Partido Comunista, 1848, elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels:

“[...] A necessidade de mercados sempre crescentes para seus produtos impele a burguesia a conquistar todo o globo terrestre. A burguesia precisa estabelecer-se, explorar e criar vínculos em todos os lugares.”;

“Pela exploração do mercado mundial, a burguesia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países. [...]. Ao invés das necessidades antigas, satisfeitas por produtos do próprio país, temos novas demandas supridas por produtos dos países mais distantes, de climas mais diversos. No lugar da tradicional autossuficiência e do isolamento das nações surge uma circulação universal, uma interdependência geral entre os países. E isso tanto na produção material quanto na intelectual.”;

“[...] Sob a ameaça da ruína, a burguesia obriga todas as nações a adotarem o modo capitalista de produção; força-os a introduzir a assim chamada civilização, quer dizer, a se tornar burgueses. Em suma, ela cria um mundo a sua imagem e semelhança”.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista, 1848.

Ao tratar da expansão da classe burguesa pelo mundo, Marx e Engels, em 1848, lançaram luz sobre um fenômeno que apenas iria ser bastante estudado e debatido pelo mundo a partir do fim do século XX – quase 150 anos depois. Partindo dos trechos acima, é correto afirmar que Marx e Engels já haviam analisado o recente debate teórico a respeito da(s)

Resposta: Alternativa A — globalização.

Tema central: o texto destaca a expansão da burguesia por mercados mundiais, a interdependência entre países e a homogenização de produção e consumo — elementos centrais do fenômeno conhecido como globalização.

Resumo teórico rápido: Globalização refere‑se ao aumento das interconexões econômicas, políticas, tecnológicas e culturais entre nações, com circulação ampliada de bens, capitais, ideias e pessoas. Marx e Engels, no Manifesto (1848), identificaram precocemente processos de internacionalização do capital: busca contínua por novos mercados, caráter “cosmopolita” da produção e formação de uma “interdependência geral”. Fontes clássicas para aprofundar: Marx & Engels (Manifesto), Giddens (The Consequences of Modernity) e Held et al. (Global Transformations).

Por que a alternativa A é correta: os trechos falam explicitamente de conquista global de mercados, circulação universal e interdependência entre países — descritores definidores da globalização. Marx/Engels analisaram como o capitalismo expande suas relações além das fronteiras, o que corresponde ao debate teórico sobre globalização.

Análise das alternativas incorretas:

B — pós‑modernidade: trata de mudanças culturais, fragmentação e ruptura com narrativas modernas; embora relacionada em debates sociológicos, o texto foca em expansão econômica e interdependência global, não nas características centrais da pós‑modernidade.

C — sociedade de risco: conceito de Ulrich Beck aborda riscos globais (ambientais, tecnológicos) gerados pela modernização; o excerto não trata desses riscos, mas sim da expansão de mercados e circulação de bens/ideias.

D — oferta e demanda: é um mecanismo microeconômico; embora mercados aumentem a oferta/demanda, o texto refere‑se a um fenômeno macroestrutural e histórico (globalização), não apenas à lei econômica básica.

Dica de interpretação para provas: identifique palavras‑chave (mercados, conquista do globo, circulação universal, interdependência) e relacione‑as a conceitos macros. Desconfie de alternativas muito estreitas (como oferta/demanda) ou que tratem de outros debates sociológicos próximos (pós‑modernidade, sociedade de risco) quando o enunciado enfatiza expansão global do capital.

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