Para Durkheim (1989), partindo das religiões mais elementares, como o totemismo australiano, às mais complexas, como o cristianismo, em essência, todas possuem a função de reforçar os laços sociais e, assim, proporcionar coesão aos grupos ou às sociedades. E, para isto, todas religiões separam ou dividem o mundo entre o que é sagrado e o que é profano. Os rituais e as cerimônias de uma comunidade religiosa reafirmam, aos seus membros, o que é sagrado e, assim, tudo aquilo e todos aqueles que merecem reverência, devoção, fé e respeito incondicionais. O profano, diferentemente, é toda atividade da vida cotidiana e que não esteja relacionada com os rituais e símbolos que dão sentido para a comunidade de fé.

DURKHEIM, Émile. Formas elementares de vida religiosa: o sistema 

totêmico na Austrália. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989.

Considerando o pensamento de Durkheim sobre religião, assinale a proposição verdadeira. 

Gabarito: Alternativa C

Tema central: compreensão da teoria de Émile Durkheim sobre religião como fato social que reforça a coesão coletiva, por meio da distinção entre sagrado e profano, e da função social dos símbolos e rituais.

Resumo teórico claro e progressivo: Durkheim (em Formas elementares da vida religiosa, 1912/Paulinas 1989) vê a religião como um conjunto de representações coletivas. O que é chamado de sagrado não tem poder místico independente: é valorizado porque representa a força do grupo (a consciência coletiva). Rituais e símbolos produziriam a chamada "efervescência coletiva", reafirmando laços sociais e a autoridade do social sobre o indivíduo.

Justificativa da alternativa correta (C): A alternativa C afirma que símbolos, rituais e objetos religiosos demonstram a força do social sobre os indivíduos unidos pelo sagrado. Isso está em conformidade direta com Durkheim: para ele, esses elementos são expressões da sociedade sobre os indivíduos — servem para comunicar e reproduzir a consciência coletiva e manter a coesão social. Logo, C é correta.

Análise das alternativas incorretas: A — Incorreta. Durkheim estuda o totêmico por ser "elementar" metodologicamente, útil para observar funções gerais da religião; ele não afirma que todas as religiões historicamente se fundamentam no totemismo como origem única. B — Incorreta. Chamar religião de "enganação/ilusão" é posição típica de Marx (religião como ópio). Durkheim não reduz religião a ilusão: ele a trata como fato social real com efeitos objetivos. D — Incorreta. A divisão sagrado/profano não se explica por um "poder místico" inerente às ações; para Durkheim, a sacralização deriva da atribuição coletiva de valor — é social, não mágico por si só.

Dica de prova: fixe palavras-chave durkheimianas nas alternativas: consciência coletiva, fato social, sagrado vs. profano, e desconfie de termos externos a Durkheim como "ilusão" (Marx) ou "poder místico" (visão religiosa tradicional).

Referência breve: DURKHEIM, Émile. The Elementary Forms of Religious Life (1912). Edição em português: Paulinas, 1989.

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