[Maquiavel] elogia a República romana como tendo sido a mais perfeita forma de governo e um verdadeiro Estado unido pelo espírito público de seus cidadãos; no entanto, numa época como a sua, seria necessário um líder que utilizasse a força como princípio, tese que desenvolve em O Príncipe.

(Teresa Aline Pereira de Queiroz. O Renascimento, 1995.)

A obra O Príncipe foi escrita por Maquiavel em 1513 e publicada em 1532. Nela, o pensador florentino

rejeita a noção de república, valorizando o princípio de participação política direta de todos os cidadãos.

defende a submissão do poder secular ao poder atemporal, reconhecendo a Igreja como o centro da vida política.

analisa experiências políticas do passado e do presente, propondo um modelo de atuação do governante.

celebra o princípio da experiência do indivíduo, identificando os conselhos dos anciãos como origem de todo poder.

questiona o militarismo da Roma Antiga, sugerindo aos governantes abandonar projetos imperiais e expansionistas.

Gabarito comentado

Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: compreensão do posicionamento de Maquiavel em O Príncipe sobre análise política e orientação ao governante. É preciso saber distinguir textos normativos (conselhos práticos) de discursos normativos morais ou religiosos.

Resumo teórico: Maquiavel (Niccolò Machiavelli, O Príncipe, 1513/1532) estuda experiências passadas e presentes — especialmente a República e o Império romano — para extrair lições práticas. Sua obra oferece um manual de atuação política voltado ao sucesso e à manutenção do poder, valorizando eficácia, análise de fortuna e virtù, e o uso legítimo da força quando necessário.

Justificativa da alternativa C: C afirma que Maquiavel "analisa experiências políticas do passado e do presente, propondo um modelo de atuação do governante". Isso corresponde ao caráter propositivo e empírico d'O Príncipe: ele compila exemplos históricos e recomenda comportamentos concretos ao príncipe (uso da força, alianças, imagem pública), portanto é a alternativa correta.

Por que as outras estão erradas:

A — incorreta: diz que rejeita a noção de república e valoriza participação direta. Maquiavel admira a República romana (ele a elogia), mas em O Príncipe foca no governo monárquico/princípedo; não promove participação direta universal.

B — incorreta: afirma submissão do poder secular à Igreja. Maquiavel separa política e teologia e critica a interferência clerical quando ela impede a eficácia política — não reconhece a Igreja como centro político atemporal.

D — incorreta: celebra a experiência individual e os conselhos dos anciãos como origem de todo poder. Maquiavel privilegia a ação do príncipe e instituições políticas, não uma origem do poder centrada apenas em conselhos de anciãos.

E — incorreta: sugere que Maquiavel questiona o militarismo romano e aconselha abandonar projetos expansionistas. Pelo contrário, ele valoriza virtudes militares e a capacidade expansionista quando útil ao Estado e à segurança.

Dica de prova: identifique termos-chave nas alternativas (p.ex. "propondo um modelo de atuação do governante" = pista forte para O Príncipe). Desconfie de alternativas que generalizam (ex.: "todo poder", "sempre") ou que colocam Maquiavel como defensor de ideias religiosas tradicionais.

Fonte primária: Maquiavel, Niccolò. O Príncipe (1513/1532). Para contextualizar: estudos introdutórios sobre Renascimento político (manuais de história das ideias) ajudam a diferenciar O Príncipe da obra republicana de Maquiavel.

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