Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS-CE) foram registrados 112 assassinatos de pessoas entre 0 a 18 anos de idade nos três primeiros meses de 2021. As mortes provocadas pela Covid-19 praticamente no mesmo período (de janeiro a abril de 2021) no Ceará, para a mesma faixa etária, foi de 42 pessoas. Este dado demonstra que a violência tem ceifado mais vidas de crianças e jovens no Ceará do que a pandemia com que ainda nos defrontamos. E conforme o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará (CEDECA-CE), a maior parte dessas pessoas eram moradoras de territórios de vulnerabilidade social.

Partindo de uma perspectiva sociológica geral, avalie as seguintes proposições que versam sobre as causas desse trágico fenômeno social, e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) A vida de crianças e adolescentes em contextos de confrontos de territórios deflagrados por coletivos criminosos como as facções explicam, em parte, esse elevado número de mortes.

( ) A violência sobre essa faixa etária pode ser verificada, principalmente, pelo avanço no desvio de caráter generalizado que atinge todos que vivem em áreas com maior falta de moralização.

( ) O acesso precário à rede de seguridade social e a falta de políticas específicas para o enfrentamento de homicídios de crianças e adolescentes periféricos são fatores que explicam essa estatística.

( ) O fator preponderante para combater tal questão social é o reforço em armamentos adequados para as forças de segurança pública, que devem ser melhor equipadas nas periferias.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

Resposta correta: D — V, F, V, F.

Tema central: trata-se de estratificação e desigualdade social aplicada à violência letal contra crianças e adolescentes em territórios periféricos. É preciso pensar em causas estruturais (pobreza, ausência do Estado, controle territorial) e evitar explicações moralizantes.

Resumo teórico: a sociologia contemporânea explica a violência sobretudo como efeito de condições sociais (desigualdade, exclusão, fragilidade das políticas públicas) e de disputas por territórios. Abordagens de determinantes sociais (OMS) e de direitos (ECA — Estatuto da Criança e do Adolescente) sustentam intervenções públicas integradas, não apenas repressivas.

Justificação das proposições:

1) Verdadeira. Confrontos territoriais entre grupos criminosos aumentam homicídios de jovens que vivem nesses locais — mecanismo reconhecido em estudos sobre violência urbana: disputa por controle do tráfico, repercussão em inocentes e uso infantil de territórios.

2) Falsa. A explicação por “desvio de caráter” é moralizante e individualiza o problema, ignorando fatores estruturais. A sociologia critica esse tipo de causalidade simplista por não explicar padrões espaciais e sociais da violência.

3) Verdadeira. A precariedade da seguridade social e a ausência de políticas específicas para crianças/adolescentes em periferias são fatores explicativos e instrumentos de prevenção; programas sociais e proteção reduzem vulnerabilidade.

4) Falsa. Reforçar armamento como solução preponderante é controverso: evidências mostram que militarização pode aumentar letalidade e não resolve as causas estruturais. Políticas combinadas (prevenção, educação, saúde, justiça) são mais eficazes.

Dica de prova: prefira alternativas que considerem causas estruturais e políticas públicas. Desconfie de explicações que personalizam o problema (moralização) ou que apresentam soluções únicas e contundentes sem base em evidências.

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