O filósofo alemão Immanuel Kant formulou, na Crítica da Razão Pura, uma divisão do conhecimento e
acesso da razão aos fenômenos. Fenômenos não são coisas; eles nomeiam aquilo que podemos conhecer das
coisas, através das formas da sensibilidade (Espaço e Tempo) e das categorias do entendimento (tais como
Substância, Relação, Necessidade etc.). Assim, Kant afirma que o conhecimento humano é finito (limitado
por suas formas e categorias). Como poderia haver, então, algum conhecimento universalmente válido? Ele
afirma que tal conhecimento se formula num “juízo sintético a priori”. Juízos são afirmações; o adjetivo
“sintéticos” significa que essas afirmações reúnem conceitos diferentes; “a priori”, por sua vez, indica aquilo
que é obtido sem acesso à experiência dos fenômenos, antes deles e para que os fenômenos possam ser
reunidos em um conhecimento que tenha unidade e sentido.
Com base nisso, indique a alternativa CORRETA.
Gabarito comentado
Alternativa correta: E
Tema central: A questão trata da doutrina kantiana sobre como o conhecimento humano alcança validade universal apesar de ser finito — isto é, do papel dos juízos sintético‑a priori, das formas da sensibilidade (Espaço e Tempo) e das categorias do entendimento.
Resumo teórico progressivo (essencial):
A prioridade do a priori: para Kant (Crítica da Razão Pura, 1781/1787), existem elementos do conhecimento que precedem a experiência — as formas puras da sensibilidade (Espaço e Tempo) — e as categorias do entendimento (por exemplo, substância, causalidade). Esses elementos estruturam as impressões sensoriais e tornam possível conhecimento ordenado.
Juízos sintéticos a priori: são afirmações que ampliam o conhecimento (sintéticos) e, ao mesmo tempo, são necessários e universais sem depender da experiência (a priori). Exemplos clássicos em Kant: princípios da matemática e da física fundamental (p.ex., toda mudança tem uma causa).
Justificativa da alternativa E: A alternativa E afirma que os juízos sintéticos a priori organizam o conhecimento e conferem-lhe validade universal e unidade — exatamente a tese central de Kant: esses juízos não derivam da experiência, mas tornam possíveis a experiência como ciência ordenada. Logo, E está correta.
Análise das alternativas incorretas:
A — Incorreta. Kant não sustenta que o conhecimento é dado diretamente pela experiência pura: as sensações só se tornam conhecimento quando são organizadas pelas formas da sensibilidade e pelas categorias.
B — Incorreta. Juízos sintéticos a priori são necessariamente universais e necessários, não particulares ou variáveis “caso a caso”.
C — Incorreta. Kant critica a metafísica tradicional quando esta pretende conhecer a essência das coisas‑em‑si (noumena). Ele defende a finitude do conhecimento e limita a metafísica como conhecimento sobre coisas‑em‑si.
D — Incorreta. Espaço e Tempo, para Kant, são formas da sensibilidade, não categorias do entendimento; as categorias (substância, causalidade etc.) atuam no entendimento.
Dica de interpretação: Ao ler alternativas sobre Kant, identifique termos-chave: “a priori”, “sintético”, “formas da sensibilidade” vs. “categorias do entendimento” e “coisas em si”. Confusões entre essas noções costumam ser a pegadinha.
Fontes e leitura recomendada: Immanuel Kant, Crítica da Razão Pura (1781/1787); para comentário acessível, Stanford Encyclopedia of Philosophy — entrada “Kant”.
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