Questão f9c5abdb-e7
Prova:CÁSPER LÍBERO 2016
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo: Tendências contemporâneas, Escolas Literárias

Sobre Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que:

A
O romance trata dos velhos fantasmas coloniais que se perpetuaram com a independência de Angola e que sacudiram a frágil sustentação da utopia que mediara o empenho, fundindo ética e estética no projeto literário do continente africano.
B
Em Mayombe o clima de diálogo predomina, mas as conversas são atravessadas pelos sinais da incomunicabilidade. A incompreensão, a rivalidade, as intrigas manifestas ou tão somente sugeridas fazem prever a irrealização dos propósitos que teriam levado à luta.
C
Palco de situações expressivas da atmosfera predominante naquele momento histórico, a floresta labiríntica e traiçoeira funciona estrategicamente como uma alegoria do projeto de nação imaginado e perseguido pelos militantes.
D
A língua em estilhaços, o ritmo desgovernado da memória, o entrecruzamento de referências culturais, o aproveitamento possível de elementos identificados com a tradição integram a estratégia do autor na escolha da floresta como espaço privilegiado do romance.
E
Politizado, o Mayombe é lugar de conflito e contradição, podendo ser visto como uma representação de Luanda, a capital do país, onde a luta ia ganhando força e onde, em novembro de 1975, se proclama a independência do país.

Gabarito comentado

J
João Lima Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda a interpretação do romance Mayombe, de Pepetela, especialmente no que diz respeito à representação simbólica dos conflitos e contradições da luta de independência em Angola, o papel da floresta do Mayombe e sua relação com o contexto histórico e social angolano.

Justificativa da alternativa correta (E):

A alternativa E é correta ao apontar que o Mayombe é um lugar marcado por conflitos e contradições, funcionando como representação simbólica de Luanda, onde a independência foi oficialmente proclamada. A floresta serve, no romance, como microcosmo das tensões político-ideológicas, étnicas e sociais enfrentadas pelo MPLA durante a luta. Portanto, a estratégia de interpretação literária mais eficaz aqui é a identificação de espaço simbólico na obra, que reflete a própria nação (Luanda), responsável por sintetizar os desafios da unidade nacional em meio à diversidade.

No contexto do processo de independência angolana (1975), a narrativa conecta os movimentos micro (floresta/campanha guerrilheira) e macro (proclamação em Luanda), o que reforça a alternativa E.

Análise das alternativas incorretas:

A) Erra ao enfatizar uma “perpetuação dos fantasmas coloniais após a independência”. O foco da obra está nas experiências durante a luta, e não no período pós-independência.

B) Afirma que há inevitável “irrealização” dos propósitos revolucionários devido a intrigas internas, mas o romance equilibra conflitos e gestos de solidariedade. Não predomina somente a incomunicabilidade, havendo também coesão entre os militantes.

C) Apesar de a floresta possuir aspectos “labirínticos”, ela não funciona como “alegoria do projeto de nação” de maneira explícita — seu simbolismo é mais voltado para os desafios do coletivo guerrilheiro do que para a utopia nacional in abstrato.

D) Traz uma descrição estilística (“língua em estilhaços”, “ritmo desgovernado”) que não corresponde ao texto de Pepetela neste romance, cuja narrativa é linear, objetiva e centrada nas experiências dos personagens, sem experimentalismo de linguagem acentuado.

Estrategicamente, uma leitura atenta procura termos como “símbolo”, “espaço de conflito”, “representação da nação” e a relação com Luanda, elementos nucleares em provas e análises sobre Mayombe.

Dica de prova: Atenção às armadilhas semânticas em alternativas, cuidadosamente relacionadas à temporalidade (antes x depois da independência) e ao tom do narrador.

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