Em sua crítica a Tales de Mileto, o pensador alemão Hegel afirmou que a proposição pela qual o primeiro
filósofo ficou conhecido – cuja formulação seria aproximadamente ‘a água é o princípio essencial de todos
os seres’ – é filosófica porque enunciaria a concepção de que tudo é um. Assim, a infinda multiplicidade
dos seres remeteria a uma unidade essencial. Para Hegel, porém, esse princípio essencial deve ser
absolutamente diferente dos seres que ele gera, sustenta e comanda.
Com base no que foi dito, é CORRETO afirmar.
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: a questão trata da leitura hegeliana do primeiro filósofo grego (Tales) e da distinção entre princípio/essência e os seres particulares. É importante entender que, para Hegel, a filosofia busca a unidade por trás da multiplicidade, mas essa unidade não é um ente qualquer dentro do mundo sensível.
Resumo teórico (claro e progressivo): - Os pré-socráticos (como Tales) procuram um archê (princípio) que explique a variedade do real. Aristotle registra a tradição de Tales dizendo que o princípio seria a água (cf. Aristóteles, Metafísica/Fragmentos sobre os filósofos primeiros). - Hegel valoriza a pretensão filosófica de unir a diversidade num princípio, porém critica qualquer identificação literal do princípio com um dos seres particulares: o princípio, para ser princípio, deve ter uma natureza diferente e mais elevada do que as coisas que gera (cf. Hegel, Lectures on the History of Philosophy).
Por que a alternativa D é correta: ela afirma que Hegel supõe que a filosofia diz a unidade dos seres, mas que a essência não é um ser entre outros. Isso espelha fielmente a crítica hegeliana: o princípio deve ser entendido como a essência absoluta, não como mais um elemento do mundo sensível.
Análise das alternativas incorretas:
A: incorreta — Hegel não concorda simplesmente que “a água é o princípio” no sentido literal; ele reconhece a intenção filosófica, mas recusa que o princípio seja idêntico a um dos seres concretos.
B: incorreta — Hegel não nega que a multiplicidade possa ser submetida a um princípio; ao contrário, ele valoriza essa busca; ele critica apenas a forma como o princípio é formulado quando se torna um entre os entes.
C: incorreta — a afirmativa atribui a Tales (o primeiro filósofo) a tese de que o princípio é “universalmente diferente” dos seres gerados. Isso é mais próprio da leitura hegeliana; Tales identificou o princípio com água, não com uma essência transcendente.
E: incorreta — reduz a justificativa de Tales a uma observação biológica (necessidade da água para a vida). Essa é uma explicação anacrônica e empírica; a motivação pré‑socrática é cosmológica/metafísica, não uma simples biologia.
Dica de interpretação de enunciados em provas: procure termos-chave como “absolutamente diferente”, “entre outros”, “principio/essência”. Essas expressões sinalizam se o autor está falando de um princípio imanente ou transcendental — ponto decisivo aqui.
Fontes sugeridas: Aristóteles (textos sobre os primeiros filósofos) e Hegel, Lectures on the History of Philosophy.
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