de castigos físicos para discipliná-los.
E
O ingresso no exército, com funções de baixa patente, era geralmente considerado pelo homem livre despossuído uma das mais promissoras profissões.
12e7d88e-ec
CÁSPER LÍBERO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Relacionando as ideias apresentadas no texto à leitura de Memórias de um sargento de milícias, é correto afirmar que o romance de Manuel Antonio de Almeida:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


    A Independência (que tem seu ponto de partida na transferência da corte portuguesa em 1808) assinala a estruturação do Estado Brasileiro, o que determina, com a configuração da nova individualidade nacional que o Brasil passava a apresentar, a grande e variada série de consequências que derivam da inclusão no próprio país e sobre a base exclusiva de nacionais, do seu centro político, administrativo e social. A inspiração, orientação e direção do conjunto da vida brasileira se farão daí por diante a partir de seu próprio interior onde se localizarão seus estímulos e impulsos, o que torna possível definir, propor e realizar as aspirações e interesses propriamente nacionais. Do ponto de vista estritamente econômico, destaquemos unicamente o que a estruturação do Estado nacional representaria como fator de ampliação das despesas públicas, com reflexo imediato nas particulares; e portanto de ativação de vida econômica e financeira, aumento da renda nacional e do consumo que isso representa. O efeito conjugado desses fatores resultará, em consequência da brusca transformação ocorrida, no profundo desequilíbrio financeiro e nas crises que caracterizam a vida do Império até meados do século. E constitui circunstância que influi poderosamente no sentido de estimular a integração nacional da economia brasileira. Isso será tanto mais sensível e de efeitos mais amplos, que acresce um fator de ordem político-administrativa a atuar no mesmo sentido. Até a Independência, as capitanias brasileiras, depois províncias e hoje Estados, se achavam dispersas e cada qual muito mais ligada à metrópole portuguesa que às demais. A administração sediada no Rio de Janeiro era de fato, no que respeita ao conjunto da colônia, puramente nominal, e sua jurisdição não ia realmente além da intitulada capital e sede do Vice-reinado e das capitanias meridionais. A transferência da corte torna o Rio de Janeiro efetivamente em centro e capital do país que se articulará assim num todo único. Essa situação se consolidará com a efetivação da Independência e a formação do Estado nacional brasileiro, que constituem assim a definitiva integração territorial do país antes disperso e interligado unicamente através e por via da metrópole.
    De maior proporção ainda, no que respeita à transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada, são estes primeiros passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários naturais: o estímulo à imigração europeia de trabalhadores destinados a suprir a falta de mão-de-obra provocada pela supressão daquele tráfico, e a abolição da escravidão (1888). (Caio Prado Júnior. A revolução brasileira.
A
Suprime as camadas básicas (os escravos), pois a narrativa está centrada em personagens que representam as camadas populares que anonimamente participaram da formação da identidade nacional.
B
Omite as camadas dirigentes (o vice-rei, a nobreza, os ministros...), criticando a corrupção econômica e moral em que elas se meteram desde sempre.
C
Explora o par ordem/desordem, no que diz respeito à formação econômica do Brasil Império, às voltas com o aumento da renda nacional e do desequilíbrio financeiro da população de modo geral.
D
Faz uso expressivo da ausência do elemento escravo na narrativa, procurando o autor retratar o mundo sui generis do trabalho no Brasil urbano da primeira metade do século XIX.
E
Retrata afetivamente a participação das classes dirigentes na formação da Nação, objetivando o autor retratar a ascensão da pequena burguesia nos primeiros anos do século XIX.
12e0e70b-ec
CÁSPER LÍBERO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Pronomes demonstrativos, Pronomes relativos, Pronomes Indefinidos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto, Morfologia - Pronomes

“... são estes primeiros passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários naturais...”.

Assinale a alternativa correta quanto à classificação gramatical da forma “estes” e seu valor semântico:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


    A Independência (que tem seu ponto de partida na transferência da corte portuguesa em 1808) assinala a estruturação do Estado Brasileiro, o que determina, com a configuração da nova individualidade nacional que o Brasil passava a apresentar, a grande e variada série de consequências que derivam da inclusão no próprio país e sobre a base exclusiva de nacionais, do seu centro político, administrativo e social. A inspiração, orientação e direção do conjunto da vida brasileira se farão daí por diante a partir de seu próprio interior onde se localizarão seus estímulos e impulsos, o que torna possível definir, propor e realizar as aspirações e interesses propriamente nacionais. Do ponto de vista estritamente econômico, destaquemos unicamente o que a estruturação do Estado nacional representaria como fator de ampliação das despesas públicas, com reflexo imediato nas particulares; e portanto de ativação de vida econômica e financeira, aumento da renda nacional e do consumo que isso representa. O efeito conjugado desses fatores resultará, em consequência da brusca transformação ocorrida, no profundo desequilíbrio financeiro e nas crises que caracterizam a vida do Império até meados do século. E constitui circunstância que influi poderosamente no sentido de estimular a integração nacional da economia brasileira. Isso será tanto mais sensível e de efeitos mais amplos, que acresce um fator de ordem político-administrativa a atuar no mesmo sentido. Até a Independência, as capitanias brasileiras, depois províncias e hoje Estados, se achavam dispersas e cada qual muito mais ligada à metrópole portuguesa que às demais. A administração sediada no Rio de Janeiro era de fato, no que respeita ao conjunto da colônia, puramente nominal, e sua jurisdição não ia realmente além da intitulada capital e sede do Vice-reinado e das capitanias meridionais. A transferência da corte torna o Rio de Janeiro efetivamente em centro e capital do país que se articulará assim num todo único. Essa situação se consolidará com a efetivação da Independência e a formação do Estado nacional brasileiro, que constituem assim a definitiva integração territorial do país antes disperso e interligado unicamente através e por via da metrópole.
    De maior proporção ainda, no que respeita à transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada, são estes primeiros passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários naturais: o estímulo à imigração europeia de trabalhadores destinados a suprir a falta de mão-de-obra provocada pela supressão daquele tráfico, e a abolição da escravidão (1888). (Caio Prado Júnior. A revolução brasileira.
A
Pronome demonstrativo empregado para indicar ao leitor o que se vai mencionar (o estímulo à imigração europeia de trabalhadores e a abolição da escravidão).
B
Pronome indefinido capaz de particularizar o ser expresso pelo substantivo (passos), distinguindo-os dos outros substantivos do texto, por seu acentuado valor intensivo.
C
Pronome demonstrativo empregado para indicar ao leitor o que já foi mencionado (a transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada).
D
Pronome indefinido que indica a totalidade das partes (a transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada, o estímulo à imigração europeia de trabalhadores e a abolição da escravidão).
E
Pronome relativo que assume um duplo papel no período por representar um determinado antecedente (a transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada) e servir de elo subordinante da oração que se inicia a partir dele (os primeiros passos que consistem...)
12e3f3e7-ec
CÁSPER LÍBERO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia

Assinale a alternativa que apresenta o significado da palavra “corolários”, conforme ela é empregada no texto:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


    A Independência (que tem seu ponto de partida na transferência da corte portuguesa em 1808) assinala a estruturação do Estado Brasileiro, o que determina, com a configuração da nova individualidade nacional que o Brasil passava a apresentar, a grande e variada série de consequências que derivam da inclusão no próprio país e sobre a base exclusiva de nacionais, do seu centro político, administrativo e social. A inspiração, orientação e direção do conjunto da vida brasileira se farão daí por diante a partir de seu próprio interior onde se localizarão seus estímulos e impulsos, o que torna possível definir, propor e realizar as aspirações e interesses propriamente nacionais. Do ponto de vista estritamente econômico, destaquemos unicamente o que a estruturação do Estado nacional representaria como fator de ampliação das despesas públicas, com reflexo imediato nas particulares; e portanto de ativação de vida econômica e financeira, aumento da renda nacional e do consumo que isso representa. O efeito conjugado desses fatores resultará, em consequência da brusca transformação ocorrida, no profundo desequilíbrio financeiro e nas crises que caracterizam a vida do Império até meados do século. E constitui circunstância que influi poderosamente no sentido de estimular a integração nacional da economia brasileira. Isso será tanto mais sensível e de efeitos mais amplos, que acresce um fator de ordem político-administrativa a atuar no mesmo sentido. Até a Independência, as capitanias brasileiras, depois províncias e hoje Estados, se achavam dispersas e cada qual muito mais ligada à metrópole portuguesa que às demais. A administração sediada no Rio de Janeiro era de fato, no que respeita ao conjunto da colônia, puramente nominal, e sua jurisdição não ia realmente além da intitulada capital e sede do Vice-reinado e das capitanias meridionais. A transferência da corte torna o Rio de Janeiro efetivamente em centro e capital do país que se articulará assim num todo único. Essa situação se consolidará com a efetivação da Independência e a formação do Estado nacional brasileiro, que constituem assim a definitiva integração territorial do país antes disperso e interligado unicamente através e por via da metrópole.
    De maior proporção ainda, no que respeita à transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada, são estes primeiros passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários naturais: o estímulo à imigração europeia de trabalhadores destinados a suprir a falta de mão-de-obra provocada pela supressão daquele tráfico, e a abolição da escravidão (1888). (Caio Prado Júnior. A revolução brasileira.
A
Eventos.
B
Razões.
C
Causas.
D
Pétalas.
E
Consequências.
12d605b8-ec
CÁSPER LÍBERO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que identifica corretamente o assunto-tema do texto:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


    A Independência (que tem seu ponto de partida na transferência da corte portuguesa em 1808) assinala a estruturação do Estado Brasileiro, o que determina, com a configuração da nova individualidade nacional que o Brasil passava a apresentar, a grande e variada série de consequências que derivam da inclusão no próprio país e sobre a base exclusiva de nacionais, do seu centro político, administrativo e social. A inspiração, orientação e direção do conjunto da vida brasileira se farão daí por diante a partir de seu próprio interior onde se localizarão seus estímulos e impulsos, o que torna possível definir, propor e realizar as aspirações e interesses propriamente nacionais. Do ponto de vista estritamente econômico, destaquemos unicamente o que a estruturação do Estado nacional representaria como fator de ampliação das despesas públicas, com reflexo imediato nas particulares; e portanto de ativação de vida econômica e financeira, aumento da renda nacional e do consumo que isso representa. O efeito conjugado desses fatores resultará, em consequência da brusca transformação ocorrida, no profundo desequilíbrio financeiro e nas crises que caracterizam a vida do Império até meados do século. E constitui circunstância que influi poderosamente no sentido de estimular a integração nacional da economia brasileira. Isso será tanto mais sensível e de efeitos mais amplos, que acresce um fator de ordem político-administrativa a atuar no mesmo sentido. Até a Independência, as capitanias brasileiras, depois províncias e hoje Estados, se achavam dispersas e cada qual muito mais ligada à metrópole portuguesa que às demais. A administração sediada no Rio de Janeiro era de fato, no que respeita ao conjunto da colônia, puramente nominal, e sua jurisdição não ia realmente além da intitulada capital e sede do Vice-reinado e das capitanias meridionais. A transferência da corte torna o Rio de Janeiro efetivamente em centro e capital do país que se articulará assim num todo único. Essa situação se consolidará com a efetivação da Independência e a formação do Estado nacional brasileiro, que constituem assim a definitiva integração territorial do país antes disperso e interligado unicamente através e por via da metrópole.
    De maior proporção ainda, no que respeita à transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada, são estes primeiros passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários naturais: o estímulo à imigração europeia de trabalhadores destinados a suprir a falta de mão-de-obra provocada pela supressão daquele tráfico, e a abolição da escravidão (1888). (Caio Prado Júnior. A revolução brasileira.
A
A ação do Estado na coordenação dos recursos econômicos do Brasil Império.
B
Os investimentos regionais na estrutura econômica nacional.
C
A formação política e econômica do Estado Brasileiro.
D
O papel do Estado no desenvolvimento do Brasil.
E
A Independência do Brasil e a unidade nacional.
12da4d2e-ec
CÁSPER LÍBERO 2010 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa que apresenta corretamente o desenvolvimento das ideias expostas no texto, de forma consecutiva:

Leia o texto a seguir e responda à questão:


    A Independência (que tem seu ponto de partida na transferência da corte portuguesa em 1808) assinala a estruturação do Estado Brasileiro, o que determina, com a configuração da nova individualidade nacional que o Brasil passava a apresentar, a grande e variada série de consequências que derivam da inclusão no próprio país e sobre a base exclusiva de nacionais, do seu centro político, administrativo e social. A inspiração, orientação e direção do conjunto da vida brasileira se farão daí por diante a partir de seu próprio interior onde se localizarão seus estímulos e impulsos, o que torna possível definir, propor e realizar as aspirações e interesses propriamente nacionais. Do ponto de vista estritamente econômico, destaquemos unicamente o que a estruturação do Estado nacional representaria como fator de ampliação das despesas públicas, com reflexo imediato nas particulares; e portanto de ativação de vida econômica e financeira, aumento da renda nacional e do consumo que isso representa. O efeito conjugado desses fatores resultará, em consequência da brusca transformação ocorrida, no profundo desequilíbrio financeiro e nas crises que caracterizam a vida do Império até meados do século. E constitui circunstância que influi poderosamente no sentido de estimular a integração nacional da economia brasileira. Isso será tanto mais sensível e de efeitos mais amplos, que acresce um fator de ordem político-administrativa a atuar no mesmo sentido. Até a Independência, as capitanias brasileiras, depois províncias e hoje Estados, se achavam dispersas e cada qual muito mais ligada à metrópole portuguesa que às demais. A administração sediada no Rio de Janeiro era de fato, no que respeita ao conjunto da colônia, puramente nominal, e sua jurisdição não ia realmente além da intitulada capital e sede do Vice-reinado e das capitanias meridionais. A transferência da corte torna o Rio de Janeiro efetivamente em centro e capital do país que se articulará assim num todo único. Essa situação se consolidará com a efetivação da Independência e a formação do Estado nacional brasileiro, que constituem assim a definitiva integração territorial do país antes disperso e interligado unicamente através e por via da metrópole.
    De maior proporção ainda, no que respeita à transformação da antiga colônia em coletividade nacional integrada e organizada, são estes primeiros passos decisivos da incorporação efetiva da massa trabalhadora à sociedade brasileira que consistem na supressão do tráfico africano (1850) e seus corolários naturais: o estímulo à imigração europeia de trabalhadores destinados a suprir a falta de mão-de-obra provocada pela supressão daquele tráfico, e a abolição da escravidão (1888). (Caio Prado Júnior. A revolução brasileira.
A
O papel da Independência na constituição do Estado e da Nação./Os desmandos financeiros de um Estado perdulário./ A centralização política e administrativa exercida pela capital do país./ A disparidade entre o trabalho escravo e o trabalho livre.
B
A importância da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro./A atuação econômica do Estado e o desequilíbrio financeiro./ O papel das capitanias hereditárias na formação da Nação./ O impacto do trabalho livre na formação da Nação.
C
O papel da individualidade na constituição do Estado e da Nação./O aumento da dívida púbica e suas consequências políticas./ A centralização política e administrativa exercida pela capital do País./ A importância da imigração.
D
A formação das aspirações e dos interesses nacionais./ A atuação econômica do Estado e seu indesejado desequilíbrio financeiro./ As dificuldades administrativas pelas quais passou a capital do país./ As consequências da supressão do tráfico de escravos.
E
O papel da Independência na constituição do Estado e da Nação./A ativação econômica do Estado e suas consequências./ A centralização política e administrativa exercida pela capital do país./ O papel do trabalho livre na formação da Nação.
6cd14c99-eb
CÁSPER LÍBERO 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa correta sobre Edifício Master, de Eduardo Coutinho.

A
Não há no filme invasão de privacidade, pelo contrário: a câmera funciona como uma janela que os entrevistados, muitas vezes levando uma vida solitária e presos dentro de si mesmos, podem abrir para respirar.
B
No momento em que o espectador se transporta para dentro do edifício Master, cada entrevistado aparece, dissimulando o que tem de mais valioso, de mais importante, de mais vital. Cada depoimento, assim, escamoteia a convicção da própria vida.
C
O filme explora as estranhezas, diferenças e vergonhas que os moradores de um edifício abandonado, como o Master, podem sentir uns com relação aos outros.
D
O filme foca as diferenças individuais, abrindo mão de retratar a condição social, a faixa etária e o nível educacional dos moradores.
E
O fato de a fachada do edifício ser constantemente mostrada estabelece um efeito de distanciamento do espectador em relação à narrativa, a fim de evitar a entrada nesse mundo sem horizontes, sem saída, que o interior do prédio representa.
6ccac6fb-eb
CÁSPER LÍBERO 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa correta sobre Todos os homens do presidente, de Alan J. Pakula.

A
O filme conta como jornalistas ambiciosos podem manipular fatos de modo sensacionalista, a fim de atacar a imagem de um político perante a sociedade.
B
A variedade de fontes usadas pelos repórteres para reconstituir o caso de espionagem política cria um conjunto de perspectivas diferentes, cujo objetivo é funcionar como um quebra-cabeça que envolve o espectador no labirinto da política.
C
A narrativa do filme trata da vida privada do presidente norte-americano Richard Nixon, que colocou muitas vezes escândalos, fofocas e sensacionalismo acima das grandes questões de seu país.
D
O filme ainda se mostra atual, já que trata da relação espúria e dissimulada que, muitas vezes, alguns meios de comunicação tentam estabelecer com determinadas esferas políticas e econômicas.
E
O filme trata de alguns dos procedimentos-padrão para a prática do jornalismo investigativo, discutindo as técnicas de reportagem, o uso de fontes e os procedimentos éticos que devem nortear o trabalho dos homens de imprensa.
6cce2a64-eb
CÁSPER LÍBERO 2009 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre Crepúsculo dos deuses, de Billy Wilder, é correto afirmar que:

A
O filme faz uma ácida crítica à dependência que certas pessoas têm da fantasia transmitida pelo cinema, usufruindo do conhecimento da vida das celebridades, como se estas fossem muito próximas a elas.
B
A história da lendária estrela do cinema mudo que perde o bonde da história constitui um retrato ousado e sarcástico da vida das celebridades em Hollywood. Mas o filme também trata da ambição, da cobiça e do preço da dignidade do homem.
C
O filme dirige um poderoso ataque à indústria cinematográfica de Hollywood, que dita regras de comportamento e influencia o pensamento de inúmeros cidadãos ao redor do mundo.
D
A narrativa representa uma alegoria da alienação do artista na sociedade contemporânea, que passa grande parte de sua vida desempenhando papéis que, a rigor, não são seus.
E
Muitos personagens agem como se estivessem atuando em uma trama puramente ficcional, o que leva a obra a tentar retratar o que alguns teóricos chamam de “a sociedade do espetáculo”.