Questõesde Unimontes - MG sobre Literatura

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Foram encontradas 12 questões
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Unimontes - MG 2018 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Leia os trechos destacados da obra Boca do Inferno, de Ana Miranda:


“Ah, aquela desgraçada cidade, notável desventura de um povo néscio e sandeu. Gregório de Matos foi informado sobre a morte do alcaide. Sofria ao ver os maus modos de obrar da governança, mas reconhecia que não apenas aos governantes, mas a toda a cidade, o demo se expunha. Não era difícil assinalar os vícios em que alguns moradores se depravavam. Pegou sua pena e começou a anotar” (p. 33). 



“– Acho que acabou para sempre tua carreira na Relação Eclesiástica, disse Gonçalo Ravasco, rindo.

– Isso ainda veremos. Tratarei de mandar algumas adulações ao arcebispo. Dos meus versos será templo frequente, onde glórias lhe cante de contino, declarou Gregório de Matos fazendo pantominas.

– Quanta lacônica eloquência!

– Esta é uma grande virtude. Quae fuerant vitia mores sunt. Sim, sim, creio que há vícios que se tornam virtudes. Tudo depende de quando, como e por que se faz a coisa.

– Para ti tudo são vícios, e por isso vives atormentado com medo do inferno.

– Mas tudo hoje são vícios. E vícios hoje são virtudes” (p. 123-124)” 



“A CIDADE DA BAHIA cresceu, modificou-se. Mas haveria de ser sempre um cenário de prazer e pecado, que encantava a todos os que viviam ou a visitavam, fossem seres humanos, anjos ou demônios. Não deixaria de ser, nunca, a cidade onde viveu o Boca do Inferno” (p. 331).  




Com base na leitura dos trechos e de outros episódios da obra, todas as afirmativas são corretas, EXCETO

A
A linguagem do personagem Gregório de Matos é marcada pelo exercício da sátira e torneios de linguagem próprios às produções estéticas barrocas.
B
Trata-se de uma narrativa metaficcional por trazer, nos mecanismos de sua composição, o entrelaçamento do discurso historiográfico e literário.
C
A obra descreve uma sociedade fragmentada, pendida entre a norma e o caos, dando vazão a vários episódios de conflito entre os personagens
D
A obra faz coincidir sujeito histórico e personagem ficcional através do recurso à biografia.
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Unimontes - MG 2018 - Literatura - Quinhentismo, Escolas Literárias

Leia o trecho destacado do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.

GUAIXARÁ

Esta virtude estrangeira

Me irrita sobremaneira.

Quem a teria trazido,

com seus hábitos polidos

estragando a terra inteira?


Só eu

permaneço nesta aldeia

como chefe guardião.

Minha lei é a inspiração

que lhe dou, daqui vou longe

visitar outro torrão.


Quem é forte como eu?

Como eu, conceituado?

Sou diabo bem assado.

A fama me precedeu;

Guaixará sou chamado


Meu sistema é o bem viver.

Que não seja constrangido

o prazer, nem abolido.

Quero as tabas acender

com meu fogo preferido


Boa medida é beber

cauim até vomitar.

Isto é jeito de gozar

a vida, e se recomenda

a quem queira aproveitar.


Partindo do trecho acima e da leitura da obra, todas as alternativas estão corretas, EXCETO

A
Sendo parte da produção jesuítica, o gênero auto adapta os temas à situação de comunicação e propósito da catequese.
B
 O uso de nomes e referências indígenas no Auto de São Lourenço é uma estratégia a serviço do processo de aculturação.
C
O martírio de São Lourenço, dando nome à peça, representa o exemplo ou testemunho da salvação pela fé proposto ao indígena
D
 O Auto de São Lourenço assimila aspectos da mitologia indígena com a finalidade de promover a conciliação de valores religiosos contrários, propiciando a simpatia do indígena.  
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Modernismo, Escolas Literárias

Segundo Alfredo Bosi, em “História concisa da literatura brasileira”, “o realismo de Graciliano não é orgânico nem espontâneo. É crítico. O ‘herói’ é sempre um problema: não aceita o mundo, nem os outros, nem a si mesmo” (BOSI, 1982, p. 454). Entre as passagens do livro “São Bernardo” abaixo descritas, aponte aquela que NÃO corrobora a afirmação do referido estudioso:

A
“Os outros continuavam a zumbir. Sebo! Uns insetos. Não valia a pena prestar atenção a semelhantes insignificâncias. Gente besta.”
B
“O mundo que me cercava ia-se tornando um horrível estrupício. E o outro, o grande, era uma balbúrdia, uma confusão dos demônios, estrupício muito maior.”
C
“Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro [...]”.
D
“Conforme declarei, Madalena possuía um excelente coração. Descobri nela manifestações de ternura que me sensibilizaram.”
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Analisando os personagens centrais dos romances “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, e “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, é CORRETO afirmar que:

A
O narrador de “São Bernardo” busca encontrar, nas diferenças que existiam entre Madalena e ele, o reconhecimento de sua própria pessoa, uma definição para a sua existência no mundo.
B
Paulo Honório, ao final da vida, acredita que tudo seria diferente em sua relação com Madalena, caso fosse possível um novo recomeço.
C
Bento Santiago mostra-se, no desfecho da narrativa, bastante arrependido por suas atitudes em relação a Capitu e reconhece a improcedência de seus ciúmes.
D
Os ciúmes despropositados de Bento Santiago e de Paulo Honório causaram imenso sofrimento às suas respectivas esposas. Enquanto Capitu é levada por seu marido para a Europa e é abandonada por lá, Madalena desiste do casamento e se muda para outra cidade.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Leia os fragmentos abaixo para responder à questão.


“Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras?... Fiquei tão alegre com esta idéia, que ainda agora me treme a pena na mão. Sim, Nero, Augusto, Massinissa, e tu, grande César, que me incitas a fazer os meus comentários, agradeço-vos o conselho, e vou deitar ao papel as reminiscências que me vierem vindo.” Fonte: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro, p. 2.

“Tenciono contar a minha história. Difícil. [...] As pessoas que me lerem terão, pois, a bondade de traduzir isto em linguagem literária, se quiserem. Se não quiserem, pouco se perde. Não pretendo bancar o escritor. [...] – Então para que escreve? – Sei lá! O pior é que já estraguei diversas folhas e ainda não principiei.” Fonte: RAMOS, Graciliano. São Bernardo, p. 11-13.


Analise as afirmativas abaixo.

I - A escrita literária surge, nos dois romances, como tentativa de acerto de contas com o passado.
II - Os protagonistas masculinos das duas narrativas optam por lançar ao papel suas reminiscências. Ambos os narradores buscam montar um conjunto de evidências que comprovaria o adultério de suas respectivas esposas.
III - Apesar de se propor a escrever um livro, Paulo Honório não sabe bem a motivação. Entretanto, com o desenrolar da narrativa, é possível depreender que o personagem busca uma explicação para o desmoronamento de sua vida e do seu casamento.

Estão INCORRETAS as afirmativas:

A
I, apenas.
B
I e III, apenas.
C
II, apenas.
D
I, II e III.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Analise as afirmativas abaixo.

I - Encontramos, nesse fragmento, uma vertente satírica da poética de Álvares de Azevedo, em que o eu lírico critica os exageros do sentimentalismo romântico.
II - O poema em questão não pode ser enquadrado dentro da estética romântica, devido à abordagem irônica ao sentimentalismo daquela escola literária.
III - Apesar do aspecto sarcástico do poema, há a representação de um amor não realizado, platônico, característica recorrente na obra de Álvares de Azevedo.
Estão CORRETAS as afirmativas:

INSTRUÇÃO: Leia o fragmento abaixo de Álvares de Azevedo, considerado o mais importante poeta da chamada geração ultrarromântica brasileira, para responder à questão 11.

NAMORO A CAVALO 
Eu moro em Catumbi: mas a desgraça, 
Que rege minha vida maldada, 
Pôs lá no fim da rua do Catete 
A minha Dulcinéia namorada.  

Alugo (três mil réis) por uma tarde 
Um cavalo de trote (que esparrela!) 
Só para erguer meus olhos suspirando 
A minha namorada na janela... 
[...] 
O cavalo ignorante de namoro, 
Entre dentes tomou a bofetada, 
Arrepia-se, pula e dá-me um tombo 
Com pernas para o ar, sobre a calçada... 

Dei ao diabo os namoros. Escovado 
Meu chapéu que sofrera no pagode... 
Dei de pernas corrido e cabisbaixo 
E berrando de raiva como um bode.  

Circunstância agravante. A calça inglesa 
Rasgou-se no cair de meio a meio, 
O sangue pelas ventas me corria 
Em paga do amoroso devaneio!...
Fonte: AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. p. 120. Disponível em: . Acesso em: 11 nov. 2019.  
A
I, apenas.
B
I e III, apenas.
C
II e III, apenas.
D
I, II e III.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

INSTRUÇÃO: Observe a pintura “Arrufos”, de Belmiro de Almeida, e depois leia o excerto do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, para responder à questão 12.


Disponível em:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/Belmiro_de_Almeida_-_Arrufos%2C_188> . Acesso em: 11 nov. 2019.

“– Confiei a Deus todas as minhas amarguras, disse-me Capitu ao voltar da igreja; ouvi dentro de mim que a nossa separação é indispensável, e estou às suas ordens. Os olhos com que me disse isto eram embuçados, como espreitando um gesto de recusa ou de espera. Contava com a minha debilidade ou com a própria incerteza em que eu podia estar da paternidade do outro, mas falhou tudo. Acaso haveria em mim um homem novo, um que aparecia agora, desde que impressões novas e fortes o descobriam? Nesse caso era um homem apenas encoberto. Respondi-lhe que ia pensar, e faríamos o que eu pensasse. Em verdade vos digo que tudo estava pensado e feito.”
Fonte: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro, p. 100.

Após comparar a pintura de Belmiro de Almeida e a passagem do livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, é correto afirmar, EXCETO:

A
A imagem de submissão feminina retratada na pintura “Arrufos” representa fielmente a postura resignada da personagem Capitu ao longo de todo o romance machadiano.
B
O trecho destacado da obra de Machado de Assis narra o momento em que Capitu, vencida pelos ciúmes do seu marido, resolve romper o relacionamento.
C
Na pintura em questão, pode-se inferir que, enquanto a mulher representa um sofrimento submisso, a postura masculina retrata o homem num posicionamento de superioridade, bem característico da sociedade patriarcal do período.
D
A imagem de uma pretensa superioridade masculina da pintura também pode ser observada no trecho do livro de Machado de Assis, já que, a despeito de toda a fragilidade dos seus argumentos acerca da infidelidade da esposa, o personagem Bentinho é quem decidirá os rumos que dará ao casamento.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

TRECHO 1

“Quando Ubirajara viu o êxito do combate, lamentou que dos dois grandes guerreiros não restasse nenhum, para que ele o vencesse. Seus olhos descobriram Pahã que fugia no meio dos destroços de sua nação. Ergueu a mão, mas não chegou a retesar a seta. A águia não persegue a andorinha. Era indigno de um guerreiro, quanto mais de um chefe, empregar seu valor contra um menino.”

Fonte: ALENCAR, José de. Ubirajara. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1874. p. 44.

TRECHO 2

“Porém pelejam desordenadamente e desmandam-se muito uns e outros em semelhantes brigas, porque não têm Capitão que os governe, nem outros oficiais de guerra a quem hajam de obedecer nos tais tempos; mas ainda que desta ordenança careçam, todavia por outra parte dão-se a grande manha em seus cometimentos, e são mui cautos no escolher do tempo em que hão de fazer seus assaltos às aldeias dos inimigos, sobre os quais costumam dar de noite a hora em que os acém mais descuidosos.”

Fonte: GÂNDAVO. p. 30. Disponível em:: <www.nead.unama.br.>. Acesso em: 11 nov. 2019.


Com base nos trechos, é INCORRETO afirmar:

A
Os dois trechos apresentam conteúdos similares, pois estão retratando a violência e a inexistência de regras nos momentos conflituosos entre os índios.
B
Os trechos, apesar de tratarem do mesmo tema, fazem abordagens diferentes: enquanto Gândavo aponta um completo despreparo e desorganização nas ações de combate, o narrador de “Ubirajara” destaca a posição de comando do protagonista do romance.
C
No trecho do livro “História da Província de Santa Cruz”, pode-se observar um comportamento indigno dos guerreiros indígenas, enquanto na narrativa de Alencar se destaca o caráter magnânimo do personagem Ubirajara.
D
No filme “O Guarani”, é plausível considerar que os índios aimorés representariam a visão que Gândavo aponta nas batalhas entre os silvícolas, enquanto o protagonista Peri estaria mais próximo da índole de Ubirajara.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

A diretora de cinema Norma Bengell fez uma adaptação cinematográfica do romance “O Guarani”, de José de Alencar. É sabido que, ao se traduzir uma obra literária para o cinema, escolhas e recortes são necessários por se tratar de expressões artísticas diferentes. Diante disso, é CORRETO afirmar:

A
Bengell não se prende ao texto literário, sendo o romance de José de Alencar apenas uma espécie de pano de fundo para sua produção cinematográfica.
B
Encontra-se, no personagem Loredano, a representação do herói português, que lutará ao lado de D. Antônio de Mariz contra os índios aimorés.
C
Os valores indígenas, em contraposição aos preceitos do colonizador, estão muito bem representados nos personagens Ceci e D. Antônio Mariz.
D
Os conflitos da narrativa expõem ao espectador o código ideológico que rege o filme e o romance: de um lado, os bons, os portugueses e seus aliados; de outro, os maus, representados por um grupo de empregados traidores e pelas tribos inimigas.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Analise a reprodução da tela Desembarque de Cabral, obra de Oscar Pereira da Silva, representando a chegada dos portugueses no Brasil e, logo em seguida, leia o fragmento da obra Ubirajara, de José de Alencar, para responder à questão.

Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common/f/f1/Oscar_Pereira_da_Silva_-_Desembarque_...>. Acesso em 9 nov. 2019.

Na “Advertência” do Livro “Ubirajara”, de José de Alencar, encontramos a seguinte afirmação: “Como admitir que bárbaros, quais nos pintaram os indígenas, brutos e canibais, antes feras que homens, fossem suscetíveis desses brios nativos que realçam a dignidade do rei da criação? Os historiadores, cronistas e viajantes da primeira época, senão de todo o período colonial, devem ser lidos à luz de uma crítica severa. É indispensável, sobretudo, escoimar os fatos comprovados, das fábulas a que serviam de mote, e das apreciações a que os sujeitavam espíritos acanhados, por demais imbuídos de uma intolerância ríspida.”

Fonte: ALENCAR, José de. Ubirajara. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1874. p. 2.


Relacionando a pintura de Oscar Pereira da Silva com o trecho apresentado, é correto afirmar, EXCETO:

A
Reforça a afirmação feita pelo narrador de “Ubirajara”, ao dizer que os primeiros cronistas do Descobrimento do Brasil retrataram os índios brasileiros como um povo totalmente bárbaro.
B
O estereótipo do índio brasileiro, combatido pelo narrador de Alencar, começou a se estabelecer a partir desse primeiro encontro.
C
O espanto e a curiosidade causados pelo primeiro encontro mostram-se recíprocos, já que se trata de um grande choque de culturas.
D
A chegada do colonizador com objetivos de expansão do império português e do catolicismo prenunciava uma relação absolutamente pacífica.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Excerto 1

“Estes Índios são de cor baça, e cabelo corredio; tem o rosto amassado, e algumas feições dele à maneira de Chins. Pela maior parte são bem dispostos, rijos e de boa estatura; gente mui esforçada, e que estima pouco morrer, temerária na guerra, e de muito pouco consideração: são desagradecidos em Grã maneira, e mui desumanos e cruéis, inclinados a pelejar, e vingativos por extremo. Vivem todos mui descansados sem terem outros pensamentos senão de comer, beber, e matar gente, e por isso engordam muito, mas com qualquer desgosto pelo conseguinte tornam a emagrecer, e muitas vezes pode deles tanto a imaginação que se algum deseja a morte, ou alguém lhe mete em cabeça que há de morrer tal dia ou tal noite não passa daquele termo que não morra.”

Fonte: GÂNDAVO, p. 26. Disponível em: <www.nead.unama.br.>. Acesso em: 11 nov. 2019

Excerto 2

“Ubirajara, senhor da lança, é tempo de empunhares o grande arco da nação araguaia, que deve estar na mão do mais possante. Camacã o conquistou no dia em que escolheu por esposa Jaçanã, a virgem dos olhos de fogo, em cujo seio te gerou seu primeiro sangue. Ainda hoje, apesar da velhice que lhe mirrou o corpo, nenhum guerreiro ousaria disputar o grande arco ao velho chefe, que não sofresse logo o castigo de sua audácia. Mas Tupã ordena que o ancião se curve para a terra, até desabar como o tronco carcomido; e que o mancebo se eleve para o céu como a árvore altaneira. Camacã revive em ti; a glória de ser o maior guerreiro cresce com a glória de ter gerado um guerreiro ainda maior do que ele.”

Fonte: ALENCAR, José de. Ubirajara. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1874. p. 11.


Analisando os excertos, é INCORRETO afirmar:

A
As imagens construídas por José de Alencar, em “Ubirajara”, seguem uma linha contrária às observações de Gândavo, buscando retratar o índio como possuidor de valores nobres e éticos.
B
Os textos da chamada produção indianista de José de Alencar fazem parte de um projeto de independência cultural para o Brasil, em que buscava, entre outras coisas, a criação e a valorização de símbolos nacionais.
C
Em “Ubirajara”, Alencar não está preocupado com a imagem do índio criada pelos colonizadores, apenas tenta montar um romance despretensioso baseado em lendas indígenas.
D
No primeiro excerto, tem-se a visão do colonizador acerca dos habitantes das terras recém-descobertas e que contribuíram para a formação do arquétipo do índio brasileiro no imaginário português da época.
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Unimontes - MG 2019 - Literatura - Barroco, Escolas Literárias

Excerto 1
INCONSTÂNCIA DOS BENS DO MUNDO (317)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?

Excerto 2
DEFINE A SUA CIDADE (94)
[...]
Bahia tem letras cinco
que são BAHIA,
logo ninguém me dirá
que dous ff chega a ter
pois nenhum contém sequer,
salvo se em boa verdade
são os ff da cidade
um furtar, outro foder.

MATOS, Gregório de. Seleção de Obras Poéticas. p. 2-5. Disponível em: <http//www.bibvirt.futuro.usp.br.> Acesso em: 11 nov. 2019.

Com base nos trechos, todas as afirmativas estão corretas, EXCETO:

A
No segundo excerto, o sujeito lírico realiza uma crítica ferina, denunciando comportamentos hipócritas.
B
A poesia de Gregório de Matos é dividida pelos estudiosos em sacra, lírica e satírica. De acordo com essa divisão, pode-se afirmar que os dois excertos citados fazem parte da poética sacra do poeta baiano.
C
No primeiro excerto, há a representação de uma visão comum ao homem barroco e, em especial, ao poeta baiano, em relação à metamorfose rápida das coisas, à preocupação com a efemeridade da vida.
D
Apesar da presença de termos obscenos no segundo excerto, pode-se detectar um forte senso crítico e de observação inerentes à personalidade irrequieta e questionadora de Gregório de Matos.