Questão e1df66d9-30
Prova:PUC - PR 2015
Disciplina:Filosofia
Assunto:Filosofia e a Grécia Antiga, Sócrates e a Maiêutica

No início da primeira parte da “Apologia de Sócrates”, na qual este apresenta a sua defesa diante dos cidadãos atenienses acerca dos seus acusadores, podemos ler: “Contudo, não disseram nada de verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro”. Qual alternativa a seguir se refere a tal mentira\calúnia atribuída contra Sócrates? Assinale a alternativa CORRETA.

A
“Aquela pela qual o disseram que deveis ter cuidado, pois eu não sou mais que Zeus”.
B
“Aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado porque meus discursos são enfeitados de locução de palavras”.
C
“Aquela pela qual disseram que deves ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar”.
D
“Aquela pela qual tacharam-me de débil mental”.
E
“Aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado porque sereis atrapalhados pela minha inaptidão no falar”.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: Trata-se da “Apologia de Sócrates” (Platão), onde Sócrates distingue as antigas calúnias que o povo repetia (acusações difundidas ao longo do tempo) das acusações recentes. Para resolver a questão é preciso reconhecer qual das fórmulas corresponde à velha difamação de que Sócrates era hábil no discurso e persuadia os ouvintes por artifício verbal.

Resumo teórico: Na Apologia (cf. Platão, Apology, ≈17a–18a), Sócrates relata que muitos repetiam mentiras antigas: que ele investigava céus e inferos, que fazia o pior parecer o melhor e que era um sofista/retórico — ou seja, um homem “habilidoso no falar” capaz de enganar. Ele contrapõe isso à sua prática filosófica, que não busca ornamentos retóricos.

Justificativa da alternativa C: A alternativa C — “deves ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar” — corresponde diretamente à calúnia antiga que Sócrates aponta: a fama de sofista/retórico capaz de persuadir mediante artifício verbal. É a formulação que melhor capta a acusação que Sócrates “admira” entre as muitas.

Análise das alternativas incorretas: A — “não sou mais que Zeus”: inexistente no texto; sem relação com as calúnias referidas. B — “discursos enfeitados”: aproxima-se, mas induz à ideia de estilo ornamentado (mero floreio). O foco da calúnia é a habilidade persuasiva para enganar (sofística), não só a ornamentação verbal. D — “débil mental”: contrário à caracterização — não é a acusação discutida na passagem. E — “inaptidão no falar”: oposto da calúnia (diz que ele seria incapaz de falar bem), portanto errado.

Dica de interpretação: Procure palavras-chave (p.ex. “mentiras antigas”, “sócrates admirou uma”) e teste se a alternativa apresenta a mesma direção semântica do texto (qualidade: ornamento vs persuasão). Atenção a antônimos e a opções que soem plausíveis mas invertam o sentido.

Fonte recomendada: Platão — Apologia de Sócrates (Apology), passagem sobre as antigas calúnias, aproxim. 17a–18a.

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