Questõessobre Modernismo: Tendências contemporâneas

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CÁSPER LÍBERO 2016 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que:

A
O romance trata dos velhos fantasmas coloniais que se perpetuaram com a independência de Angola e que sacudiram a frágil sustentação da utopia que mediara o empenho, fundindo ética e estética no projeto literário do continente africano.
B
Em Mayombe o clima de diálogo predomina, mas as conversas são atravessadas pelos sinais da incomunicabilidade. A incompreensão, a rivalidade, as intrigas manifestas ou tão somente sugeridas fazem prever a irrealização dos propósitos que teriam levado à luta.
C
Palco de situações expressivas da atmosfera predominante naquele momento histórico, a floresta labiríntica e traiçoeira funciona estrategicamente como uma alegoria do projeto de nação imaginado e perseguido pelos militantes.
D
A língua em estilhaços, o ritmo desgovernado da memória, o entrecruzamento de referências culturais, o aproveitamento possível de elementos identificados com a tradição integram a estratégia do autor na escolha da floresta como espaço privilegiado do romance.
E
Politizado, o Mayombe é lugar de conflito e contradição, podendo ser visto como uma representação de Luanda, a capital do país, onde a luta ia ganhando força e onde, em novembro de 1975, se proclama a independência do país.
fe81bdbb-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Ao final de Mayombe, de Pepetela, o narrador titular apresenta-se e ficamos sabendo que se trata de(o)

A
Mundo Novo.
B
Chefe de Operações.
C
Comissário Político.
D
Muatiânvua.
E
Comandante Sem Medo.
fe8fda50-ef
CÁSPER LÍBERO 2017 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre a divisão do foco narrativo em Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que ela

A
funciona como resposta da literatura angolana ao avanço do capitalismo em sua sociedade, cujo espírito promove o choque entre os planos sociais, culturais e ideológicos, ao quebrar o isolamento desses mundos e fixar a separação entre capital e trabalho.
B
conjuga elementos da modernidade e da tradição, recuperando desta última os aspectos culturais fundamentais, ao mesmo tempo em que põe em questão as heranças negativas ainda presentes na sociedade angolana.
C
descreve os acontecimentos e as alianças que iluminam um Estado movido pelos interesses das classes dominantes e que a favor dela aciona seus aparelhos, quer ideológicos, quer repressivos.
D
articula-se à feição multidimensional das personagens para expressar a tensão interna do romance, expondo as contradições que nem mesmo a nobre motivação coletiva poderia diluir.
E
constitui um exercício cinematográfico, com cortes incríveis pelos quais se dá a mudança de planos, sempre a partir de uma ideia que os costure cineticamente.
c9878c2e-e8
FAG 2018 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre o romance “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, é CORRETO afirmar:

Texto 1


“Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,

Que vive de guardar alheio gado;

De tosco trato, de expressões grosseiro,

Dos frios gelado e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal e nele assisto

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,

E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!”

(Tomás Antonio Gonzaga)

A
A obra traz uma narrativa pesada, cheia de confusões; protestos; abstenções; amor de irmão com irmã deixando a narrativa ostensiva e cansativa. André se vê diferente de todos que cheio de pressões resolve fugir de casa, fato que remonta bem à narrativa bíblica do filho pródigo.
B
É um romance surgido no segundo período do modernismo, a fase regionalista. O período inicial do movimento havia sido marcado pela busca da identidade brasileira, num caminho trilhado, principalmente, pelo trabalho com a forma: a exploração da sintaxe e do vocabulário falado e utilizado no país.
C
O título do romance traz para o leitor a ideia de circunstância, e, também a óbvia alusão à morte, mostrando o espírito que se manifesta não só nesta obra, mas na 2ª Geração do Romantismo no Brasil, caracterizado pelo gosto pelo mórbido, pessimismo desesperado, escapismo na morte, etc.
D
Neste romance fica muito evidente o cuidado de Raduan Nassar em preservar o registro linguístico utilizado pelos homens do campo e a riqueza do vocabulário deles.
E
A linguagem enigmática do texto religioso é típica do pai de André, e isso reforça o seu desacordo com o filho, cujas falas são sempre explícitas e concisas, sem referências aos textos religiosos.
cf9716a9-ed
CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Assinale a opção que apresenta corretamente a análise crítica de Leite derramado, de Chico Buarque:

A
“Toda a narração lembra uma câmera que narra, que vai flagrando nacos da vida nacional, como a história de Castana Beatriz, que teria morrido numa emboscada durante um período de repressão, e a história de Alyandro Sgaratti, menino pobre, que roubava pão doce na padaria, que, depois, passa a puxar automóveis e se torna o rei do mercado de peças de carros.” (Heitor Ferraz Mello).
B
“Na obra os tempos encontram-se também tensionados, o presente derruído em oposição ao passado faustoso. E é dessa oposição que ressai uma dimensão importante no livro e sem precedentes, ao menos com essa insistência e intensidade, na obra literária de Chico Buarque (…). Leite derramado é o tempo perdido e irrecuperável da vida do narrador.” (Francisco Bosco).
C
“A alguns dos textos dos últimos anos que trabalham com uma lógica coral talvez se pudesse associar a expressão ‘objetos verbais não identificados’, empregada por Christophe Hanna ao tratar dos processos, dos contextos e do funcionamento crítico de certos experimentos literários de difícil classificação.” (Flora Süssekind).
D
“Um escritor profundamente marcado pela experiência como cronista, atividade em que a interlocução é fundamental; mas que ao longo da vida se tornou cada vez mais consciente da distância que havia entre ele e seus leitores. Daí a falta e a precariedade da comunicação se tornarem assuntos que tanto o fascinaram, manifestando-se também na tensão crescente e estrutural da sua relação com o leitor ficcional.” (Hélio de Seixas Guimarães).
E
“O outro local importante de ‘Leite derramado’ é o velho sítio da família. Com espaço da infância, da gente simples e da natureza, parecia um refúgio, o remédio para os desajustamentos do narrador. Ao chegar lá, entretanto, este encontra um povo – crianças inclusive – organizado e escravizado para a contravenção, siderado por videogames, motocicletas, blusões e tintura para cabelos, além de preparado para negociar com as autoridades.” (Roberto Schwarz).
cf908a97-ed
CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre O fio das missangas, de Mia Couto, é correto afirmar:

A
Predomina um tom épico que dá conta da relação entre o indivíduo, a família, o grupo e a terra como uma inspiração vizinha da lenda popular (da criação do mundo), configurando a votação do(s) herói(s) ao sacrifício e uma espécie de redenção final operada pela ação dos tempos na terra, isto é, pela ação do trabalho presente sobre o futuro.
B
São histórias colhidas no turbilhão de um cotidiano extremamente complexo, não raras vezes violento – física ou psicologicamente; histórias que vão sendo adensadas e condensadas pela leveza da linguagem de uma prosa poética, marca estilística do seu autor; histórias “arredondadas” (diferentes no tom, mas não tão diferentes na forma) que, juntas, dão conta de silêncios e recompõem silêncios – de mulheres, de homens e de toda sorte daqueles à margem (o mendigo, a criança, o velho, o poeta).
C
Trata-se de um livro polifônico que, ao mergulhar no universo simbólico da figura dos desterrados ou marginalizados em sua própria terra, firma-se como um feixe de histórias cuja relação esquizofrênica entre sujeito e espaço se dá na linha principal da viagem empreendida rumo a uma “Moçambique profunda”.
D
No contexto do qual emergem as histórias, nota-se a tentativa muito bem-sucedida do narrador de amenizar o conflito entre os laivos da tradição moçambicana e o vento avassalador do modus vivendi ocidental, que por anos transformou o território africano em uma espécie de tabuleiro de xadrez.
E
As histórias tratam dos problemas sociais de Moçambique sob a metáfora de um colar de missangas que une todos os personagens. Os narradores, por sua vez, exploram a relação sujeito-espaço e logo a coletânea figura como um retrato realista do espaço físico de um país caleidoscópico, uma espacialidade eufórica, que reitera o frenesi da recente libertação conquistada com o fim do colonialismo português.
cf8b4435-ed
CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre as características da literatura africana, presentes em O fio das missangas, de Mia Couto, é correto afirmar:

A
A literatura moçambicana buscou meios de conseguir conviver com os conflitos póscoloniais, explorando narrativas orais de padrão culto, diluindo as marcas culturais híbridas dentro de uma mesma cultura e criando pontos de contato entre a língua europeia trazida pelos colonizadores e as línguas locais.
B
A literatura de Mia Couto irá refletir de modo direto a situação cultural de seu país. O fio das missangas tematiza o universo intelectual de Moçambique, atentando para questões concernentes à construção das identidades literárias cujas referências foram dilaceradas e desvalorizadas pela colonização europeia.
C
O principal problema da literatura pós-colonial moçambicana relaciona-se ao fato de ela fazer interagir uma tradição cultural africana (fortemente enraizada na oralidade) com outra, europeia, resguardada pela autoridade da escrita.
D
A literatura pós-colonial, embora profundamente crítica, não consegue retratar as marcas profundas da exclusão e da dicotomia cultural durante o domínio imperial, as transformações operadas pelo domínio cultural europeu e os conflitos decorrentes.
E
Os escritores moçambicanos passaram a incorporar as estratégias colonialistas existentes na literatura, recusando os mecanismos de subversão experimentados pela imaginação poética, preferindo, em contrapartida, abordar questões relacionadas à tradição da literatura europeia.
cf93e1d6-ed
CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Assinale a opção que apresenta um conteúdo incoerente com Leite derramado, de Chico Buarque:

A
Narrado em primeira pessoa, combinando alta densidade narrativa com um senso de humor muito particular, o livro é a história de um homem exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas cidades, duas mulheres, dois filhos e uma série de outros pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que permeia todo o romance.
B
A fala desarticulada do ancião cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso do personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não-ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar.
C
Em suas leves variantes, as lembranças obsessivas revelam sutilezas ideológicas e psíquicas. E, como essas lembranças têm forte componente plástico, criam imagens fascinantes. É o caso do “vestido azul” comprado pelo pai para a amante, objeto de alta concentração de significados.
D
Há também um jogo com os espaços onde ocorrem os acontecimentos narrados. As várias casas em que o narrador morou, como as décadas acumuladas em suas lembranças, sobrepõem-se e revezam-se. Recolocá-las em ordem cronológica é assistir a uma derrocada pessoal e coletiva.
E
Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual.
f41e8fba-e9
ULBRA 2011 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Com base na síntese a seguir, assinale a alternativa verdadeira com relação à obra O centauro no jardim, do escritor Moacyr Scliar.

    “No interior do Rio Grande do Sul, na pacata família Tratskovsky, nasce um centauro: um ser metade homem, metade cavalo. Seu nome é Guedali, quarto filho de um casal de imigrantes judeus russos. Guedali cresce solitário, excluído da sociedade, e o isolamento o leva a cultivar o hábito da leitura. Inteligente e culto, é ele quem conduz a narrativa, feita a partir do dia de seu 38° aniversário, comemorado entre amigos num restaurante de São Paulo.
(http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp) 

A
Trata-se de um livro de contos cujos personagens são animais, sendo obra típica da fase áurea do Naturalismo brasileiro.
B
Trata-se de um livro cujo tema é o carnaval no Brasil, surgido no final do Modernismo brasileiro.
C
Trata-se de um romance, obra contemporânea que se situa entre a fábula e a realidade própria da divisão étnica e cultural vivida pelos imigrantes judeus. 
D
Trata-se da primeira publicação do escritor, ainda no período do Modernismo, cujos temas criticam a mitologia grega.
E
Trata-se de uma narrativa ambientada exclusivamente no pampa, típica do regionalismo gaúcho produzido na década de 20 do século passado.
3c32a054-ed
CÁSPER LÍBERO 2012 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

A personagem-narradora de O cesto, que integra O fio das missangas, de Mia Couto, era desprezada pelo marido. Assinale a opção em que a passagem do texto NÃO caracteriza o estado de submissão e passividade vivido por ela:

A
“Hoje será como todos os dias: lhe falarei, junto ao leito, mas ele não me escutará. Não será essa a diferença. Ele nunca me escutou.”
B
“Onde vivo não é na sombra. É por detrás do sol, onde toda a luz há muito se pôs.”
C
“Agora, pelo menos, já não sou mais corrigida. Já não recebo enxovalho, ordem de calar, de abafar o riso.”
D
“Amanhã, tenho que me lembrar para não preparar o cesto da visita.”
E
“Como a pedra, que não tem espera nem é esperada, fiquei sem idade.”
3c2ebe80-ed
CÁSPER LÍBERO 2012 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Assinale a opção cujo conteúdo é incoerente com O fio das missangas, de Mia Couto:

A
Embora sejam breves, os contos – cada qual composto como uma missanga – exploram densamente um conjunto de paixões humanas das mais universais: amores desfeitos, traições, vinganças, suicídios, loucura, incesto...
B
Algumas narrativas são marcadas por certa atmosfera de realismo fantástico, que remete às lendas populares de Moçambique. Em “Peixe para Eulália”, por exemplo, há barcos que remam no ar e olhos que saltam de suas órbitas.
C
Neologismos como “vizinho anoitrevido” e “saia almarrotada” revelam, para além da mera experimentação formalista, caminhos entre a oralidade do sudoeste pobre da África e a liberdade poética.
D
A presença de metáforas sobre o ato de narrar aparece não somente em “A infinita fiandeira” (em que uma aranha tece teias “inúteis”, não para enredar presas, mas por pura arte) como também em “O menino que escrevia versos”, em que um garoto é levado ao médico por gostar bastante de escrever – atividade considerada muito estranha.
E
A maioria dos contos explora com fina sensibilidade o universo infantil, dando voz e tessitura à alma de crianças condenadas à não-existência, ao esquecimento. Como objetos descartados, meninos e meninas são aqui equiparados ora a uma saia velha, ora a um cesto de comida, ora, justamente, a um fio de missangas.
3c27501e-ed
CÁSPER LÍBERO 2012 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Assinale a opção cujo conteúdo é incoerente com o romance Leite derramado, de Chico Buarque:

A
O narrador é um homem de cem anos, internado à força num hospital infecto. Entre gritos, vizinhos de leito entubados e baratas andando nas paredes, ele recorda – a 80 anos de distância – o breve casamento em que foi feliz e traído (em sua opinião). De tempos em tempos a boa lembrança ainda é capaz de transformá-lo no “maior homem do mundo”.
B
Quanto mais rememora, mais Eulálio se afunda em repetições: “São tantas as minhas lembranças, e lembranças de lembranças de lembranças, que já não sei em qual camada da memória eu estava agora”. Nas páginas finais, ainda um menino de calças curtas, ele é levado pela mãe para se despedir do tetravô, que agoniza em um hospital. Um homem de rosto pastoso e memória degradada, que pode ser ele mesmo.
C
O núcleo romanesco da intriga – seu elemento de sensação – é o desaparecimento inexplicável de Matilde. Depois de se perguntar se ela se foi com o engenheiro francês, fugiu aos ciúmes do marido, caiu na vida ou pegou uma doença e quis morrer fora da vista dos seus, o narrador revela que ela morreu num acidente de carro, acompanhada de um homem. Assim, essa explicação é adotada pelo próprio marido, pela sogra, pela mãe adotiva, pela filha, pelas colegas desta, pelo pároco da Candelária e pela voz anônima da cidade.
D
A fala desarticulada do ancião, ao mesmo tempo em que preenche uma função de verossimilhança, cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor explora as associações livres, as falsidades e os não-ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar.
E
A narrativa do centenário Eulálio vem borrada pelas deformações próprias da memória. E também pelos estragos que os sonhos nela produzem. “Dia desses fui buscar meus pais no parque dos brinquedos, porque no sonho eles eram meus filhos”, vacila. Do mesmo modo, a literatura não passa de um tapete estendido sobre um alçapão. Rombos, remendos, rasgões expõem uma verdade que se esfarela.
29c82553-ec
CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

“Na madrugada de uma sexta-feira encontrou Cid Tanus, um cortejador das últimas polacas e francesas que ainda moravam na cidade decadente (...)”. A decadência de Manaus descrita por Milton Hatoum em Dois irmãos resulta da produção de borracha na região amazônica. Assinale a opção que enuncia fatos relacionados ao auge do primeiro Ciclo da Borracha no Brasil.

A
A urbanização de Manaus e Belém; a imigração europeia a partir de 1880; a construção do Theatro da Paz, em Belém.
B
A indústria automobilística internacional; o movimento migratório de trabalhadores nordestinos a partir de 1877; a construção do Teatro Amazonas.
C
A invenção da vulcanização da borracha, por Charles Goodyear; o modelo agroexportador; a construção da rodovia Transamazônica.
D
A invenção da seringa; a imigração árabe e asiática a partir de 1900; a construção da Cidade Flutuante.
E
A indústria automobilística brasileira; o modo de produção conhecido como plantation; a inauguração da Universidade Federal do Amazonas.
29ba5757-ec
CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre o excerto de Dois irmãos, de Milton Hatoum, apresentado a seguir, é correto afirmar que:


“Omissões, lacunas, esquecimento. O desejo de esquecer. Mas eu me lembro, sempre tive sede de lembrança, de um passado desconhecido, jogado sei lá em que praia de rio”. 

A
Situado entre o Oriente e o Amazonas, o relato é a busca de um mundo perdido, que se reconstrói nas falas alternadas, longínquos ecos da tradição oral dos narradores orientais.
B
A narrativa exerce fascínio especial por explorar uma prova evocativa, traçada com raro senso plástico e pendor filosófico: viagem encantada por meandros de frases longas e herméticas, num ritmo de recorrências e revelações.
C
O narrador deixa-se contaminar pela visão de “um paraíso terrestre” encarnado na simplicidade bucólica, tentando uma adaptação, que se sabe desde o início frustrada, na grande cidade.
D
Um dos temas do romance é a passagem do tempo. Vasculhando os restos de outras histórias, o narrador tenta reconstituir os estilhaços do passado, ora como testemunha, ora como quem ouviu e guardou, mudo, as histórias dos outros.
E
É através da sua infância – coisa real, palpada, sentida – que o narrador sente a força de qualquer infância, e inventa-a, e descobre-a; e reinventa-a, e redescobre-a. É através da paisagem que o circunda que ele apreende a beleza da terra em que os homens avançam, amam, morrem.
29c3ff51-ec
CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

“Por volta de 1914, Galib inaugurou o restaurante Biblos no térreo da casa. (...) Desde a inauguração, o Biblos foi um ponto de encontro de imigrantes libaneses, sírios e judeus marroquinos que moravam na praça Nossa Senhora dos Remédios e nos quarteirões que a rodeavam”. Sobre a imigração árabe referida no romance Dois irmãos, de Milton Hatoum, é correto afirmar que:

A
Devido ao preconceito que sofriam por parte dos europeus, que procuraram subjugar as demais raças e etnias, os imigrantes sírio-libaneses não foram aceitos na região sudeste e, por essa razão, estabeleceram-se na região norte.
B
O fluxo da imigração sírio-libanesa e judaica, como o dos demais imigrantes europeus e asiáticos, aumentou com o advento da Primeira Grande Guerra, conflito do qual fugiam.
C
Diferentemente dos imigrantes italianos, espanhóis e japoneses, os sírio-libaneses não obtiveram subsídios do governo brasileiro e concentraram-se nas cidades, trabalhando geralmente como comerciantes ou mascates.
D
Os imigrantes sírio-libaneses chegaram ao Brasil em navios de carga, fugindo dos conflitos da Primeira Guerra Mundial, e instalaram-se na Amazônia com o objetivo de ocultarem-se da perseguição política que sofriam.
E
Assim como os imigrantes que serviram de mão de obra nas fazendas de café, os sírios e libaneses receberam o apoio do governo brasileiro para imigrar, ganhando a propriedade das terras onde trabalhavam.
29bef6ad-ec
CÁSPER LÍBERO 2011 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre o excerto de Dois irmãos, de Milton Hatoum, apresentado a seguir, é correto afirmar que:


“Manaus cresceu assim: no tumulto de quem chega primeiro. Desse tumulto participava Halim, que vendia coisas antes de qualquer um”.

A
A narrativa trata de fatos vividos em um plano doméstico, sem se esquecer de articulá-los, de tempos em tempos, a um pano de fundo histórico, que dá conta do crescimento da região norte do País, na segunda metade do século XX.
B
A narrativa trata de fatos vividos em um plano doméstico, sem se esquecer de articulá-los, de tempos em tempos, a um pano de fundo social, procurando investigar as causas da pobreza que atinge até hoje o norte do País.
C
A narrativa trata de fatos vividos em um plano político, sem se esquecer de articulá-los, de tempos em tempos, a um pano de fundo doméstico, voltado à exploração da memória e das reminiscências do núcleo familiar.
D
A narrativa trata de fatos vividos em um plano mítico, sem se esquecer de articulá-los, de tempos em tempos, a um pano de fundo sociocultural, que dá conta da presença indígena no norte do País.
E
A narrativa trata de fatos vividos em um plano político, sem se esquecer de articulá-los, de tempos em tempos, a um pano de fundo ideológico, que dá conta do crescimento da luta armada contra o regime militar, no final da década de 1960.
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Unimontes - MG 2018 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Leia os trechos destacados da obra Boca do Inferno, de Ana Miranda:


“Ah, aquela desgraçada cidade, notável desventura de um povo néscio e sandeu. Gregório de Matos foi informado sobre a morte do alcaide. Sofria ao ver os maus modos de obrar da governança, mas reconhecia que não apenas aos governantes, mas a toda a cidade, o demo se expunha. Não era difícil assinalar os vícios em que alguns moradores se depravavam. Pegou sua pena e começou a anotar” (p. 33). 



“– Acho que acabou para sempre tua carreira na Relação Eclesiástica, disse Gonçalo Ravasco, rindo.

– Isso ainda veremos. Tratarei de mandar algumas adulações ao arcebispo. Dos meus versos será templo frequente, onde glórias lhe cante de contino, declarou Gregório de Matos fazendo pantominas.

– Quanta lacônica eloquência!

– Esta é uma grande virtude. Quae fuerant vitia mores sunt. Sim, sim, creio que há vícios que se tornam virtudes. Tudo depende de quando, como e por que se faz a coisa.

– Para ti tudo são vícios, e por isso vives atormentado com medo do inferno.

– Mas tudo hoje são vícios. E vícios hoje são virtudes” (p. 123-124)” 



“A CIDADE DA BAHIA cresceu, modificou-se. Mas haveria de ser sempre um cenário de prazer e pecado, que encantava a todos os que viviam ou a visitavam, fossem seres humanos, anjos ou demônios. Não deixaria de ser, nunca, a cidade onde viveu o Boca do Inferno” (p. 331).  




Com base na leitura dos trechos e de outros episódios da obra, todas as afirmativas são corretas, EXCETO

A
A linguagem do personagem Gregório de Matos é marcada pelo exercício da sátira e torneios de linguagem próprios às produções estéticas barrocas.
B
Trata-se de uma narrativa metaficcional por trazer, nos mecanismos de sua composição, o entrelaçamento do discurso historiográfico e literário.
C
A obra descreve uma sociedade fragmentada, pendida entre a norma e o caos, dando vazão a vários episódios de conflito entre os personagens
D
A obra faz coincidir sujeito histórico e personagem ficcional através do recurso à biografia.
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UFPR 2019 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)

Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”, ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.

A
“Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se não um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”
B
“São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo e não tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.
C
“Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes, um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do rio Vermelho. Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
D
“Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam e nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.
E
“Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.
556cd350-c4
UNIOESTE 2019 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre o conto “O outro”, de Rubem Fonseca, assinale a alternativa INCORRETA.

A
O conto apresenta, por meio da tensão da narrativa, o medo da convivência de um executivo com um pedinte.
B
O espaço da ação é a cidade, permeado pela insegurança e a instabilidade das relações sociais.
C
Vivendo em um grande centro urbano, apressado para chegar no horário, preocupado com o trabalho, numa rotina inflexível, o narrador-personagem nos alerta que algo vai mudar ao sentir uma forte taquicardia.
D
A mudança na rotina do personagem, proposta pelo médico cardiologista, é aceita sem ressalvas pelo executivo.
E
Ao olhar nos olhos do pedinte, o executivo percebe tratar-se de um menino franzino.
556a11d6-c4
UNIOESTE 2019 - Literatura - Modernismo: Tendências contemporâneas, Teoria Literária, Escolas Literárias

Sobre o conto “Felicidade clandestina”, de Clarice Lispector, é CORRETO afirmar que:

A
traz um protagonista masculino, o que é típico do universo ficcional desta escritora.
B
traz um narrador masculino envolvido por personagens femininas, como estratégia de reafirmação da posição feminina no universo ficcional.
C
traz um narrador feminino, marcado pela falta, por uma carência que são típicas da humanidade tal como costuma ser descrita no universo ficcional desta escritora.
D
traz como narrador-protagonista uma personagem imbuída de bastante poder, para questionar a forma como ela lida com ele cotidianamente.
E
traz uma narradora observadora, que critica o comportamento masculino para reafirmar-se diante dos homens.